Logan quase me faz pensar que o estúdio andou a fazer pouco de nós durante vários anos, apenas para ter o gozo mórbido de nos fazer esperar pelo melhor filme de super-heróis que tenho visto. Este é o 7º filme em que Hugh Jackman tem um papel de peso enquanto mutante de garras de Adamantium (mais duas participações em outros filmes), porém, é a primeira vez que a critica se junta à sua volta para lhe dar os parabéns pelo fantástico resultado final.
O filme foi realizado por James Mangold, responsável também por Wolverine de 2013, mas desta vez com um cuidado extra em criar um ambiente intenso, digno de um herói em final de carreira/vida como aquele que Hugh Jackman nos apresenta em Logan. Ao contrário do Wolverine que estamos habituados, neste filme contamos com um ex X-Men vencido pelo tempo e a ter de lidar com o enfraquecimento da sua mutação de dia para dia.
Achas que não chega para garantir a intensidade necessária? O Professor Charles Xavier, detentor do cérebro mais poderoso do mundo, está a lidar com uma doença cerebral degenerativa que coloca em risco a sua sanidade mental; o Wolverine está a perder os seus poderes; o mundo praticamente deixou no esquecimento todos os mutantes, sendo estes vistos não como uma ameaça, mas sim, como falhas na evolução; bem, poderia ficar aqui a enumerar os detalhes deliciosos que os argumentistas colocaram lá para nós.
Não posso, claro, deixar de falar de Dafne Keen, a espanhola de 12 anos que no filme representa Laura/X-23. Laura é o factor de ignição de toda a aventura, sendo um suspiro profundo para uma franquia de X-Men que se via cansada e gasta nos últimos anos.
Michael Green (que trabalhou em projectos como Lanterna Verde (2011), Heroes (2006-2007) e Gotham) fez equipa na criação da história de Logan com Scott Frank (Relatório Minoritário (2002), Wolverine (2013)) e James Mangold para criar um a história original, baseada na BD Old Man Logan de Mark Millar, capaz de nos fazer esquecer todos os maus filmes de que o Wolverine foi alvo.
A forma como Wolverine nos é apresentado é um óptimo cartão de visita para o que é Logan. Visualmente, este Logan está velho e vencido pelo tempo. A forma como ele foi envelhecido merecia, já por si, destaque, mas ao lado da imagem “suja” de Sir Patrick Stewart, nada me impressiona. Xavier é um dos pilares da franquia X-Men, mas pela primeira vez o vemos num estado de saúde débil, levado à cena por um dos melhores actores que tivemos a sorte de ver a fazer crescer o universo de filmes da Marvel / 20th Century Fox.
VISUALMENTE, Logan É A MELHOR VIAGEM QUE PODÍAMOS FAZER.
A imagem de Logan parece toda ela saída directamente de uma banda desenhada clássica do super-herói, retratando a personagem com uma profundidade que nunca foi usada antes. O ambiente criado mostra-nos um Wolverine que não é apenas um dos mutantes mais carismáticos do maior grupo de mutantes do mundo, mas sim, um homem que vive uma vida “cinzenta” e que lida com todos os problemas que esperávamos que não atormentassem um herói de BD. Neste filme, Logan é um homem com falhas e isso é muito mais interessante do que qualquer vilão que ele corte com as suas 3 garras.
Mas que se acalme quem pensa que este filme é apenas sobre a caída de um herói, pois continua a haver espaço para lutas, tiros e acção. Muita acção! Jackman já nos habituou a um registo de agressividade simpático, mas neste filme o limite foi aumentado e está ainda mais “brutal” do que todos os anteriores. Cabeças pelo chão são uma óptima decoração para um filme como este.
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Toda a banda sonora é brilhante. A música do filme, “Hurt” de Johnny Cash, parece ter sido escrita para o protagonista deste 10º filme da franquia X-Men. A história desenrola-se sempre com uma banda sonora que apenas acelera em momentos de acção mais acesa, o que nos prende ainda mais a todo o ambiente ali retratado.
Em conclusão, Logan apresenta-nos o melhor pior Wolverine por tudo o que acima foi dito. Wolverine aqui não é badass, não é uma máquina de matar, não é o nosso Wolverine. É um outro. É um mais sério, mais negro e mil vezes melhor de tudo o que foi feito até agora. Sem sombra para dúvidas, um filme que deve ser visto por todos fãs da saga, por quem não gosta de filmes de super-heróis e para um espectador casual. Quando um filme é bom, um filme é bom, e este, é dos melhores filmes que tenho visto.