O filme nutre uma coerência com a época da história fantástica, não consigo negar-lhe isso. As cores escolhidas para os cenários refletem o espírito das personagens e a fotografia tem mão nas suas leituras. No entanto, os planos não são bem conseguidos, e não captam bem a dimensão da acção.
Não quero que fiquem com a ideia errada deste filme. O que senti foi que este não era um enredo de mais um típico grupo de raparigas com crises de adolescência que na procura de atenção acabam por se deixar levar por maus caminhos. Não o rotulem como mais um filme genérico de adolescentes, porque tudo o que vos virá à cabeça destes últimos anos, é em grande parte incomparável, inferior, relativamente ao poder e à qualidade que este filme consegue atingir apesar de todas as suas falhas no enredo.
Ora estamos nos Estados Unidos da América em 50’s quando se passa esta história. A sociedade que nos é dada a conhecer reflecte um tom machista que me levou a sentir-me perturbada com a atmosfera do filme.
De inicio, quando conhecemos Rita (Madeleine Bisson) percebemos logo do que é que este filme se trata: de passar a mensagem de como ganhar a voz e a coragem para lutar contra a opressão e a mentalidade de uma sociedade em que não nos sentimos seguros e respeitados. Assim, para fazerem frente a este clima, as raparigas da sua turma, que se sentem vítima das injustiças desta sociedade mas com vontade de a mudar, acabam por se juntar numa espécie de gangue -que para mim funciona mais como uma seita do que outra coisa- e tornam-se inquebráveis e irrepreensíveis. As Raposas de Fogo, tornam-se a voz que denuncia todos os homens que tentam tirar proveito de uma rapariga.
No entanto, as suas atitudes também não são as melhores, cheguei a irritar-me porque no inicio do filme ainda sentia as grandes cabeçada que as escolhas erradas delas provocavam em mim, mas depois apercebi-me que afinal, tudo o que havia para se reter deste filme já tinha sido assimilado na primeira meia hora e que não iria ver um desenvolvimento nem um fim para esta história. A mensagem de que falei, estava dada, e a partir daqui as Raposas de Fogo começaram a tentar viver como uma sisterhood e como são ainda adolescentes falham ao tentarem construir uma vida. O que é uma pena pois detendo as ideias, à partida ,certas, deixam-se iludir pelo mundo do crime para sobreviverem e tomam partido da sociedade que abominam. E assim se estabelece a premissa do filme. Posto isto, eu jogo as mãos à cabeça e encho-me de “porquês” durante as próximas 2h de filme.
Não quero desvalorizar a componente dramática e atmosférica que consegue agarrar o espectador apesar de este já não saber como é que quer que esta história acabe. Como disse antes, senti-me perturbada ao longo do filme. O enredo peca inicialmente ao transformar as raparigas em feminazis criminosas que se julgam uma espécie de Robin Hood das mulheres, e depois por não desenvolver claramente o conflito e não apresentar um fim com alguma solidez.
Por último, aponto ao enredo a sua melancolia e incoerência de seguimento de história, em que a cadeia de acontecimentos não era totalmente sólida para o espectador seguir com interesse. Senti-me perdida imensas vezes em cortes para situações random.
No campo da atuação, a minha pessoa sentiu-se a acarinhar a Maddy (Katy Coseni) devido a toda a sua fofura e todo o seu carisma, e a temer Legs (Raven Adamson) por toda a sua sede de justiça que a levou a conduzir o gangue para os piores caminhos, mas no entanto com uma racionalidade e convicção que mostram mais de uma personalidade do que as restantes personagens que foram horrivelmente superficiais.