Um carismático vigarista e ladrão chamado Danny Ocean acaba de sair da prisão e começa imediatamente a reunir um grupo de carismáticos vigaristas e ladrões, com o objectivo de roubar um casino. Conheces esta história? É o argumento do filme Ocean’s 11, rodado em 1960 e que contava com Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr. e Peter Lawford nos principais papéis. Quarenta e um anos depois Steven Soderbergh realizou um remake do original, com uma lista de estrelas de Hollywood. O filme foi um êxito. E como Hollywood gosta de €xitos, três anos depois chegou Ocean’s 12. E três anos depois Ocean’s 13. Amigos, não acham que já chega?
Pelos vistos, não. Hollywood decidiu oferecer-nos um Ocean’s 8 e desta vez o argumento é deveras original – Debbie Ocean, uma carismática vigarista e ladra acabada de sair da prisão, começa imediatamente a reunir um grupo de carismáticas vigaristas e ladras, com o objectivo de roubar a gala anual do Met, em Nova Iorque. A sério Hollywood?! Este é o vosso argumento original? O resultado é mais do mesmo…
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Todo o filme é demasiado previsível para ser verdade mas infelizmente é verdade. Quando não há argumento de qualidade temos de ir buscar distracções para manter os espectadores ocupados. Há o fantasma de Danny Ocean em certas cenas do filme, a influenciar a sua irmã a seguir o seu destino. Há também duas personagens secundárias que participaram nos Ocean’s masculinos e que aparecem aqui numa tentativa patética de tentar colar este filme ao sucesso dos anteriores. E depois há cameos de celebridades (que não me vou dar ao trabalho de enumerar) que vão à gala do Met porque é isso que elas fazem. Aquilo que têm de interessante para dizer é quem foi o estilista que desenhou o vestido que estão a vestir ou de que marca são as jóias que estão a usar.
Na minha opinião, Sandra Bullock, Cate Blanchett, e Anne Hathaway receberam convites para fazer este filme, viram o tamanho do cheque que iam receber, telefonaram umas às outras para saber se todas iam aceitar o convite e disseram: “Vamos lá meninas! Isto vai ser divertido, mesmo que tenhamos que suportar a presença da Rihanna…”. Este filme só não tem uma classificação mais baixa porque a produção é competente e a história é contada com um ritmo que torna difícil começares a bocejar.
Ocean’s 8 é um Ocean com actrizes em vez de actores. É um argumento não original, previsível, sem risos, sem lágrimas, sem substância. É uma fogueira das vaidades, em que todos os intervenientes se parecem sentir satisfeitos por fazer parte do projecto, como se fossem membros da corte do Rei Sol, inchados por estar em Versailles, perto de sua majestade. Mas há um cheiro a decadência por entre o brilho das jóias e o luxo do palácio. Espero sinceramente que não haja um Ocean’s 9.