COERÊNCIA | Crítica

Reflecte a consciência de uma geração.

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Em parceria com o Shortcutz Faro, o Cubo Geek faz críticas às curtas-metragens apresentadas a concurso. Esta é uma crítica à curta-metragem Coerência, com realização e argumento de Miguel De.

Coerência é uma viagem. Uma viagem pela vida. Uma vida que nós, por vezes, com tamanha ingenuidade, rebeldia ou entusiasmo, construímos, escrevemos, rasgamos, percorremos sem noção. Porque somos jovens, porque num minuto temos todas as certezas e no outro nos afundamos em dúvidas.

O filme de Miguel De fala sobre esse livro que é a vida. No filme navegamos por essas páginas já escritas e por essas páginas ainda em branco. Num tom constantemente narrativo, Coerência é uma viagem por essa história que anseia alcançar um rumo coerente. O próprio realizador assevera:

No final da minha vida, quero olhar para trás e ter uma história para contar. Uma história com princípio, meio e fim, com pontos de viragem, com um caminho sem desvios, certeiro, definido, que identifique um padrão. Uma história limpa para contar. Uma história coerente.

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O discurso abraça-se a uma experiência pessoal, onde as angústias e incertezas da transição para a idade adulta efervescem. Com frieza mas também doçura, com alegria mas também tristeza, na curta-metragem ecoam vozes de um passado no qual muitos de nós já se deitaram. Por esse motivo, e de um modo geral, Coerência reflecte a consciência de uma geração.

Através da junção da belíssima obra “Nocturno Em Mi Bemol Maior, Op. 9, Nº 2” de Chopin com as harmoniosas melodias do pianista Dénes Várjon e um conjunto de imagens em uníssono (ou não) com o fluxo narrativo, Miguel De oferece ao espectador uma atmosfera envolvente.

Coerência, premiada na categoria de melhor curta-metragem amadora no concurso Mirrors, no âmbito da Braga 2016 Capital Ibero-americana de Juventude, é um filme cativante. Quer a nível sonoro quer na sua dimensão imagética, a curta-metragem está bem construída e, de modo genuíno, edifica pontes de empatia com o espectador.

Qual foi a fase mais complicada da tua adolescência?