Partilha no Facebook
Partilha no Twitter

Woody Allen brinda todos os seus filmes com um toque pessoal narrativamente empolgante. Café Society, um romance absorvido pelo glamour de Hollywood da década de 1930, não só reitera a eficiência narrativa do realizador como a imerge num filme visualmente brilhante.

O esplendor fotográfico é da autoria de Vittorio Storaro, três vezes vencedor de um Oscar na categoria de Melhor Fotografia com os filmes Apocalypse Now (1979), Reds (1981) e O Último Imperador (1987). A atmosfera é pincelada de tons quentes e pastel, numa explosão de planos insignemente estudados. Uma belíssima experiência visual. A saborosa visão de Allen emoldurada na subtileza do olhar de Storaro.

A par da preciosa cinematografia, Café Society é o primeiro filme de Woody Allen a ser filmado com câmaras digitais, tendo o realizador priorizado o uso de película até à data. É curioso como o primeiro filme de Allen a dissociar-se da película é ambientado nos anos ’30. Uma relação paradoxalmente encantadora. O revisitar de uma época antiga através de uma interpretação contemporânea.

LER
Análise ao segundo trailer de Batman V Super-Homem: O Despertar da Justiça

Café Society é um (quase) melodrama combinando os excessos de Hollywood com a riqueza de Nova Iorque. Uma história aprimorada por figurinos estupendos e sustentada pelas melodias do jazz da década de 1930. É um romance vitimado por dilemas sentimentais. Uma teia amorosa injetada com as habituais hesitações cruzadas entre personagens a que o realizador não foge por saber dominar com tamanha destreza. É também uma visão dicotómica entre as inquietações do universo das estrelas e as preocupações da classe média/baixa. Assim como em A Rosa Púrpura do Cairo (1985), estes dois mundos aparentemente distantes fundem-se através do romance entre Vonnie e Booby, interpretados por Kristen Stewart Jesse Eisenberg, respectivamente.

Kristen Stewart ergue-se em esplendor numa interpretação ténue em emoção e dramatismo. Vonnie é uma jovem encurralada numa dualidade amorosa entre um produtor de HollywoodSteve Carell, e o seu sobrinho Booby. A visão de Woody Allen conseguiu abjugar qualquer associação ao papel juvenil ao qual Stewart permaneceu vinculada, o da saga CrepúsculoA atriz é o trunfo de Café Society.

Café Society é o primeiro filme de Woody Allen a ser filmado com câmaras digitais.

Woody Allen nem sempre consegue surpreender com Café Society, embora colmate essa carência com a elegância das típicas neuroses e dilemas existenciais identitários das suas personagens. Fá-lo, como lhe é habitual, num registo irónico mergulhado em crítica à superficialidade da dita sociedade de café, sustentada de aparências e alimentada a mexericos. Apesar de Café Society não ser um êxito, nem narrativamente tão requintado como o são Annie Hall (1977), Manhattan (1979), A Rosa Púrpura do Cairo (1985) ou até Meia Noite em Paris (2011), reconhece-se na sua essência a grandiosidade do realizador.

Já Booby asseverava: “A vida é uma comédia escrita por um humorista sádico”. Assim são os filmes de Woody Allen. Assim é Café Society.

Bem-Bom

Qual o teu filme favorito de Woody Allen?

  • LÊ MAIS SOBRE
  • Café Society
  • Jesse Eisenberg
  • Kristen Stewart
  • Steve Carell
  • Vittorio Storaro
  • Woody Allen
Partilha no Facebook
Partilha no Twitter
DIZ ALGO SOBRE ISTO!
Este espaço é disponibilizado para comentários sobre o tema apresentado nesta publicação. Respeita a opinião dos outros e mantém a discussão saudável.
Os comentários são moderados de acordo com os Termos de Uso.
É possível deixar um comentário em anónimo. Basta clicar no campo de texto "Nome" e seleccionar a opção "Publicar comentário sem iniciar sessão".