Tem uma certa piada que, às vezes quando mais se anda para a frente, mais para trás se vai. Dos jogos aos videojogos, foi se tirando o elemento real e humano em prol da fantasia e da imersão, o que faz sentido sendo que há sempre a procura por algo mais fácil de acreditar. Mas no entanto acho que é claro que existe um mercado dentro dos videojogos para quem gosta desse elemento que tem os pés mais assentes na terra.
Vem-me à cabeça a aquele videojogo indie brasileiro, Knights of Paper & Pen dos Behold Studios. Um RPG à volta de um jogo de Dungeons & Dragons. Hand of Fate 2, tal como o seu predecessor, segue este molde, mas não deixa de perder o seu misticismo.
Ambos os videojogos têm um foco num RPG cujo eventos, equipamentos e afins, são decididos por cartas distribuídas por uma personagem encapuçada e misteriosa denominada apenas de Dealer.
No início de cada nível o teu baralho de cartas, que contêm os possíveis eventos que podem ocorrer e o equipamento que poderás encontrar e equipar, é baralhado juntamente com as cartas do Dealer. Estas mesmas cartas são colocadas com a face para baixo como se fossem as casas de um tabuleiro que o jogador tem de percorrer uma a uma.
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Essas mesmas, accionam vários eventos, onde às vezes o jogador tem de escolher que opção tomar, e por vezes testar a sua sorte num pequeno jogo de azar. Se o jogador tiver uma boa prestação, ele desbloqueia novas cartas para usar em partidas seguintes, muitas destas servido de continuação do evento em questão. Outras vezes accionam batalhas contra inimigos, estas feitas estilo Action RPG, onde o jogador tem de atacar, defender e esquivar dos ataques dos adversários.
A sequela trás novas melhorias que reconstroem de forma competente uma fórmula já existente. Agora dá para customizar o nosso avatar como nós queremos, as opções de escolha não são muito extensivas, mas fazem o seu trabalho. Nas batalhas podemos levar um companheiro para nos ajudar a lutar ou nos dar apoio noutras situações.
Os vários níveis, que desta vez são baseados nas cartas de Tarot, tem agora as suas próprias histórias. Estas são muito mais interessantes do que as diferenças mínimas que os níveis de naipes de cartas do primeiro Hand of Fate tinham. Os níveis apresentam-se agora cheios de variedade, onde podes tentar recuperar artefactos a desvendar a verdade sobre uma conspiração.
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Um dos problemas principais que o videojogo anterior tinha, era a influência enorme que a sorte tinha no nosso progresso. Sem comida, com carradas de ouro, e sem nenhuma loja à vista? Temos pena, mas morrias à fome. No entanto agora, podemos acampar e recuperar as forças sempre que quisermos… Se tiveres os recursos necessários, claro.
Mas a sorte não deixa de ser um factor importante neste videojogo. Aliás, desta vez esta é testada de várias formas diferentes além das cartas. Temos agora coisas como uma roleta e dados para jogar. Os dados devem dizer mais à aqueles que gostam deste tipo de experiência. Se conseguires atingir o valor de pontos suficiente, a coisa corre bem, caso contrário a coisa fica feia. Mas felizmente o jogador consegue ter influência, pelo que em circunstâncias normais, podes jogar os dados uma segunda vez e até podes escolher aqueles que queres atirar ou manter. No entanto, podes crer que a coisa vai sempre correr mais mal do que bem, e vais te encontrar a repetir os mesmos níveis vezes sem conta.
O grafismo e som em termos técnicos não vai por aí alem do que já tínhamos visto. O mundo de videojogo está muito mais variado no entanto, com batalhas a passarem-se em locais bem diferentes uns dos outros, como cidades e afins. E claro, o ponto alto continua a ser a narração do Dealer, com mais linhas fantásticas para ouvir e reflectir!
Hand of Fate 2 é a continuação de uma ideia genial que deves espreitar se um bocadinho de frustração e paciência não te incomoda. Mas é sem duvida um videojogo completamente essencial para o fã mais ferrenho de roleplay.
Hand of Fate 2 já está disponível para Playstation 4, Xbox One, Switch ,e na Steam para PC, Mac e Linux.