Estávamos em 1958 quando um ilustrador belga chamado Pierre Culliford (Peyo) publicou pela primeira vez uma BD com os Estrumpfes. Estes bonecos azuis rapidamente se tornaram conhecidos mundialmente, e a globalização conduziu à sua denominação actual à la Hollywood: os Smurfs. Confesso que fiquei um pouco estrumpfado a primeira vez que ouvi tratarem os meus amigos azuis por smurfs. Mas o que fazer? A vida continua e não adianta estrumpfar sobre leite derramado.
Há smurfs para todos os gostos – brincalhões, preguiçosos, sabichões, valentões, trapalhões, etc.. E há uma espécie muito particular de smurf: a smurfina, uma personagem encantadora, inteligente, atraente e enigmática, mesmo para ela própria. Isto porque ao contrário de todos os seus amigos azuis, a smurfina não sabe exactamente o que define a sua personalidade. Isto aproxima-a de nós, seres humanos, e a procura pela sua identidade é o ponto de partida para o argumento de Smurfs: A Aldeia Perdida.
Acompanhada pelos amigos sabichão, trapalhão e valentão, smurfina viaja em procura de uma aldeia de smurfs, com a missão de os salvar de Gargamel, o feiticeiro vilão que procura aumentar os seus poderes utilizando o poder mágico dos smurfs. Dotada de uma consciência moral, a nossa amiga azul vai frustrar os planos malignos e lutar por um final feliz. E nós sabemos como uma animação vive de finais felizes…
O realizador Kelly Asbury tem vasta experiência em filmes de animação, tendo feito parte da equipa de títulos conhecidos, como A Bela e o Monstro ou Shrek 2. Alguns anos a esta parte tornou-se habitual ver estrelas do cinema emprestar as suas vozes para filmes de animação. Este filme não é excepção e o original em inglês conta com nomes como Julia Roberts, Demi Lovato ou Mandy Patinkin.
A versão portuguesa tem a participação de nomes da rádio como Nilton, Mariana Alvim, Pedro Fernandes e António Raminhos. Felizmente Portugal tem uma política de dobragens que inclui apenas filmes de animação e infantis. Não parece estranho ouvir os smurfs falar português. Seria difícil para uma criança que está a aprender a ler apreciar completamente a animação enquanto se tentava concentrar na leitura de legendas.
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Smurfs: A Aldeia Perdida é um filme cheio de #GirlPower e vai fazer o público feminino sair do cinema com um sorriso de satisfação. E se isso acontecer, não vejo razão para o público masculino não sorrir também. Todo o filme está cheio de evocações às qualidades femininas – intuição, inteligência, beleza, coragem – e a como o mundo precisa de um toque feminino para florescer.
Por falar em florescer, a imaginação dos argumentistas criou personagens tão maravilhosamente irreais como plantas pugilistas, libélulas cospedoras de fogo, centopeias massagistas e uma joaninha smartphone, utilizada para tirar selfies e para o smurf sabichão gravar reflexões sobre o mundo à sua volta. Há também coelhos que brilham no escuro e que podem ser montados como um cavalo. Este é um filme que vale a pena ver em 3D. Acredita que vai fazer a diferença ver os smurfs voar para fora do ecrã.