Crítica | Rogue One: Uma História de Star Wars

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Quem diria que teríamos um filme Star Wars todos os anos. Esse era um sonho impossível se recuássemos uns cinco anos atrás. E apesar da história principal estar a avançar de forma excelente com um filme bem sólido estreado o ano passado, temos agora o primeiro spinoff que chegou com tudo e veio firmar a sua posição na cronologia deste Universo de forma irrepreensível.

Rogue One: Uma História de Star Wars (que no filme tem apenas o título de Rogue One) conta a história de como os rebeldes conseguiram roubar os planos da Estrela da Morte momentos antes do inicio de Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança. Portanto, estamos perante um filme que é uma sequela da prequela e ao mesmo tempo é uma prequela da sequela da prequela. Confuso? É normal. Basicamente Rogue One encaixa-se entre o Episódio III e o Episódio IV. Mas o grande trunfo deste filme não é relatar o que aconteceu antes da Princesa Leia ficar refém de Darth Vader, mas sim criar uma história bastante empolgante há volta desse único momento, com personagens cativantes e uma realização muito boa.

Rogue One relata a jornada de Jyn Erso e como a história tinha um ponto de chegada fixo, o filme não vagueia por lugares desnecessários. Isso faz com a linha narrativa seja bem coesa e não haja momentos parados, e mesmo sendo uma história bem coesa viajamos por vários planetas da Galáxia, o que faz aumentar o escopo do filme. A partir do momento em que somos apresentados a Jyn Erso entramos numa montanha russa e nunca mais paramos, com a sua jornada a ser bem satisfatória, empolgante e dramática. Jyn entra numa grande aventura e nós acompanhamo-la a seu lado, à medida que colecciona companheiros de viagem e passa por lugares bem conhecidos dos fãs de Star Wars.

Todo o filme fala sobre esperança. E é sobre esperança que Jyn avança na sua história, à medida que influencia os que estão à sua volta. Nesse aspecto Rogue One é bastante leve e positivo, o que contrasta com o tom geral que é mais pesado, cru e realista. Não há espaço para lirismos, fantasias e coisas mais. Rogue One é um filme de guerra puro. E no meio da desgraça, da luta e da perda, Jyn entra como um símbolo de luz na Aliança Rebelde. Jyn traz a esperança consigo e é sobre isso que é construída a missão para roubar os planos da Estrela da Morte.

Rogue One marcou a sua posição como um dos melhores filmes de Star Wars alguma vez feitos.

O grupo principal de personagens é bastante diversificado, com destaque para o robô K-2SO, que rouba todas as cenas em que entra. As personagens não são muito exploradas, pois não é esse o objectivo do filme, mas as interpretações por parte dos actores piscam o olho ao passado, tornando-as ricas o suficiente para nos relacionarmos com elas e nos importarmos com a sua jornada.

O argumento é definitivamente o ponto forte de Rogue One. Consegue não deixar nenhuma ponta solta, consegue encaixar muito bem na restante mitologia, responde a perguntas deixadas por Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança, ao mesmo tempo que desenvolve uma história bem coesa, simples e empolgante. Apesar do filme não ter Jedi e sabres de luz (à excepção de Darth Vader), a Força é um elemento bastante presente no filme, manifestando-se de outras maneiras das quais ainda não tínhamos visto no cinema. Há também bastantes referências aos filmes principais e até participações bem inesperadas de personagens clássicas.

O argumento também consegue balancear perfeitamente o peso certo que cada personagem tem no filme. Nenhuma destas personagens é mencionada nos filmes principais e Rogue One lida com esse aspecto de forma irrepreensível. Todos eles se destacam e marcam a sua posição na Aliança Rebelde, mas de forma bem leve. Isso faz com que na gigante organização que é a Aliança Rebelde, estas personagens sejam insignificantes. É por isso que funcionam tão bem. As personagens são contidas ao seu grupo principal e apesar de interagirem com imensas outras personagens o argumento nunca se desvia do seu âmago, que é este grupo que se intitula de Rogue One.

A realização de Gareth Edwards é muito boa, como já nos habituou em outros filmes. Em Monsters – Zona Interdita e Godzilla, Gareth  fez um filme intimista no meio de um gigante acontecimento. Rogue One é muito isso. Gareth consegue destacar estas personagens que estão inseridas numa grande guerra. O foco nunca deixa de ser as personagens, ao mesmo tempo que entrega cenas de acção do melhor que já vimos em Star Wars. A batalha na praia é remanescente de filmes como O Resgate do Soldado Ryan, e ficará marcada como uma das melhores batalhas de Star Wars.

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Outro elemento que se destaca é a excelente banda sonora. Michael Giacchino pega nos temas clássicos e vira-os ao contrário de uma maneira que a principio soa estranha mas que depois entranha. A música está sempre presente em todo o filme e consegue fazer sobressair a essência das cenas e das personagens. Michael pega no que já foi feito, e é conhecido por milhões de pessoas, e cria algo próprio, que diz muito do que Rogue One quer ser. Algo que faz parte de um grande Universo mas que é contido em si mesmo. Algo singular, diferente e próprio.

Pessoalmente gostava que o filme fosse mais dramático em algumas cenas. Não que não o seja, mas penso que beneficiaria se o dramatismo fosse mais pesado. Rogue One mesmo assim é o filme mais pesado de Star Wars e definitivamente não é apropriado para crianças.

Rogue One marcou a sua posição como um dos melhores filmes de Star Wars alguma vez feitos. Se retirarmos toda a carga dramática que nós fãs tivemos ao ver Star Wars: O Despertar da Força, e analisarmos tecnicamente o Episódio VII como um filme isolado, então Rogue One é infinitamente melhor! E isso é dizer muito sobre este spinoff. É mesmo muito bom.

O que achaste de Rogue One?