Facebook
Twitter
ReddIt
Tumblr

Dead or alive, you’re coming with me!”. Foi a 23 de Outubro de 1987 que os portugueses tiveram a primeira oportunidade de ouvir uma das mais icónicas frases do cinema norte-americano. Robocop, realizado por Paul Verhoeven e protagonizado por Peter Weller, tornar-se-ia um marco do cinema de acção, adquirindo um estatuto de culto que deu origem a sequelas, merchandising, séries de TV, bandas desenhadas, um reboot, entre outros. Faz hoje 30 anos!

A sinopse é relativamente simples: Alex Murphy, policia recém-chegado à brigada de Detroit, é morto em combate. O que resta do seu corpo é transformado por cientistas de uma mega corporação electrónica num sofisticado ciborgue  de combate, para ser utilizado na luta contra o crime na cidade.

Abordando temas como a influência dos media, corrupção, autoritarismo, ganância e privatização empresarial, o argumento possui uma forte componente de sátira social, acompanhada de humor negro, elementos que se tornariam característicos do seu realizador. Na altura do seu lançamento foi-lhe atribuída classificação (para maiores de 18), graças aos níveis fortes de violência. Nem esta atribuição impediu o seu sucesso comercial que, com o modesto orçamento de 13 milhões de dólares, conseguiu quintuplicar esse valor na bilheteira aquando do lançamento, excluindo as vendas em VHS.

Em 1988 a produção venceu o Oscar para Melhores Efeitos Sonoros e foi indicado nas categorias de Melhor Som e Melhor Edição. Uma curiosidade interessante é que quando recebeu o argumento, Verhoeven recusou por o considerar tosco, muito a lembrar super-heróis. Apenas alterou a sua decisão graças à sua esposa, que praticamente o obrigou a aceitar, acentuando o teor irónico e de crítica social presente no guião.

Robocop Versus The Terminator

Como não poderia deixar de ser com os grandes sucessos de Hollywood, várias sequelas foram produzidas, ficando todas muito aquém do original. Graças a comparações frequentes entre o filme original e a banda desenhada O Regresso do Cavaleiro das Trevas, (o humor negro, a ultraviolência e a sociedade distópica, o modo de contar parte da história por meio dos ecrãs de TV) Frank Miller é chamado para escrever o argumento do segundo filme, que seria totalmente adulterado pelo estúdio. Quanto ao terceiro filme, quanto menos for dito, melhor.

A pouco conhecida relação entre Frank Miller e Robocop não estaria apenas limitada ao grande ecrã. Depois de uma adaptação à BD e de uma série de 23 números na Marvel Comics, os direitos da personagem são adquiridos pela Dark Horse que contrata Miller, juntamente com Walt Simonson para escrever a mini-série Robocop Versus The Terminator, onde o Polícia do Futuro enfrenta o Exterminador Implacável. O sucesso da BD é tal, que origina o videojogo homónimo para Mega Drive Super Nintendo. Rumores de uma adaptação a filme chegaram a existir, infelizmente nunca confirmados. Os argumentos do segundo e terceiro filme seriam fielmente adaptados à banda desenhada por Steve Grant, com ilustrações de Joan Jose Ryp, sob o carimbo da Avatar Press. Recentemente, a BOOM! adquiriu os direitos da personagem, publicando esta série na integra sob a forma de Omnibus.

Para além de duas séries de televisão canadianas, o alter-ego de Alex Murphy originou algo muito pouco usual para uma produção R-Rated: séries animadas e brinquedos. Em 1988 é criada Robocop: The Animated Series para levar o heróis junto dos mais novos, sem os níveis de violência do filme original. Esta série chegou a ser exibida em Portugal nos anos 90, na SIC. O sucesso é tal, que uma nova série de animação é desenvolvida em 1998, Robocop: Alpha Commandonunca tendo chegado às televisões nacionais. Por cá, a distribuição dos brinquedos ficou a cargo da Concentra. A figura de ação foi um sucesso para as crianças que cresceram nos anos 90. Recorda o anúncio:

[irp]

Em 2014 é realizado o reboot da franquia. Nomes como Darren Aronofsky e David Self chegaram a estar associados ao projecto, mas foi José Padilha, realizador brasileiro responsável pelos filmes Tropa de Elite quem acabou por se sentar na cadeira de realizador. O papel principal ficou a cargo de Joel Kinnaman. Com um visual distinto, o filme contou com um elenco de luxo, com nomes como Gary Oldman, Michael Keaton, Samuel L. Jackson, e  Jackie Earle Haley. Apesar do realizador de Tropa de Elite parecer a escolha correcta para ressuscitar a franquia, a verdade é que o estúdio conferiu muito pouca liberdade criativa ao cineasta, onde a classificação PG-13 também não ajudou. O resultado final foi um filme sólido, que respeita o filme original, mas que em termos de entretenimento e profundidade fica a milhas da produção de Paul Verhoeven.

O combatente do crime está prestes a receber uma homenagem na vida real. Em 2011, um habitante do Massachusetts sugeriu a construção de um monumento em tributo à personagem:

Filadélfia tem uma estátua do Rocky. O Robocop seria um excelente embaixador para a nossa cidade

Embora o projeto tenha sido recusado pelo presidente local, uma recolha de doações online (crowdfunding) foi criada para realizar a obra. 2700 participantes e 67.436 dólares depois, a estátua de mais de 3 metros foi construída, banhada em bronze, e está pronta para a inauguração, prevista para 2018.

Robocop foi uma das obras mais importantes dos finais da década de 80, combinando elementos satíricos e de sci-fi ao cinema de ação, abrindo caminho para filmes com atmosfera mais negra, realista e inspirando toda uma nova geração de cineastas de Hollywood e de entusiastas de cinema, ousando uma originalidade pouco vista nos dias que correm. Recorda o trailer original:

O que achas do filme original de Robocop?