PROUD MARY – A PROFISSIONAL | Crítica

Os filmes de acção não têm de ser desprovidos de inteligência.

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Os filmes de acção não têm de ser desprovidos de inteligência. Os amantes de filmes de acção têm na história cinematográfica inúmeros exemplos de filmes de acção de culto, com argumentos elaborados e personagens riquíssimas. Os Western Spaghetti dos anos 60 e 70 e os filmes de Quentin Tarantino são bons exemplos disso. Proud Mary – A Profissional não o é.

Mary faz parte de uma organização criminosa. É uma assassina profissional! Ela cresceu num bairro pobre, ficou orfã muito cedo e Benny, o patrão desta família de crime desorganizado de Boston, acolheu-a e ensinou-a a arte de matar profissionalmente. Agora uma mulher, Mary continua a fazê-lo e é bastante eficaz. Para começar, tal como todos os assassinos profissionais, para passar despercebida, ela conduz um Jaguar desportivo.

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A vida de Mary muda no dia em que é enviada para matar um apostador que deve umas centenas de milhares de dólares a Benny. Depois de lhe limpar o cebo, ouve barulho que vem de um quarto. Ela percorre o espaço devagar, pronta para eliminar tudo o que lhe aparecer pelo caminho, mas não está preparada para o que vai ver – no quarto está o filho do homem que acabou de matar, a jogar computador com auscultadores, sem se ter apercebido da tragédia que ocorreu. Agora é a altura em que tu pensas: “É claro que ela também matou o filho, para não deixar “pontas soltas”…”. Não, esta assassina treinada não só não matou o rapaz como nasceu naquele instante um instinto maternal adormecido, que a faz acompanhar o percurso do jovem de modo a protegê-lo dos perigos da vida.

Os filmes de acção não têm de ser desprovidos de inteligência.

Começa aqui uma sequência infindável de decisões estúpidas tomadas em sequência por todos os protagonistas. É como se os argumentistas tivessem enveredado por um caminho sem retorno e sem cruzamentos nem entroncamentos. Sempre para a frente a toda a velocidade! Quanto mais estúpido melhor! Não vou entrar em pormenores pois não quero deixar a crítica cheia de spoilers. Quero apenas dizer que existe neste filme uma cena onde o Jaguar de Mary é cravejado por centenas de balas, disparadas por armas automáticas a uma curta distância. O que é que ela faz para se salvar? Baixa-se debaixo do vidro do carro, pois é claro que aí as balas não a vão atingir.

Há formas mais subtis de atentar à inteligência dos espectadores mas claramente esta história tem tudo menos subtileza. Ah! E não esquecer a cena em que, antes de sair de casa, Mary diz a Danny (o rapaz que ela entretanto “adoptou”) que ele pode ficar à vontade enquanto ela vai sair… mas não pode entrar no quarto dela! A subtileza deste cena é “obrigar” o miúdo a descobrir o arsenal de armas que Mary guarda no quarto. É como uma mãe que antes de sair de casa diz ao filho: “podes brincar na casa toda mas não abras o frigorífico!”. É claro que sabemos o que acontece a seguir…

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A maior parte dos actores neste filme têm cenas em que parecem não acreditar que estão a fazer algo a que falta tanta credibilidade. Taraji P. Henson é sofrível no papel de Mary. O filme termina sem percebermos realmente a verdadeira personalidade da protagonista. Eu fiquei com dúvidas se ela não sofre de esquizofrenia, tal são as mudanças de temperamento e de forma de actuar que tem ao longo do filme. Danny Glover é o nome mais sonante entre os actores e faz o papel de Benny, o patrão do crime desorganizado. É sem dúvida o melhor actor do filme, mas parece um náufrago a tentar manter-se à tona de água enquanto todos à sua volta se afogam num argumento completamente disparatado.

Os filmes de acção não têm de ser desprovidos de inteligência. Proud Mary tem demasiada mediocridade no seu argumento para deixar qualquer actor sobreviver. Os personagens fazem escolhas estúpidas atrás de escolhas estúpidas. Está mau tempo para sair de casa e ver maus filmes. Fica no quentinho e vê Jackie Brown do Tarantino

Qual o pior filme que viste este ano?