Partilha no Facebook
Partilha no Twitter

Acrobacias motorizadas, miúdas rijas e jeitosas em roupas justas a arranjarem veículos ao som de Beasties Boys, explosões e cenas de pancadaria com fartura. Podia estar-te a falar do novo Velocidade Furiosa, mas esta é uma crítica de Star Trek: Além do Universo.

Star Trek: Além do Universo marca o regresso de uma das sagas mais reconhecidas do mundo. É praticamente impossível não conhecer, pelo menos de nome, personagens como o Comandante Kirk, Spock e Sulu ou saber que existe uma língua chamada Klingon. Desta fez a realização não foi entregue a J.J. Abrams (vénias meus senhores!), responsável pela realização dos dois filmes anteriores (Star Trek Star Trek: Além da Escuridão) e que se quedou pelo lugar de produtor, sendo a cadeira de realizador entregue a Justin Lin (responsável, entre outros, pela realização de quatro filmes da infinita saga Velocidade Furiosa).

star-trek

Apesar da mudança de realizador, o elenco dos filmes anteriores manteve-se com Chris Pine como Kirk, Zachary Quinto como Spock, Zoe Saldaña como Tenente Uhura, Karl Urban como McCoy, Simon Pegg como Scotty (além de ser um dos argumentistas, conjuntamente com Doug Jung), John Cho como Sulu (personagem que se assume como homossexual) e Anton Yelchin como Chekov (actor falecido num acidente de viação este ano). A estas permanências juntam-se as novas aquisições de Idris Elba (que vem desempenhando o papel Heimdall no universo da Marvel e entrou em Prometheus) e Sofia Boutella (quem não se lembra das suas pernas cortantes e  as suas acrobacias em Kingsman: Serviços Secretos?).

A história segue os cânones conhecidos do universo Star Trek. Kirk está aborrecido com as missões de exploração de rotina e pensa abandonar a Enterprise, Spock também pensa em sair e ir fazer vulcanzinhos por esse universo fora para restabelecer a população da sua raça. Obviamente antes de anunciarem a sua saída, a contingência levam-nos a uma última missão, a qual se revelará um desafio imenso com o surgimento de um vilão capaz de absorver a vida das suas vítimas para perpetuar-se vivo e com um plano para matar milhões de pessoas, transformando-o numa personagem verdadeiramente vil.

star-trek-3

Claro que a ultrapassagem deste desafio volta a fortalecer os laços de amizade e companheirismo da tripulação (ou pelo menos do elenco principal) e restabelece o interesse das personagens principais pelas aventuras espaciais. Pelo meio temos os já costumeiros figurantes malvados, mas com a capacidade de fazer pontaria de um Stormtrooper míope, e os figurantes da tripulação da Enterprise para morrerem em quantidades industriais (mas quantas pessoas é capaz de levar nave?!), enquanto as personagens principais são capazes de sobreviver a tudo. Claramente a profissão mais perigosa na Federação é trabalhar como tripulação acessória da Enterprise. Pelo meio, no momento mais comovente do filme, ocorre uma homenagem ao Spock original, o nosso muito admirável e para sempre recordado Leonard Nimoy, falecido no ano passado.

EXPLOSÕES, ACROBACIAS E PANCADARIA COM FARTURA MARCAM PRESENÇA NO NOVO STAR TREK.

O ritmo do filme é absolutamente frenético (capaz de dar um nó nas orbes oculares se visto em IMAX) com as cenas de desenvolvimento narrativo a serem apressadas para se chegar ao sumo do filme, ou seja, as cenas de acção com pancadaria de criar bicho, explosões em barda e acrobacias motorizadas, não só em naves mas até numa mota clássica, capazes de desafiar as leis da física. O momento em que milhares de naves inimigas são destruídas pelo poder do som de “Sabotage” dos Beasties Boys (uma nova declaração de amor de J.J. Abrams pela banda americana, à semelhança do ocorrido nos dois filmes anteriores) parece saído directamente de uma cena de Marte Ataca. Apesar disto as cenas de acção são muito entretidas de serem vistas e os efeitos especiais são da melhor qualidade, como já seria de esperar. Mas nem só de pancadaria, explosões e tensão se faz o filme, o humor sempre presente ajuda a desanuviar, sobretudo as interacções entre McCoy e Spock numa relação de amor ódio bastante cómica (para quando um cruzamento com Spock, Sheldon Cooper e Sherlock fechados numa sala?).

star-trek-5

Tudo isso tornaria Star Trek: Além do Universo mais próximo de uma Velocidade Furiosa, afastando-a do universo Star Trek. No entanto, o espírito trekkie está presente no filme. Há explosões e guerra com abundância, mas há também um confronto de ideias. De um lado o desejo de paz, solidariedade e paz entre raças, representados sobretudo por Kirk, do outro lado, a guerra e a vingança, objectivos declarados do vilão Krall. A vitória de Kirk sobre Krall e o final feliz com a reconstrução da Enterprise (sim, é novamente destruída) é por si mesmo demonstrativo da permanência e supremacia dos princípios que desde a criação do universo Star Trek nortearam as missões da Enterprise. Afinal a sua missão primordial não é fazer a guerra, mas explorar, conhecer e contactar pacificamente novos mundos:

Space: the final frontier. These are the voyages of the starship Enterprise. Its five-year mission: to explore strange new worlds, to seek out new life and new civilizations, to boldly go where no man has gone before.

Sem dúvida Star Trek: Além do Universo merece ser visto, sobretudo no cinema, onde a espectacularidade é garantida. Alguns puristas mais pertinazes poderão ficar insatisfeitos com o excesso de acção, explosões e acrobacias, crítica compreensível. Todavia, estamos a falar de um filme comercial que procura agradar ao grande público. Por isso tenta apresentar, com algum sucesso, o entrelaçar entre o espírito trekkie tradicional e a realidade dos filmes de acção actuais.

Bem-Bom

És um verdadeiro trekkie?

  • LÊ MAIS SOBRE
  • Anton Yelchin
  • Chris Pine
  • Doug Jung
  • Idris Elba
  • John Cho
  • Justin Lin
  • Karl Urban
  • Simon Pegg
  • Sofia Boutella
  • Star Trek
  • Star Trek: Além do Universo
  • Zachary Quinto
  • Zoe Saldana
Partilha no Facebook
Partilha no Twitter
DIZ ALGO SOBRE ISTO!
Este espaço é disponibilizado para comentários sobre o tema apresentado nesta publicação. Respeita a opinião dos outros e mantém a discussão saudável.
Os comentários são moderados de acordo com os Termos de Uso.
É possível deixar um comentário em anónimo. Basta clicar no campo de texto "Nome" e seleccionar a opção "Publicar comentário sem iniciar sessão".