“In Rats Alley”
Aftermath continua em força com este novo episódio. No seguimento da queda do meteorito que destruiu a cidade de Yakima, os Copeland encontram-se sem esperança e sem objectivo. Brianna sobreviveu, e aceita a boleia de uma jovem advogada que se dirige a Seattle. Esta nova companheira de Brianna pareceu-me ser a mais segura e estável que ela já teve – bem vestida, com um plano de acção, eloquente… Até que dá um tiro na própria cabeça numa casa de banho.
Sozinha com dois corpos e dois carros sem gasolina, Brianna está outra vez à deriva. A pior parte de tudo isto é que já tinha conseguido falar com a família, que se dirige agora para Seattle, para a casa do avô, pensando que Brianna está a salvo e a caminho num veículo rápido. Sendo incapaz de comunicar-se com eles, Bri tem um momento decisivo de construção de carácter: ata o cabelo, endurece as feições, agarra a arma com a qual a advogada se matou, e parte a pé. O desenvolvimento desta personagem é subtil mas importante ao longo do episódio, e bastante credível. A única coisa que eu quero mesmo saber é qual é a marca dos telemóveis dos Copeland, que já sobrevivem há quase uma semana sem serem carregados. O meu mal aguenta um dia.
Os Copeland fazem agora parte de uma caravana dequatro veículos, com a autocaravana deles à frente, que procuram proteger-se uns aos outros através do poder dos números. É uma boa estratégia. Um novo fenómeno natural ocorre e vem-se juntar aos “desastres” do fim do mundo: explosões solares intensas pintam o céu com raios azuis. Joshua e Dana, os génios da família, avisam da intensidade a que este fenómeno poderá chegar e do perigo de explosões, o que acontece mais tarde no episódio, causando ainda mais problemas com a electricidade e a conectividade.
Entretanto, Karen e Joshua continuam a demonstrar a sua bondade e caridade, que a maior parte das pessoas teria a este ponto abandonado a favor do instinto de sobrevivência: oferecem gasolina (o bem mais precioso que têm) a Vince e ao seu filho Donny, que seguem com eles na caravana; enfrentam-se com outro jovem possuído por aquilo a que estamos a começar a chamar “skin walkers” para tentar salvar uma rapariga (sem grande sorte); e vemos Karen a abandonar a segurança da caravana para ir buscar a sua irmã. Esta nova personagem, a Tia Sally, é tão diferente de Karen como Brianna é de Dana, e traz uma leveza que fazia falta a esta família tão séria. Sendo enfermeira, poderá aumentar as hipóteses de sobrevivência dos Copeland.
O elemento mais chocante do episódio, claro, foi o destino reservado ao pobre Donny. Matt começa a reparar no comportamento errático de Donny. Parece agressivo, desinteressado, distraído… Claro, estamos todos a pensar no mesmo: skin walkers. Matt também chegou lá, e o seu medo e paranóia fizeram-no perseguir Donny com a arma da família quando este tentou fugir da caravana. O pobre rapaz esquizofrénico, cujos medicamentos tinham acabado, morreu miseravelmente devido ao erro de julgamento de Matt, que continua a defender o assassínio até ao fim – Vince “deveria ter-lhes dito” que o filho estava doente, Matt “não podia esperar” para saber a verdade por não querer pôr a família em perigo… Matt está a ser seriamente afectado pela insegurança que sente e por ter perdido uma das irmãs, e a sua paranóia e o seu complexo de salvador tornam-no imensamente perigoso. Não me espantaria se víssemos Matt a cometer mais selvajarias como esta no futuro. São pessoas como Matt que fazem com que nos momentos de maior tensão na nossa História seja comum vermos surgir ditadores e serem cometidas atrocidades: pessoas que justificam os meios com o fim. Claro, Karen perdoa-o imediatamente, e não tem uma única palavra de censura para o seu filho perfeito.
Ah, claro, e a nova companheira de Brianna: Tatiana. Já vamos no quarto companheiro para Bri – o xerife, o motard, a advogada, e agora, Tatiana. Achei-a, novamente, uma personagem muito credível. Tendo tido uma vida terrivelmente desregrada, vê o presente estado do mundo como uma justificação para fazer o que lhe aprouver, tudo com o objectivo de alcançar o suposto namorado. A aliança entre estas duas adolescentes não dura muito tempo, previsivelmente, mas irá Bri livrar-se dela assim tão facilmente? O mais seguro teria sido dar-lhe um tiro assim que conseguiu recuperar o telemóvel roubado, mas Brianna é uma verdadeira Copeland, e o seu código de honra não o permitiria.
A doença que causa loucura e agressividade continua a devastar o país (vemos brevemente um posto médico improvisado no qual os Copeland são avisados do carácter altamente infeccioso da doença). E pronto, já está, um novo episódio sem grandes surpresas em termos da temática da série… Ah, não, espera. Dragões. Ok. Sou a única pessoa que ficou terrivelmente desapontada por Brianna não subir para o raio do cavalo e desatar a galopar rumo a Seattle? Isto é, claro, até o dragão levar o cavalo para o jantar. Dragões?! O que mais poderá acontecer neste fim do mundo?!
Vejo em alguns comentários à série que as pessoas a acham demasiado confusa, fantasiosa e difícil de seguir. Discordo completamente, e estou bastante feliz por ter escolhido seguir e discutir esta série. Tudo é confuso no mundo de Aftermath, mas isso adiciona algum realismo às reacções das personagens e ao desenrolar dos eventos – se o mundo estivesse a acabar tão espectacularmente, tu não ficarias confuso? Relativamente ao resto, temos que aceitar que esta é uma série de fantasia para além de ficção científica, e que coisas estranhas irão certamente continuar a acontecer. Eu estou a gostar, e fico ansiosamente à espera do próximo episódio!