Arrebatador! A mais recente obra de Alejandro González Iñárritu (Birdman) confere uma experiência absolutamente incrível que leva o espectador a enterrar as unhas na cadeira de cinema e a não se largar até ao fim!
O filme prima em tudo, desde a fotografia excelente com tons quentes a corromper os planos maioritariamente gélidos quando, tanto nós como as personagens, ansiamos por um pouco de calor. Daqui provasse que conseguimos partilhar os nossos sentimentos com as personagens num filme com tão poucos diálogos! As descrições da acção estão muito bem construídas como Alejandro González Iñárritu já está habituado a nos provar da sua destreza. Tão bom que o long shot que abre o filme dá-nos tempo para respirarmos, recolhermos toda a informação, voltarmos a respirar, e passarmos à acção!
O filme é realmente muito violento, cheio dor, muito drama e imensamente atmosférico. Desenrola-se numa aventura muito pesada em que Leonardo DiCaprio desempenha com toda a sua mestria o papel que nos faz enterrarmo-nos nas cadeiras da sala de cinema a perguntar: o que raio é que o homem tem de fazer mais para ganhar o Oscar? –Breve, aparte, só tenho pena que este ano os Oscars estejam a ser tão controversos, DiCaprio merecia ganhar o seu Oscar numa cerimónia mais forte e sem controvérsias para finalmente poder desfrutar de todo esse momento que, todos esperamos, vai-se realizar nesta cerimónia. Release The Oscar!
O enredo alimenta-se da aventura de sobrevivência de e vingança de um pai que é Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) e emociona-nos até ás entranhas! Com o decorrer desta história principal apercebemos-nos que estamos também a seguir uma outra história, uma historia secundária que se desenvolve só aos poucos mas nas porções certas e em muito semelhante à principal. Trata-se da aventura de um líder da tribo Arikara (Chesley Wilson) que também se aventura para saber se a sua filha está viva e obter a sua vingança de quem quer que a tenha levado de si. Histórias que partem portanto dos mesmos princípios e valores e que por isso ao colidirem transmitem-nos mensagens valiosas que o espectador pode assimilar quer em Hugh, quer no chefe da tribo. Depois, adorei absolutamente o final pela sua profundidade de conteúdo dramático e artístico. Brilhante!
A nível de actuação, para além do merecido destaque de DiCaprio, não quero deixar passar a oportunidade de exprimir a admiração que sinto por Tom Hardy e a sua capacidade elástica com qual conseguiu recriar uma personagem tão consistente como John Fritzgerald. Uma personagem verdadeiramente dura de se roer com um background muito bem explorado e conciso.
A nível da banda sonora, embora maravilhosa, não achei que o trabalho de Ryuichi Sakamoto e Alva Noto reflectisse totalmente a ambiência e plasticidade do filme, mas o importante é que acaba por funcionar muito bem depois com a edição e montagem.
A reportar só tenho algumas falhas como o voice over que numa ocasião em particular, nem se via os lábios da personagem a expressar os fonemas da sua deixa num grande plano.