“All it Cost Her…”
Parece inacreditável que depois de tanto tempo as coisas tenham que acabar assim. Mantive ao longo desta última temporada a esperança de que, sendo esta uma série na sua essência juvenil e fantasiosa, pudéssemos ser poupados ao final histórico verídico de Mary. Não tive em conta o facto de que, apesar de muitos dos seus elementos constituintes terem sido menos realistas, esta é uma série que sempre se levou a si mesma muito a sério.
O final que eu esperava, um que desrespeitasse a História e que cortasse a história de Mary num momento no qual pudéssemos fingir acreditar que ela ia ser feliz, não se concretizou. Não sei se a série ficou a ganhar com este salto temporal de 21 anos mesmo no final, com este fim tão brutal para a sua heroína; mas ao menos os espectadores ficaram a saber o final real desta história.
Nem sei por onde começar a falar sobre os acontecimentos deste episódio. A morte de Darnley também foi excepcionalmente fiel aos factos históricos: ele morreu na sua casa de campo de Kirk O’Field, após a casa ter sido carregada com explosivos, mas o seu corpo foi encontrado fora da casa, em camisa de noite, com marcas claras de estrangulamento. Também é um facto que ele estava a convalescer de uma doença grave – pode ter sido sífilis, mas claro, não era essa a história oficial. A série saltou o curto e brutal casamento da Rainha Mary com o Bothwell (uma decisão que apoio, até porque claramente não havia tempo para isso) e saltou logo para a abdicação forçada do trono.
A traição de Elizabeth não é algo de novo nem surpreende ninguém. Todas as suas acções no final estão completamente de acordo com a personagem odiosa que Reign foi criando ao longo destas duas últimas temporadas. Elizabeth é impulsiva e ao mesmo tempo indecisa, incapaz de fazer uma decisão a menos que seja absolutamente forçada a isso pelas circunstâncias. A morte do Gideon retira-lhe as poucas virtudes “femininas” que tinha – a gentileza, a clemência. Assassina a Jane sem o mais mínimo rasgo de culpa, põe a sua armadura e dirige o seu exército, e no final recusa-se a impedir ou ordenar a execução da sua prima Mary. Deixa isso nas mãos de James, que tem que escolher se quer salvar a mãe para esta poder continuar a viver em cativeiro, ou se quer unificar os reinos da Escócia e da Inglaterra. É uma escolha difícil, mas no final apenas há uma opção viável.
Acho que não sou a única pessoa que ficou embasbacada com o desfecho francês. O que é que aconteceu?! Não percebi a lógica de tudo isto! A bruxa Emanuelle “mata” a Nicole, apesar de eu achar bastante óbvio que a Nicole é simplesmente alérgica a amendoins, uma raridade que os cozinheiros juntaram à sopa em falta de outros ingredientes e que ela nunca deveria ter provado. Foi uma coincidência muito pouco misteriosa. Emanuelle pede o seu pagamento, que, claro, é uma ménage à troi com os dois sex symbols mais velhos da França. Hum, peles enrugadas, corpos flácidos… Mas bem, cada um com a sua. Mas o que é que aconteceu a seguir?!
A Emanuelle engravidou do Narcisse (e do diabo?!), a Catherine esfaqueou-a, ela não morreu… Ou então, a Catherine estava drogada ao ponto de apenas ter achado que a tinha esfaqueado. Enfim, desfecho final: a Catherine apenas se pode salvar tendo a princesa Margot ao seu lado (mas PORQUÊ?!), o Charles e o Henri vão atacar a Espanha e vai correr mal para os seus lados mas a Catherine não se vai sacrificar por eles porque não são tão virtuosos como o Francis (comparação injusta), a Nicole morreu sem se revelar o génio estratégico que eu achava que ela era, e a Claude fica sozinha, abandonada de todos os lados.
E pronto. Fica tudo muito mal concluído, muito mal explicado, nada faz sentido – acho que é uma óptima conclusão para uma parte da história que nunca fez sentido nenhum! E no final, após quatro temporadas a cometer todos os horrores possíveis e imaginários pelos seus filhos, a Catherine faz uma escolha por si mesma, deixa que os filhos adultos tomem conta de si mesmos. E, suponho eu, nunca mais se vai meter em bruxarias!
Por mais que queiramos e possamos falar de outras coisas, a verdade é que a execução da Mary é, tal como Mary em si como personagem foi em todos os momentos, o centro de Reign. Ela morre com imensa graça e nobreza, tal como viveu, e no final o seu sacrifício vale a pena – morreu por ter morto o Darnley, que teria devastado o seu reino e corrompido o seu filho. O filho de Mary e Darnley virá a ser James I, Rei de Inglaterra e Escócia, unificando os dois reinos pela paz tal como a profecia de Bash nos deu a saber.
Aquela cena no final, quando Mary acorda com Francis, quando revive as suas memórias mais marcantes e está finalmente feliz… Foi um golpe baixo muito bem dado, e acho que ninguém que tenha seguido e adorado esta série desde o início pode terminar de ver este episódio sem um nó na garganta. E agora? Agora temos que rever todas as quatro temporadas, obviamente!