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Depois de apenas três meses de ausência, Owari no Seraph regressou aos nossos ecrãs para uma segunda temporada, a qual era aguardada com bastante expectativa.

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Misturas prováveis

Owari no Seraph é uma obra de Kagami Takaya, situada num mundo pós-apocalíptico. Devido a um vírus desconhecido, a humanidade quase fica extinta. Os únicos sobreviventes são as crianças, que por alguma razão não foram contaminadas. Neste período, os vampiros emergem das trevas e começam a subjugar a população que resta. Na óptica dos vampiros, os humanos são vistos apenas como alimento.

É neste preciso momento que conhecemos um grupo de órfãos, que vivem como se fossem todos irmãos. Yuichiro e Mika são dois destes jovens, que juntamente com o resto da sua “família” tentam fugir de um orfanato. Este incidente provoca a morte de Mika, que se sacrifica pelo seu amigo Yuichiro, tornado-se assim o único sobrevivente.

Quatro anos mais tarde voltamos a encontrar Yu, agora com dezasseis anos, que depois de ter ingressado numa força militar, regressa novamente à cidade com um único propósito – acabar com todos os vampiros à face da terra de uma vez por todas!

Desde que o momento em que o autor publicou o seu primeiro capítulo, irremediavelmente traçou todo o percurso de obras como Attack on Titan, Blue Exorcist e Tokyo Ghoul. Todos os elementos destas obras estão presentes em Owari no Seraph; as únicas mudanças apenas são os monstros, e um pouco do ambiente, já que mostra uma visão mais tecnológica, ao invés de por exemplo aquele ambiente estilo medieval de Attack on Titan.

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Todas estas características em Owari no Seraph funcionam bem, aliás, bem demais, tanto que novamente teve a assinatura dos Studio Wit, conhecidos pela sublime adaptação de Shingeki no Kyojin (Attack on Titan). A transposição de uma obra para outra é quase imperceptível, o plano visual é basicamente o mesmo, no entanto não teve o mesmo grafismo das aventuras de Eren e Mikasa. A animação fantástica veio ao de cima nos inúmeros momentos de ação, com o inconfundível estilo Wit, através de um traço carregado e personagens ricas em detalhe.

A primeira temporada apenas existiu para situar o ambiente e conhecermos as suas personagens, atuando apenas como um breve prólogo. Eu sinto que a primeira temporada teve uma dificuldade maior em abordar a história e as cenas de ação, e felizmente com Owari no Seraph: Nagoya Kessen Hen essa transição foi bem mais suave. No entanto, teve um senão, porque como o nome indica, esperávamos uma grande batalha, e devido a esse acontecimento a série de início faz um build-up tremendo, que acaba por não se concretizar. No final nem tudo é mau, já que esse build-up serviu para uma batalha com uma densidade ainda mais elevada. Claro que não consigo deixar de pensar que se tratou de publicidade enganosa.

Numa nota mais pessoal, gostava que aprofundasse um pouco as outras criaturas mitológicas, já que apenas refere que existem, mas durante as duas temporadas apenas fala e mostra o clã dos vampiros.

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Uma segunda ronda prometedora

Owari no Seraph: Nagoya Kessen Hen teve novamente a assinatura do célebre guionista Hiroshi Seko, conhecido por adaptar e produzir obras televisivas tais como: Shingeki no Kyojin e Terror in Resonance (Zankyou no Terror). Desde os primeiros instantes desta segunda temporada é relançado novamente o interesse pela série, temos indícios que a história não é bem o que parece, e Yu durante este tempo foi apenas manipulado pelos humanos.

O enredo brinca com as emoções dos seus espetadores mostrando diversas versões e visões, tanto dos seus personagens principais como antagonistas, afinal quem está certo e quem está errado? Qual foi o propósito das experiências científicas que os humanos realizaram nas crianças? Quais são verdadeiramente os laços entre demónios e humanos?

É aqui que a segunda temporada brilhou face à primeira, o enredo foi mais rico e consistente. Mesmo as próprias personagens sofreram diversas alterações para se situarem num ambiente mais sério, particularmente Guren, Shinoa e Yu. Contrariamente ao que se esperava, a personagem principal tem um enorme desenvolvimento, evoluindo até para uma dimensão mais “humana”. Claro que momentos ainda mais efervescentes entre este e Mika marcaram também presença, mas que não existiram por existir, tiveram um contexto e um propósito.

A série manteve os mesmos padrões, e o momento-chave deu-se no episódio dez, quando o clã dos vampiros é confrontado com diversas intrigas políticas e tensões de cortar à faca! Transitou para uma dimensão mais adulta e pouco própria num anime Shounen.

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Owari no Seraph, um abuso de estereótipos Shounen

Owari no Seraph sofre do atual panorama Anime Shounen – tanto personagens como situações são reflexos de uma realidade gasta e estereotipada.

Começamos pelas personagens. Os heróis de Owari no Seraph partilham de caraterísticas comuns com o mais que referido Attack on Titan. Yuichiro e Eren, ambos os heróis, possuem uma parte demoníaca, são impulsivos e compulsivos no que toca a acabar com as suas ameaças, e também partilham uma certa inocência que é explorada pelas suas fãs em particular.

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Yoichi e Armin, infantis, fracos em aparência, mas corajosos com um nível de inteligência e liderança superior ao dos seus colegas.

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Mikasa e Shinoa, as tsunderes fortes em espírito, devotas ao seu amado, e que mostram um lado frio aos restantes membros da sua equipa. Porém, Shinoa, ao contrário de Mikasa, mostra um lado sarcástico bem divertido, ao passo que a heroína de Shingeki no Kyojin tem emoções mais vazias.

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Os sobreviventes são geralmente governados por um regime militar quase totalitário. Em ambas as obras, os heróis juntam-se a uma batalhão de exterminação, mas de início em Shingeki no Kyojin, esse batalhão atua mais como de exploração e reconhecimento de território. O ambiente agarra o conceito de muralhas gigantes envoltas numa cidade protegendo os últimos sobreviventes da humanidade. Embora com um impacto menor que em Shingeki no Kyojin, esta não deixou também de ser uma imagem de marca em Owari no Seraph.

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Os demónios são evocados em ambas as obras, e é ainda uma moda acual no panorama Shounen a transformação do herói nos demónios que extermina. São vistos mais como uma maldição do que uma bênção, no entanto, vitais para a sobrevivência da humanidade.

Neste ponto ainda podemos referir a espada de Yuichiro, que tem elementos bastante similares com Blue Exorcist (Ao Exorcist) e quando Yu se transforma parece um ghoul como vimos em Tokyo Ghoul.

Mesmo sendo fortemente estereotipado, Owari no Seraph tem uma identidade muito sua, apesar do sentimento de deja vú com as obras referidas ser bem visível e sentido.

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Em termos de sonoplastia, penso que tivemos um passo atrás na abertura, não esteve perto do tema da primeira temporada X.U; o encerramento manteve o mesmo padrão, dando a mesma ideia de fraternidade. A música a acompanhar a série, composta novamente por Hiroyuki Sawano, foi sem dúvida mais épica e absolutamente fantástica, especialmente nas cenas de tensão e combate.

Uma segunda temporada que prometeu e deu de uma maneira indirecta o que prometeu. Owari no Seraph: Nagoya Kessen Hen foi uma série que não teve medo de arriscar e soltar-se um pouco dos seus incontestados clichés.

O final anteviu uma possível terceira temporada, no entanto, penso que não será para já, porque a obra original está só uns capítulos acima.

Como um todo, Owari no Seraph é uma experiência agradável, e uma boa alternativa a Shingeki no Kyojin, mas que infelizmente não conseguiu passar muito disso.

Acham mesmo que Owari no Seraph foi feito apenas como um novo Shingeki no Kyojin?