Mean Dreams: Sonhos Perdidos, mais um título para a lista de “títulos redundantes, com subtítulos que substituiriam o título principal”. Mais do que isto, o filme também é mais um sobre fuga, o que não é necessariamente mau, mas também não significa que é bom.
Casey Caraway é uma rapariga que vive com o pai, Wayne Caraway. Além de ser abusivo e agressivo, Wayne é um policia corrupto, que por alguma razão, não contada em filme,é transferido para outra cidade, onde recomeça a sua vida do zero com a filha. Nesta cidade, Casey conhece Jonas Ford, o seu vizinho, um rapaz que ajuda a família a manter a sua herdade. Jonas, com toda a sua coragem e ousadia, é quem ajuda Casey a livrar-se das agressões de Wayne.
Todo o filme é construído para dar foco à fuga de Casey e Jonas, que não fogem apenas porque vivem uma relação amorosa proibida, mas também porque Jonas preocupa-se demasiado com Casey para ser conivente com a situação agressiva em que a rapariga está, infelizmente, acostumada a viver.
O facto de ser um filme de fuga não é mau. Não é o tipo de filme que é convidativo, mas, se for bem realizado, não custa muito vê-lo. O problema é que custou-me um bocado. Ao início, demorou para que eu percebesse qual era o seu objectivo, pois a apresentação das personagens custou os primeiros trinta minutos de filme. Depois, o filme finalmente chega ao ponto pretendido, que é quando começa o seu problema. A sua realização faz com que ele pareça arrastar-se pelo ecrã, porque os seus desdobramentos simplesmente parecem surgir do nada.
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A grande questão dos filmes de fuga não é fazer com o que as personagens consigam livrar-se daquilo que temem ou que estão a fugir, mas sim manter o interesse do espectador no enredo. O que não aconteceu com Mean Dreams: Sonhos Perdidos. O filme todo é como uma eterna espera do clímax que nunca vem. É frustrante, porque é como se ele me preparasse para um grande acto inexistente.
Mas as suas qualidades não passam desapercebidas. A fotografia e a escolha de cores é perfeita não só para a estação em que a história se desenrola, mas também para o tom dela. A desesperança e a esterilidade do enredo manifesta-se, também, pelo cenário e as cores dos elementos que o compõem – principalmente no mis en scène, feito de forma fria e directa, dando ao espectador a oportunidade de concentrar-se no que se está a passar.
Ao menos, Mean Dreams: Sonhos Perdidos não foge da discussão do assunto, abusos em família, que sugere no argumento. Trata-o como deve ser, e propõe uma reflexão interessante nos relacionamentos familiares. Poderia ter se saído melhor, caso o argumento tivesse sido um pouco mais complexo, principalmente porque a actuação e cenários são mesmo bons.