Já saiu o segundo videojogo de Inspector Zé e o Robot Palhaço, a série de point & click do estúdio português Nerd Monkeys. Ao contrário das histórias “interactivas” mais recentes popularizadas pelo Walking Dead da Telltale, esta é realmente uma aventura com os moldes mais tradicionais. Há aquela mania de fazermos comparações quando a malta portuguesa faz alguma coisa que já tinha sido feita lá fora. É o “não sei quantos” português! Então, no fundo este é o Sam & Max português!
Esta nova entrada é denominada de Assasino do Intercidaes. Originalmente era para ter sido lançada como DLC do Crime no Hotel Lisboa mas acabou por ser lançada como uma sequela independente.
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Tal como o seu percussor, Assasino do Intercidades foca nas peripécias de um detective privado chamado Zé e o seu assistente robótico, numa caricatura bidimensional portuguesa com humor bem nacional. Desta vez, o nosso mistério não é se passa na nossa amada capital alfacinha, mas sim num comboio intercidades que viaja entre Lisboa e Porto.
Ambos os videojogos focam-se em procurar provas e outros objectos auxiliares nas várias localizações, com a intenção de interrogar as personagens envolvidas no crime em investigação. No interrogatório em si, o jogador deve escolher qual dos protagonistas é o mais indicado, escolher as perguntas correctas, e a provas correspondentes para avançar na história.
Além das linhas de história alternativas, apresentadas como side-quests, o novo videojogo traz consigo mini-jogos! Estes são coisas como o Genius/Simon só que com bongos. Mecânicas introduzidas para levar o videojogo mais além do que existia na primeira entrada. Mas terá sido com sucesso?
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O videojogo de facto tem um início forte. Com muitas piadas engraçadas, algo que pessoalmente não pode faltar ao género. Como o Zé a tentar aldrabar o revisor em várias ocasiões, ou a tarefa impossível de encontrar uma casa de banho livre nas carruagens do comboio. Mas andar às voltas nas mesmas quatro carruagens e entrevistar os suspeitos sempre nas mesmas circunstâncias e no mesmo local 8 vezes, cansa imenso a partir da 4ª ou 5ª volta a fazer o sempre o mesmo.
Os mini-jogos no seu todo não são nada por aí além… Um deles foi muito mal explicado como funciona. Dá para perceber com tentativa e erro, eu até prefiro que as mecânicas sejam apresentadas assim, mas de todos os minijogos este é o único que que tem um achievement que incentiva ao jogador ser perfecionista e nunca falhar. A sério?!
Mas o verdadeiro crime aqui é a caça ao pixel de 29 dentes de uma dentadura por todo o comboio que (possivelmente não seja essa a intenção original mas… ) cheira a tentativa desesperada para o videojogo parecer mais longo do que realmente é. Isto culmina novamente noutro mini-jogo que não apresenta nenhum desafio interessante. É só chato, com um botão de saída pouco explicito, mesmo bom para obrigar a um jogador mais curioso a sair frustrado deste descascar de batatas.
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O capítulo final tem um início que adorei e que sem duvida vai fazer as delícias aos jogadores retro. Não estou a falar dos jogadores retro de meia-leca que andam à volta dessas consolas de 8-bit japonesas (cof… tipo eu, cof) mas a um verdadeiro jogador retro bem nacional. Mas a revelação final mandou tudo pela pia abaixo a meu ver. Inesperada? Foi de facto, e estava sempre por baixo dos nossos narizes! Não é algo daquele tipo que dá um desfecho competente à história, mas daquele que faz-te levantar do assento a achar que no fim foi tudo uma perda de tempo… Algo que não senti a jogar Crime no Hotel Lisboa.
Como um velhinho jogador das aventuras da Lucas Arts e afins, seria mentira dizer que não passei algumas horinhas bem animadas com o Inspector Zé, mas as suas falhas crassas fazem com que seja mesmo muito difícil de aconselhar o videojogo a qualquer um que não se encontra neste grupo de pessoas, principalmente ao triplo do custo do que anterior se encontra de momento.
Inspector Zé e o Robot Palhaço em: O Assassino do Intercidades já está disponível na Steam para Windows PC, Mac e Linux.