WOLFENSTEIN II: THE NEW COLOSSUS | Crítica

Nunca foi tão divertido arrebentar com os malditos nazis!

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O sucessor de Wolfenstein: The New Order já chegou à Nintendo Switch, através da Panic Button. O estúdio que nos trouxe um milagre de port, o DOOM para a consola híbrida, conseguiu mais uma vez surpreender-nos ao apresentar-nos a mais recente obra desta muito célebre franquia de shooters. Wolfenstein II: The New Colossus é o mais recente first person shooter com gráficos da última geração, desenvolvido pela Machine Games e publicado pela Bethesda. Este promete uma experiência cheia de adrenalina e emoções, sendo uma directa continuação histórica do seu antecessor.

Como deves saber, Wolfenstein: The New Order parte da premissa de que os Nazis ganharam a Segunda Guerra Mundial, e o jogador vestindo a pele de Capitão Blazkowicz, tem o objectivo de despontar uma chama que leve o mundo à revolução contra esta nova ordem mundial. Assim, Wolfenstein II: The New Colossus, na sua imediata continuação do seu antecessor, abre com um recap de toda a história que se passou no primeiro videojogo a flashar à frente dos teus olhos. Claro que nos primeiros momentos desta sequela és obrigado a escolher uma das timelines jogáveis no The New Order. Decidindo entre salvar Fergus ou Wyatt, começas esta nova aventura poucos momentos depois da morte de Deathshead.

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O nosso capitão é salvo pela sua equipa que volta para resgatá-lo, tentando a todo o custo tratá-lo enquanto ele se esvai em sangue e tripas por todo o lado. Apesar dos seus ferimentos profundos, Blazkowicz desperta de um coma de 5 meses para descobrir-se preso a uma cadeira de rodas (novamente!). É sabido então que Engel, a comandante que graciosamente desfigurámos no primeiro videojogo, tornou-se numa das personagens mais influentes do império nazi, e que persegue-nos sedenta por vingança. O futuro não parece sorrir ao nosso capitão, até Anya assumir-se grávida, o que é uma grande motivação para o nosso herói não baixar os braços a esta luta pela liberdade e justiça.  Enquanto isto, travam-se contactos pelo mundo fora e descobrem-se núcleos solidários com a nossa causa. A humanidade parece reerguer-se e preparar-se para ripostar os nazis…

Ao contrário do primeiro videojogo, que era totalmente focado na guerra contra os Nazis, esta sequela tem muito mais que se lhe diga. A história é muito mais profunda e detém diversas camadas. Imprevisível, com enormes surpresas pelo meio, é repleta de plot twists da Engel. Mas o que sobressaí é o drama que marca cada personagem com a sua própria luta interna, para além da guerra, e os sentimentos que suscitam no jogador são demasiado reais para serem retidos dentro do ecrã.

Tratam-se de temas que me revoltam e chocam, como os conflitos emocionais que testemunhamos na infância de Blazkowicz, a perda de alguém tão importante para a equipa, e o bullying constante de uma das personagens mais queridas que aqui nos são introduzidas. Cada cara, tem uma luta emocional muito forte, mas que é maravilhosa de se testemunhar. Não há palavras, é uma obra de ficção que me fez querer desligar o ecrã e ir-me embora pela forma crua com que a sua história me estava a tocar. Mas nem tudo aqui é dramático, há também ricos momentos de comédia que vem em pouca dose brincar com coisas tão banais dos nossos dias,  que perante este cenário saberíamos dar melhor valor. Wolfenstein II: The New Colossus possui mesmo uma história que é um autêntico carrossel de emoções!

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No campo da jogabilidade, em termos de combate, as suas mecânicas são muito semelhantes às do primeiro videojogo. Temos melee, cover, explosivos, e claro que se temos duas mãos, também podemos empunhar uma arma de fogo em cada uma ao mesmo tempo! O combate é frenético e, para além da história, é o que melhor vende o videojogo. Uma experiência intensa e cheia de adrenalina que adorei apesar de no The New Order tê-lo achado enfadonho. É de te atirares de cabeça para o campo de batalha e mergulhares numa experiência extasiante e eufórica!  

As novidades aqui foram as várias classes de inimigos que foram melhoradas, fruto do enorme desenvolvimento tecnológico do império nazi. Estes já nos ultrapassaram em milhas em termos de robótica, e estamos a falar de uma era que gira em torno da década de 60’s. Com isto, há verdadeiras latas gigantes que são uma dor de cabeça em combate. O Flash em versão Android por exemplo, é um novo inimigo que vem ter contigo a toda a velocidade, e numa colectividade torna-se num tipo hiperactivo a quem tenho de dar prioridade de atenção.

Temos também o regresso dos Alphonse Elrics, que sendo mais resistentes que no passado, aparecem com maior regularidade e onde nunca é conveniente! Isto já para não falar dos inimigos mais chatos de todos… Uns verdadeiros bisontes quais Jaegers que disparam mísseis e rebentam com tudo à frente! Para esses últimos há sempre aquele momento em que nos cruzamos e eu penso cá para os meus botões, o quanto me apetece confrontá-los num combate aceso em vez de correr desalmadamente pelo mapa… “I love those moments. I like to wave at them as they pass by.” Mas digamos que todos estes inimigos e outros mais ainda, elevaram imenso a fasquia deste videojogo e proporcionaram-me uma experiência incrível e dinâmica.

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Enquanto não estás em missões de campo, é provável que andes a deambular a bordo do Eva’s Hammer, um submarino que serve de base estratégica para toda a equipa. Neste, há sempre situações novas para testemunhares, mas caso não queiras seguir com a história, tens outras coisas com que te podes entreter a bordo. Podes optar pelo campo de treino de tiro e de armadilhas, ou até mesmo jogar Wolfenstein dentro do Wolfenstein. Inception! Isto é possível através de um pequeno easter egg que te deixa jogar numa arcade todos os capítulos de Wolfenstein 3D. Um célebre videojogo que solidificou o seu género em 1992 quando foi lançado para MS-DOS e que aqui mantêm os seus gráficos originais.

Outra alternativa é a máquina de descodificação de enigmas, Enigma Machine que também marcou presença no videojogo anterior. Ao jogares um pequeno jogo para descodificares os seus códigos, desbloqueas missões fora do modo história que te permitirão matar outras grandes figuras do império nazi. Se já tiveres acabado o videojogo, pelo menos podes contar com estas alternativas para te manteres entretido aqui.

Graficamente, Wolfenstein II: The New Colossus é um videojogo competente noutros sistemas, mas no caso do port da Switch, apresenta um campo tão desfocado para disfarçar a baixa resolução que infelizmente consegue tornar esta experiência um pouco incomodativa para o jogador em modo portátil. Roçando os 720p, são frequentes as descidas de resolução. Em contrapartida, temos uma taxa de 30fps sólidos, enquanto nos outros sistemas o videojogo não se aguenta nos 60fps, ficando-se mais pelos 50fps. Falando em termos artísticos, os seus cenários exploram o realismo com texturas um pouco suavizadas, mas que ainda assim impressionam neste port. Os seus mapas nutrem uma imensa preocupação com as cores ambiente, tornando cada local completamente distinto e reflectindo uma certa natureza própria e pós-apocalíptica.

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A animação é aqui o que me deixa um pouco com mixed feelings. Recordo-me em particular da história que Grace nos conta quando a encontramos pela primeira vez. Embora a cena tenha muito impacto devido ao voice acting, vive muito da expressividade da sua animação, e quase chega meeeesmo a sobressair do ecrã.. Mas ao passo que se procura o realismo das expressões, não há nenhuma preocupação com perfeccionismos de todo. O foque que se deu a um detalhe no seu rosto, os olhos, a boca, ou as sobrancelhas, caí por completo, quando vemos a cena na integra, na qualidade dull de que a indústria está inundada.

A banda sonora do videojogo é aí uma bengala. Esta, sabe respeitar muito bem a atmosfera de cada momento. Dá-te espaço para te ambientares e conseguires absorver toda a experiência, aumentando-te a tensão e permitindo-te escutar bem os inimigos.  No entanto quando é para rebentar-mos com tudo, a música explode e o seu género frenético dispara, ao estilo de DOOM. É em certa medida, uma boa dosagem que vive do ambiente da missão e do enredo.

A franquia de Wolfenstein é conhecida por ser pioneira em diversos géneros de videojogos ao longo dos seus 35 anos de existência, mas não só. Cada novo título tem conseguido sucessivamente consolidar-se entre as melhores obras representantes da sua geração de shooters e Wolfenstein II: The New Colossus não é excepção, roçando a nossa nota máxima! Recomendo-te vivamente que te deixes levar pela sua história marcante e pelo seu combate eufórico, confiando que ficarás muito satisfeito.

Wolfenstein II: The New Colossus já está disponível para Xbox OnePlaystation 4Nintendo Switch e na Steam para PC.

Quais os videojogos que recomendas desta franquia?