SNOTGIRL | Crítica Do 1º Volume

Não prendeu.

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A banda desenhada Snotgirl da Image Comics é a nova serialização do autor canadiano Bryan Lee O’Malley, conhecido principalmente pelas suas três obras anteriores: Lost at Sea, Scott Pilgrim (que teve direito a uma adaptação no cinema) e o fantástico Seconds. Desta vez explorando um estilo artístico mais sério com a colaboração de Leslie Hung no desenho da obra.

As histórias de O’Malley consistem principalmente na resolução dos problemas mundanos dos seus protagonistas em mundos fantásticos. Em Scott Pilgrim, Scott e Ramona tentam corrigir a suas terríveis personalidades para fazer com que a sua relação amorosa resulte no estranho mundo de videojogo onde eles habitam e em Seconds, Katie tenta fazer a sua vida de sonho com auxilio dos poderes de um espírito que habita o restaurante que ela fundou.

Snotgirl não é excepção, mas desta vez este “mundo estranho” é a própria mente da protagonista desta história. A narrativa foca-se em Lottie Person uma blogger de moda obcecada com a sua imagem. Mas por detrás da estrela das redes sócias está uma mulher neurótica que por vezes perde mesmo a cabeça. A verdadeira causa destes episódios não chega a ser revelada (pelo menos nesta fase inicial da história). Pode ser da solidão causada pelos relacionamentos vazios que Lottie tem com conhecidos, ou da pressão causada pela fama que têm na Internet, ou até mesmo da medicação para a alergia que toma…

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E é daqui que o drama da historia vem. Como esta diva lida com os problemas causados pelo seu fraco estado mental. E as coisas chegam ao ponto que ela já nem consegue perceber se chegou mesmo a matar alguém numa saída à noite ou não. A premissa é interessante mas a sua execução não é das melhores. É muito difícil de gostar de uma protagonista que é obcecada com a imagem que transmite e as restantes personagens, que na sua maioria também pertencem ao mesmo mundo profissional, não fogem muito deste molde. É verdade que muitas das personagens em Scott Pilgrim sofriam do mesmo problema, de serem “desagradáveis” propositadamente, mas o resto da história compensava essa fraqueza, o que não é o caso aqui.

A narrativa em si tem saltos estranhos, criando cliffhangers que são ignorados logo a seguir. Talvez em capítulos seguintes exista justificação para tal (visto que Lottie não está propriamente sã) mas nesta fase do campeonato só sabe a “má escrita”. A falta de uma continuidade sólida ajuda imenso a piorar o gosto desagradável que a banda desenhada deixa na boca. Depois do salto de qualidade que houve na obra anterior deste autor, foi realmente muito despontante este tipo de descuido. Em defesa de O’Malley, é verdade que todas as suas histórias anteriores eram mais contidas, não eram serializadas mensalmente e que Snotgirl ainda está no seu inicio.

A arte mais detalhada ajuda para explorar temas deste género e o enredo tem tudo para melhorar nos números seguintes. Mas sinceramente não foi oferecido o suficiente para justificar que se continue neste barco. Talvez dá para pegar nos volumes seguintes num dia em que se acorde bem disposto.

Estás interessado neste tipo de banda desenhada?