“XIX.”
De Velas Negras hasteadas, navegamos contra o vento, a atmosfera adensa-se a cada minuto, inspiramos fundo e submergimos neste grande episódio onde um mar de tensão nos retêm de alma e espírito como que a preparar-nos para o rebentar da temporada. Adorei este episódio por demonstrar a seriedade com que a equipa da produção encara esta série. Um dos aspectos que me prendeu a Velas Negras foi a autenticidade com que tentam reproduzir esta época, sem vergonhas, sem medos, nua e crua, a realidade pura!
Muitos de nós ainda iam no inicio da primeira temporada quando se perguntaram se não iriam ver um Barba Negra em Nassau, e para satisfação dos fãs (que não viram 1 mas sim 2) o episódio 1 abre num tom muito misterioso, reforçando logo a imponência desta nova figura que aparece logo a demonstrar a sua força indomável – e aqueles olhos azuis que reluzem através das sombras – ao abater uns fala baratos que se julgaram no direito de abordarem o seu navio. Barba Negra, ou Edward Teach, como preferirem, está a caminho de Nassau e sentimos nele todo o peso da determinação que ele tem por lá chegar. Para quê? Ficaremos a saber no próximo episódio. -embora conheça a história do verdadeiro Edward Teach, não vou spoilar NADA nestas discussões, portanto se o episódio deu hang, eu vou vos dar suspense também! Spoilers, só nos comentários!
Para já, só vimos que Barba Negra é de facto uma personagem com presença em campo, mas falando já agora no visual da personagem, Edward Teach apresenta-se no inicio do episódio com um visual muito civilizado para o pirata que todos conhecemos. A “barbinha” está arranjada e o cabelo aparado e apanhado, a mais “imponente, a “real-barba” que confere à personagem a sua grande marca só voltará depois no final do episódio quando descobrimos que ele finalmente ancorou em Nassau. Percebo que queiram manter o mistério, e por isso para este episódio, gostei bastante do clima todo em que envolveram esta personagem, não revelando mais para esperarmos pelos próximo episódio.
Falando de visuais, Flint volta a mudar de visual, e agora apresenta-se com o cabelo rapado, o que vem a reforçar a frieza com que a personagem embarca nesta terceira temporada depois da sua terrível perda na segunda temporada. O Capitão Flint está de volta à matança a sangue frio, quando sem hesitação dispara sobre o magistrado e a sua esposa. O cerco está a apertar porque pelos vistos, Flint tem andado à caça de magistrados e quando regressa ao navio ficamos a saber que os seus ataques começam a ser mais previsíveis e os inimigos a ficarem mais preparados. Não sei como é que a personagem de Flint consegue ter ainda a integridade que tem e coexistir com toda aquela sede de vingança.
Com John Silver e Billy Bones a chefiar o navio a seu lado, ficamos inicialmente a questionar-nos em que termos é que ficou a aliança entre os 3, mas logo nos apercebemos que o nosso Flint não terá muitos amigos nesta temporada e que este tenta se afastar de John Silver e dos seus dotes de persuasão. Parece que a última temporada lhe abriu os olhos.. duvido que a partir daqui voltemos a ver os dois juntos em marés tão calmas… Billy protegeu as costas de Flint enquanto este se dirigia para a casa do magistrado, e também não desaprovou esta atitude fria de Flint quando interpelado por Silver, mas esta personagem teve pouco tempo de antena neste episódio, e pouco se viu das suas convicções, mas creio que Billy só vai deixar o Flint respirar até se sentir seguro para fazê-lo pagar por todas as traições e crimes que o Capitão cometeu.
John Silver, teve um momento de mariquice, quando confrontado com o perigo de ter de remover mais um bocado da sua perna, preferiu não se dar à dor de deixar que o tratassem. Chegamos a deslumbrar de facto o acabamento da sua perna amputada ao pormenor e vemos ao longo do episódio a sua dificuldade em se adaptar à sua nova condição física, mas a sua mentalidade continua fresca como sempre!
Rackham passou informação falsa a Charles Vane para este abordar um navio que revela traficar escravos. Após salvar essas vidas humanas, Vane trá-los para Nassau onde estes tem parte no plano de Rackham que passa os seus dias a guardar o ouro do Urca de Lima numa mansão cheia de prostitutas. Parece-me que Jack Rackham não tem verdadeiramente um plano para conseguir manter Nassau, o ouro, e a sua sanidade. Max teme pela segurança do ouro e confessa a Anne que não está convicta da preparação de Jack para manter o ouro em segurança, pois a mansão onde o tesouro está escondido não tem protecções e com os acontecimentos da segunda temporada ainda bem frescos na sua memória, ela sente que Inglaterra possa estar a mandar navios para Nassau. Anne volta a ameaçá-la para não a tentar a voltar-se contra Rackham. Eles estão cada vez mais inseparáveis.Posto isto, sinto que o trio maravilha começa a desintegrar-se. Sinto que Jack irá cair do pódio em breve e Anne vai arrastá-lo para ele se recompor enquanto Max será uma mastermind por trás da gerência de Nassau.
Não vejo Vane com a paciência de esperar que Rackham crie uma estratégia. Embora Jack tenha demonstrado ter toda a convicção para suportar Vane porque a sua ajuda foi impressível para chegarem onde chegaram, Charles Vane não me pareceu tão tocado pelo manifesto de lealdade e amizade de Rackham. No entanto, Vane é daquelas personagens que possuí uma reserva de bom senso que nos leva a acreditar que ainda vai fazer algo de bom para consertar a situação de Nassau.
Finalmente vemos Eleanor quando somos introduzidos a uma nova personagem: Woodes Rogers, um recém nomeado governador da Ilha da Providência, que busca conhecimento na experiência de Guthrie e por isso se compromete a libertá-la em troco de nomes e conhecimento. Ela sem hesitação, agarra-se a um papel e a uma pena, providenciando-o logo com o nome de Charles Vane, advertindo o governador para o perigo que esse homem representa e cumprindo assim parte do acordo. São assim mortos dois coelhos de uma cajadada, a sua liberdade terá como preço a sua vingança sobre Vane. Eleanor está em chamas para o ver morto. Voltamos a vê-la no fim do episódio quando esta embarca com Rogers num navio, para onde irá ao certo?
A tripulação de Flint, Silver e Billy é surpreendida quando se vêem numa emboscada preparada por Hornigold e Dufresne que agora estão ao serviço de Inglaterra. Hornigold faz um discurso oferecendo aos piratas a chance de se renderem, mas ele revela na verdade estar-se pouco interessado para o que quer que decidam e manda logo prepararem as armas. Flint deixa bem claro que não há forma da tripulação conseguir vencer um confronto contra o navio de Hornigold, mas também não deixa que estes se movam pelo acordo que esse propôs. A única forma de voltar a Nassau é conseguirem fugir.
Este episódio só nos deixa com perguntas quanto ao futuro, mas para já todos os caminhos parecem ir dar a Nassau.
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