Crítica | 007 Spectre

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Chega ao fim o 007 de Daniel Craig, num filme que se assumiu claramente como o final de um ciclo. O que começou em 007: Casino Royale e continuou nos seguintes filmes culmina num embate contra o maior vilão que James Bond já teve que enfrentar, um membro da sua família. Spectre é grandioso mas não é profundo o suficiente, abordando temas de forma superficial. No fim temos um bom filme mas saímos da sala de cinema da mesma maneira que entrámos. O filme não marca.

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Seguindo instruções da falecida M, Bond investiga uma misteriosa organização chamada Spectre. O que ele não sabe é que a investigação irá desenterrar mistérios da sua própria família. Em Londres, o actual M luta para que o serviço de inteligência não seja encerrado.

Spectre é centrado em Bond e na sua investigação à morte da M. As ligações aos filmes anteriores aparecem de forma natural, principalmente o Mr. White. O filme liga muito ao Casino Royale, sendo os seguintes filmes mencionados de forma leve. Mas percebe-se que tudo estava ligado. Mas há certas decisões no argumento que minaram o que poderia ter sido um excelente filme. Bond já não confia em ninguém, não acredita no que faz, põe tudo em causa e sob perspectiva. O filme podia ter explorado esse desconstruir da personagem Bond mas não vai longe o suficiente. Todos os traumas que ele carrega não são explorados e no fim ficamos indiferentes à personagem. Percebe-se que houve uma mudança, percebe-se os seus motivos mas não nos importamos. O mesmo se pode dizer da personagem do Blofeld, interpretado de forma magistral pelo Christoph Waltz. O último e mais importante antagonista do Bond passa pelo filme, desfila os seus planos de dominação mundial mas, mais uma vez, não marca. É seguro dizer que nenhuma personagem tem profundidade, nem a própria história o tem. Estamos a falar de Spectre, a organização que esteve por detrás de tudo o que aconteceu nos quatro filmes do Bond de Daniel Craig, estamos a falar de Blofeld, um membro da família do James Bond. Todo esse cataclismo merecia ter sido contado de maneira diferente. Merecia ser verdadeiramente épico. E não foi. 

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Indo para uma panorama mais macro, o filme aborda bastantes questões que estão presentes na actualidade. O fim dos sistemas tradicionais de espionagem, a vigilância electrónica e uma nova ordem mundial fazem parte integrante do centro da história. Todos esses elementos foram bem usados e integrados na jornada do Bond. A história não é má, foi apelativa e empolgante mas faltava um bocadinho…

As interpretações estiveram perfeitas. Ao nível do que esta nova saga nos habituou. O mesmo se pode dizer da realização, que não era de esperar outra coisa, vinda do sempre competente Sam Mendes. O filme é lindo, com planos longos e momentos de silêncio. As cenas de acção foram muito bem filmadas, apesar de não terem carga dramática suficiente, que advém das personagens serem superficiais.

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007 Spectre é um bom filme. Com excelentes interpretações e realização. No entanto o argumento não acompanha a restante qualidade e ficamos com um filme que soa a pouco. Spectre tinha muito mais para dar e o melhor Bond até hoje, Daniel Craig, merecia uma despedida mais memorável. De melhor para pior ponho a saga da seguinte maneira: 007: Casino Royale007: Skyfall007 Spectre007: Quantum of Solace.

Qual é o melhor filme desta saga?