Apesar de o Terror não ser o meu género preferido, gosto de um bom filme de terror de vez em quando.
Portanto, quando descobri que ia ver o Regressão do Alejandro Amenábar, realizador do excelente Os Outros (2001), fiquei entusiasmado!
A premissa do filme é interessante. A história é inspirada no pânico que se instalou na América no fim dos anos ’80 e início dos anos ’90 quando rumores começaram a circular acerca de cultos satânicos que raptavam e matavam pessoas. Foi um verdadeiro fenómeno cultura, transversal a quase toda a sociedade americana, e um dos melhores exemplos modernos de histeria de massas, tendo envolvido enormes investigações do FBI sem que nunca se descobrissem provas concretas de nada.
A história passa-se exactamente numa pequena cidade americana onde uma rapariga acusa a família de pertencer a um desses cultos satânicos.
A história progride de forma interessante à medida que o principal detective do caso vai investigando a situação, passando por várias fases de descrença, cepticismo, dúvida, medo, suspeita e até ao ponto de começar a duvidar da existência verdadeira do Diabo.
O ambiente de tensão e a atmosfera opressiva, conseguida à custa de uma boa fotografia e boa realização são o que mais contribui para o “terror” do filme. Por outro lado, os sustos propriamente ditos são poucos (o que não é mau) e o medo é escasso (isso já é pior).
Um dos aspectos mais positivos da história é o facto de manter ambíguo durante imenso tempo sobre se se trata apenas de pessoas que andam a cometer homicídios ou sobre se haverá de facto alguma coisa mais sobrenatural a acontecer.
Infelizmente, essa ambiguidade não é suficientemente explorada, a resolução do conflito não é particularmente inesperada, nem é bem executada. O filme acaba sem um clímax, com uma solução que, apesar de absolutamente lógica (previsível?), não tem nada de interessante.
As interpretações são sólidas mas nada de especial. Tanto Emma Watson como Ethan Hawke estão na sua zona de conforto e não fazem nada que não tenham já feito dúzias de vezes.
O cast de secundários acaba por ser quase mais interessante, com Dale Dickey, David Thewlis e Devon Bostick a serem subaproveitados.
Honestamente fiquei desiludido. Fico com a impressão que o Alejandro Amenábar estava a precisar de dinheiro, então escreveu uma historieta simples e filmou-a no género com que mais se sente confortável, só para poder pagar as contas.
Apesar de ter gostado da fotografia, o mais certo é que daqui a uns anos quando me perguntarem acerca do filme, nem vou ter a certeza de o ter visto ou não.