Fazemos parte daquela geração que cresceu com Harry Potter, aquela geração de miúdos que esperava entusiasmada pela meia-noite do dia da publicação de um novo livro, que ia ficando maior e mais madura ao mesmo passo dos actores nos filmes. Harry Potter significa e sempre significou muito para nós, razão pela qual esta tour da Warner Bros. se tornou numa espécie de “meca”, um sítio ao qual todos queremos ir desde o momento em que ouvimos dizer que existia. Tivemos a oportunidade de concretizar este sonho, e queremos partilhar com todos os geeks os pormenores desta experiência. Visitámos The Making of Harry Potter três vezes, em Abril de 2015, em Dezembro de 2015 e em Maio de 2016.
O resumo – Todas as três visitas foram fantásticas, e valeram mesmo a pena. De salientar que tudo o que está em exposição na tour foi realmente usado nos filmes, todos os cenários são verdadeiros, nada é réplica.
A tour funciona com horários fixos de entrada, podemos no entanto demorar o tempo que quisermos a percorrer o estúdio. Para se apreciar bem tudo demora-se uma média de 3h30m. Os bilhetes de entrada custam £35 cada um (39€, no câmbio actual). Este bilhete não pode ser comprado mesmo no estúdio, tendo que ser adquirido antecipadamente – os horários podem esgotar-se, pelo que recomendamos fazer a compra assim que seja possível. Chegar ao estúdio é francamente complicado (mais trabalhoso do que complicado) – mesmo para quem tem carro. Para quem a única alternativa são os transportes públicos, tem-se que apanhar um metro até London Euston, um subsequente comboio com um custo aproximado de £10 até Watford Junction, que demora vinte minutos a chegar lá. Depois, um autocarro do estúdio (um lindo autocarro com cenas do filme estampadas) está à espera à saída da estação, no qual se paga um bilhete de £2,5, ida e volta. Ao todo, esta viagem demora mais de uma hora, dependendo de onde se parte, e tem que ser minimamente planeada. Se não quisermos complicar dá para comprar transferes em que um autocarro da Warner Bros. faz a ligação directa entre Londres e a tour. É uma viagem que demora cerca de 30 minutos e no autocarro é exibido o filme Harry Potter e a Pedra Filosofal.
Tendo em conta que a massiva loja de merchandise dos filmes fecha uma ou duas horas antes do final da última tour, pode ser conveniente àqueles que fizerem parte de uma das últimas tours chegar antes do horário de entrada do seu bilhete; uma hora mais cedo talvez não seja um exagero. A loja é enorme e está repleta de tudo aquilo que se pode imaginar: posters, roupas, livros, varinhas, estátuas, chocolates… Para além desta loja principal, também existe outra mais pequena dentro da exposição: a da Plataforma 9 e ¾.
Tendo fornecido alguma informação técnica, que nos parece ser importante, passemos à parte divertida! Os artigos e locais de interesse são constantes, e começam logo à entrada – enquanto estamos a fazer fila para ser admitidos no estúdio, temos ao nosso lado o “vão debaixo das escadas” onde Harry dormiu durante a maior parte da sua infância. A primeira paragem é num pequeno anfiteatro onde é exibido um curto filme introdutório, no qual os três actores principais dos filmes – Emma Watson, Daniel Radcliffe e Rupert Grint – falam um pouco sobre as relíquias do estúdio e sobre dar o mérito devido às equipas técnicas e artísticas detrás das câmaras. Ao mostrar imagens do crescimento dos actores ao longo da saga e das máscaras e outros artefactos dentro do estúdio, o filme é uma maneira brilhante de abrir a tour, fazendo-nos entrar no espírito mágico de Harry Potter.
No final do filme, a tela levanta-se e revela as enormes portas de carvalho do Grande Salão de Hogwarts. O Salão é, literalmente, o mesmo dos filmes, aquele que usaram em todas as icónicas cenas de banquetes e pequenos-almoços pontilhados de correio trazido por corujas. Estão lá em exibição vários fatos, incluindo as vestimentas dos professores e o uniforme de cada Casa. O Chapéu Seleccionador também está lá, pousado no seu banco de três pernas.
Esta exposição é absolutamente mágica.
A seguir ao Salão, entramos numa sala absolutamente gigantesca que contém vários cenários, fatos e objectos utilizados nos filmes. Vemos os vestidos de baile do Baile de Primavera, incluindo o horroroso fato do Ron, perucas usadas pelos actores, o retrato da Dama Gorda, o Espelho dos Invisíveis… É neste mesmo espaço que encontramos o cenário da Sala Comum dos Gryffindor, e, mais impressionante ainda, do escritório de Dumbledore, que é tão idêntico ao que vimos no filme que nos dá a sensação de estarmos prestes a receber um raspanete do director. Encontram-se lá também a cozinha da casa dos Weasley, partes do escritório de Dolores Umbridge e a grande mesa de reuniões dos Devoradores da Morte. Esta última tem à sua volta manequins vestidos como os Devoradores, e, pendurada sobre a mesa, a pobre Miss Charity Burbage, professora de Estudos Muggle em Hogwarts, que foi assassinada por Voldemort. Está também em demonstração a tapeçaria com a família dos Black que Sirius mostra a Harry, a sala de aula de Poções, e todos os Horcruxes em exposição numa vitrina.
No final deste grande espaço, temos uma área de Quidditch, onde podemos levar como lembrança um vídeo ou fotografia de nós mesmos a andar de vassoura por cenários diversos e a esquivar obstáculos (se não tivermos vergonha de fazer a mímica em frente a uma tela verde, claro). Ao lado, temos uma aula de Defesa Contra a Magia Negra: podemos aprender as poses usadas pelos actores para lançar feitiços com a ajuda de uma varinha mágica. A presença de tantos cenários e objectos de tão diversas origens é um pouco avassaladora, mas as surpresas não acabam por aí. Ao sair-se desta enorme divisão, emergimos na Plataforma 9 e ¾, completa com o Expresso de Hogwarts fumegante e tudo. Neste espaço, para além de fazer compras na loja que já mencionámos, podemos explorar o interior do comboio e tirar a famosa foto com o carrinho a abarrotar de malotes meio dentro da parede.
O espaço das refeições é muito agradável, com um barzinho onde se pode comprar sandes, cachorros-quentes, hambúrgueres, saladas… Não há opções vegetarianas ou veganas, mas come-se aceitavelmente bem. A maior atracção desta paragem, claro, é a famosa cerveja de manteiga, que é afinal de contas uma das coisas mais horríveis que já provámos. Como se o preço de £6,95 já não fosse assustador que chegue – podemos pagar mais e ter direito a um copo de lembrança -, o sabor foi um nojo absoluto; como beber 7Up amarela com natas por cima. Recomendamos que se prove só para podermos dizer que bebemos cerveja de manteiga, mas é mau. Ao lado do espaço de refeição, existe um pátio externo com algumas fachadas e cenários exteriores. Temos o fantástico Autocarro Cavaleiro, a fachada da casa dos Dursley (o número 4 de Privet Drive), a fachada destruída da casa dos Potter em Godric’s Hollow, e a grande ponte de madeira coberta que é uma das entradas de Hogwarts (sim, aquele em que o Neville é perseguido por um exército inteiro de Devoradores da Morte). Temos também a mota do Hagrid e o carro voador dos Weasley, aos quais se pode subir para tirar fotos.
Entramos de seguida numa área na qual estão em exibição várias maravilhas dos efeitos especiais. Temos modelos de corpo inteiro de vários bichos e monstros, e também de vários actores, que são tão realistas que chegam a ser assustadores. É como estar exactamente ao lado do Daniel Radcliffe ou do James Phelps, e do Dobby, claro! Alguns destes modelos mexem-se, parecendo ter vida própria: a cabeça do Basilisco e o hipogrifo Buckbeak são os exemplares mais impressionantes. A aranha Aragog, apesar de não se mexer, impressiona também imenso pelo seu tamanho, pendurada do tecto a um canto, como se estivesse preparada para saltar sobre os expectadores a qualquer momento. Numa vitrina, vemos a versão de Voldemort como um pequeno feto que Harry vê nas suas alucinações de “morte” no último filme, uma criaturinha nojenta que se retorce perante os nossos olhos.
Ficamos também a conhecer a verdade por trás da personagem de Hagrid, já que para conseguir que ele aparentasse o seu enorme tamanho, foi necessário construir uma máscara gigantesca com o rosto e cabelo de Robbie Coltrane que era usada por um actor maior e mais corpulento nas cenas em que era necessário evidenciar o seu tamanho comparativo em relação a outros actores. Vemos os goblins que trabalham em Gringotts bem de perto, bem como um Thestral. Todos estes adereços foram realmente usados nos filmes, o que é absolutamente maravilhoso para alguém para quem estes têm um significado tão profundo.
Apesar de não ter havido nenhum momento desta tour que não tenha sido espectacular, o mais marcante, é o momento em que avançamos para o espaço seguinte e nos apercebemos que é a rua Diagon Alley. É a rua verdadeira, toda ela, com as fachadas de todas as lojas – Flourish and Blotts com os seus grandes livros de capa dura, o banco Gringotts, a loja de robes da Madame Malkin… E, claro, a loja dos Weasley, a Weasleys’ Wizard Wheezes, completa com a cabeça mecânica por cima, e o seu braço extensível que tira e põe o chapéu. A extensão e o detalhe são tais que, se nos abstraíssemos do tecto e dos holofotes do estúdio e imaginássemos em vez dele um céu escuro, poderíamos pensar que estávamos de facto na Diagon Alley, de noite, e que todos os lojistas tinham ido descansar.
Já para o final, temos uma galeria de maquetas, cenários dos filmes a escalas impossíveis repletos de detalhes alucinantes. Adjacente está um pequeno gabinete de arquitectura onde podemos ver os cálculos e os esboços necessários para criar todos estes cenários em miniatura, imprescindíveis para a criação dos cenários em tamanho natural e das criações digitais. Fazem também parte desta galeria vários quadros, verdadeiras obras de arte que são estudos feitos por artistas para os filmes. Faz-nos apreciar muito mais o trabalho de todas aquelas pessoas por trás das câmaras que tornaram os nossos sonhos possíveis através do seu trabalho árduo e da sua experiência proveniente de anos de carreira.
A última divisão foi a segunda visão mais encantadora da tour. Trata-se de uma maqueta, muito maior do que as anteriores, do castelo de Hogwarts – todo o castelo, com todos os detalhes (árvores, janelas, pessoas do tamanho da ponta de um dedo mindinho a passearem-se pelos jardins). Está no centro de uma sala com luzes suaves, quase às escuras, e um foco de luz sobre o castelo no centro. O traçado da sala leva-nos a caminharmos à sua volta, apreciando-o de todos os ângulos, e é fácil perdermo-nos nesta visão estonteante, imaginando as pequenas personagens a entrar e sair do castelo, a passear pelos jardins e pelo campo de Quidditch, a esgueirar-se pelos topos das torres. Saímos deste espaço para um outro a imitar a Ollivander’s, a loja de varinhas, com milhares de caixas de varinhas a ladear as paredes, cada uma delas adornada com o nome de um membro da equipa técnica cuja ajuda foi fulcral ao desenvolvimento de todos estes prodígios. Ao emergir destes ambientes escurecidos para a luz e o movimento da loja, é difícil não nos sentirmos desnorteados, como se tivéssemos acabado de despertar de um sonho.
The Making of Harry Potter é uma exposição permanente mas existem eventos especiais. De 22 de Julho a 5 de Setembro tem lugar o Finding the Philosopher’s Stone. Este evento serve para celebrar o primeiro filme da saga e tudo o que está em exposição remete ao respectivo filme. O destaque é podermos entrar dentro da casa do número 4 de Privet Drive. Na exposição permanente só temos acesso à fachada da casa dos Dursley.
De 15 de Outubro a 4 de Novembro tem lugar o aniversário da estreia do primeiro filme, tendo este ano o nome de Fifteenth Anniversary Film Celebrations. Apesar do nome o principal destaque deste evento é uma exposição dedicada ao Halloween. Temos também acesso mais detalhado à Sala Comum dos Gryffindor e à casa do Hagrid.
De 19 de Novembro a 29 de Janeiro tem lugar o Hogwarts in the Snow. Durante esta época, a visita torna-se particularmente mágica e especial, porque toda a área de exposição está decorada com o tema do Natal, começando logo no Grande Salão, onde além de toda a decoração, até os pratos servidos à mesa são diferentes! Para não estragarmos as surpresas não daremos muitos pormenores, mas podemos adiantar que durante a exposição neva, e estão em demonstração tipos de props diferentes dos que habitualmente já estão em exposição, como por exemplo, como se fazem os vários tipos de neve utilizados nas filmagens! A maqueta do castelo de Hogwarts também vai aparecer com um look diferente! Para quem está a planear as férias do Natal em Londres é de aproveitar!
No Natal, para alem do Hogwarts in the Snow, há um banquete no Grande Salão. O banquete tem lugar apenas um dia por ano – em Dezembro – e esgota rapidamente. É interdito a menores de 18 anos.
Foram visitas maravilhosas, que recomendamos fortemente a quem quer que tenha a possibilidade de poder fazê-las. O percurso foi elaborado com tanto carinho e cuidado como os filmes de Harry Potter em si foram. Ficam apenas dois avisos: absolutamente tudo é caríssimo, e o passeio é tão longo que pode deixar até os mais atléticos com cãibras nas pernas!