PODE | Crítica

Star. Phone. Home.

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Pode é a obra mais recente da Henchman & Goon que chegou até nós. Um indie que me atraiu muito pela sua promessa de uma aventura emocionante em co-op, onde os jogadores exploram e desvendam um mundo mágico e misterioso. Juntos os jogadores resolvem uns bons quebra-cabeças, mas caso prefiras jogar sozinho também é possível desfrutares desta viagem em single-player.

A história deste videojogo começa quando uma estrela se despenha no nosso planeta. Perante isto, uma rocha que se encontrava nas redondezas a vaguear, testemunha tal incidente e logo mostra-se prestável a ajudar a estrela a voltar para sua casa. Assim tão abruptamente, estes seres se encontram e partem juntos numa aventura onde pretendem chegar ao topo da montanha Mount Fjellheim. Esta não só esconde muitos segredos e puzzles deixados por uma cultura antiga, como é a única esperança que a nossa estrelinha tem de conseguir voltar a subir ao céu.

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Logo de início, descobrimos que as nossas personagens são detentoras de poderes que podem ser usados em conjunto para restituir a vida a todo um ecossistema adormecido dentro da montanha. Este muito inspirado na natureza norueguesa. Bulder, a rocha, tem o poder de magnetizar, o que traz ao de cima todo um ambiente cristalino e rochoso. Já Glo, a estrelinha, revitaliza o cenário com toda uma flora muito diversificada. Ambas as personagens, tem outras habilidades que vão desbloqueando conforme estreitam os seus laços de amizade e conforme a progressão do videojogo, ao longo dos seus 8 níveis.

Pode não é um videojogo de grandes diálogos ou de grandes “cenas”, limitando-se a passar-nos as ideias principais do que está a acontecer nesta aventura. Isto é possível através de animações muito exageradas, e de sons que conseguimos associar a certas emoções. No entanto o storytelling é minimalista. Tanto que quando acabas um nível só vês uma imagem feita em pintura digital, que descreve o desfecho desse nível. Deixando o jogador ficar com uma ideia de como é que os nossos personagens chegaram à nova zona que foi desbloqueada. Em certa parte, sinto pena de não terem investido mais tempo neste projecto para termos uma visão mais animada das cenas de desfecho de cada nível, mas também uma forte característica deste videojogo é a sua simplicidade. Contudo o final já teve direito a uma cena animada em 3D decentemente.

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Em termos de dificuldade, devo dizer que Pode tem mesmo picuinhices de se perder a cabeça, e soluções que não lembram ao menino Jesus. Simplesmente há um caso de que não me consigo esquecer em que atiram-te para um sitio e esperam que consigas descobrir o raciocínio para resolver o puzzle sem nunca teres sido introduzido ao tipo de mecânica necessária para lá chegares. A par disto também fiquei presa, jurando ter experimentado de tudo, numa secção em que simplesmente descobri que não tinha experimentado fazer algo durante o tempo necessário para a animação começar a desenrolar… Picuinhices que me fizeram perder imensas horas por não estar a conseguir ver nada resultar. Contudo, à parte destes raros casos, grande parte dos puzzles são mesmo de caras.

Em termos de arte, os cenários apresentam-se inicialmente vazios e com texturas sem muitos detalhes, com cores sólidas e meio monocromáticas. No entanto, ao longo de cada nível, esses florescem magicamente através dos dons das nossas personagens fofinhas. Acabando por conjugarem-se muito bem com toda uma flora emergente mais detalhada e com cores planas mas algo agradáveis, caracterizantes de uma floresta fantástica e de ambientes subaquáticos. A iluminação é também um jogo muito explorado aqui em termos visuais, como não poderia deixar de ser por uma das nossas personagens ter por elemento base uma fonte de luz. Os elementos culturais que vislumbramos ao longo desta aventura têm ainda uma forte inspiração Norueguesa, assim como a própria banda sonora que ambientaliza esta viagem tem toda uma expressão muito nórdica.

Sendo sincera, Pode, não me garantiu uma experiência muito satisfatória, mas deixou-me uma pequena marca de nostalgia. Apesar daquelas artimanhas pensadas para nos fazerem trepar paredes durante horas, e de em grande parte ter uma fraca representação da sua história, sinto que o videojogo passa-nos a sua mensagem. Também é de dar mérito à equipa por todo o trabalho artístico que é de facto vivamente deslumbrante. 

Pode já está disponível em exclusivo para Nintendo Switch.

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