Foi esta a temporada em que os argumentistas parecem ter finalmente encontrado o ritmo ideal para a série, apesar da segunda parte da temporada ter sido mais fraca, a primeira foi bastante intensa com uma evolução dos protagonistas notável e novas e interessantes personagens que entraram na vida dos Clark. Também tivemos direito a boas reviravoltas legitimamente surpreendentes que deram energia aos acontecimentos, incluindo uma logo no segundo episódio que mudou o panorama por completo.
No entanto, senti que essas motivações das personagens bem construídas e moldadas pelos eventos das suas vidas se perderam quando a série entrou na sua segunda parte, em que parece que muita gente andou à deriva sem saber muito bem o que fazer á espera dos acontecimentos que o final de temporada iria trazer e daquilo que ia preparar para o que se seguirá no próximo ano. Toda a gente parecia estar em standby até ao próximo evento verdadeiramente importante.
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No que toca ao elenco, Kim Dickens continua a ser a estrela. A sua personagem sofreu uma dura evolução causada pelos eventos da sua vida neste mundo despedaçado em que uma mulher tenta proteger os seus filhos a todo o custo do inferno em que vivem diariamente. A Madison Clark de Kim Dickens virou uma badass que faria tudo o que fosse preciso para manter a sua família a salvo, o que inclui matar e manipular todos à sua volta.
Frank Dillane e Alycia Debnam-Carey também continuam a mostrar-se cada vez mais adultos. Os seus Nick e Alicia prosseguem na sua evolução como personagens, sempre a tentar fazer tudo certo para ajudarem a mãe, e ao mesmo tempo a terem de resolver os seus próprios problemas e a ganharem as suas cicatrizes para a vida. Colman Domingo como Victor Strand continua a ser um sacana desprezível que tem sempre um plano para sair do problema e Rubén Blades como Daniel Salazar é dos membros do elenco que também nunca desilude e continua a fazer um bom trabalho como o homem de família duro que perdeu tudo no Apocalipse. Mercedes Mason não teve muito que fazer com a sua Ofelia, o que é uma pena, sem ser fazer parte de uma cena extremamente dramática que serviu para moldar um pouco mais a personalidade de Daniel.
Daniel Sharman foi a mais memorável das novas personagens como Troy Otto, um dos membros da família que manda no local onde decorre grande parte da acção desta temporada. O resto variou entre o medíocre e o esquecível. Michael Greyeyes como Walker parece ser aquele que irá regressar, mas a sua personagem foi medíocre, o que faz com que o seu regresso num futuro próximo seja algo pouco interessante e que eu não vejo com grande interesse.
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É claro que a história da primeira parte da temporada chegou ao fim tarde demais, ou demasiado cedo, e os últimos episódios desenvolveram as coisas demasiado rápido. Eu acredito que o meio da temporada devia marcar o fim de um ciclo, e neste caso não fez isso. Aliás, de certa forma, fê-lo, só que depois apressou o novo ciclo dentro da mesma localização e selou-o poucos episódios depois, abrindo então o arco final da história desta temporada que se desenvolveu incrivelmente rápido.
Os valores de produção continuam bastante elevados para os lados da série da AMC. Existe um claro cuidado para que nada em Fear the Walking Dead tenha um aspecto barato comparado com a série principal, e por isso quando é necessário Fear The Walking Dead tem o seu momento grande e o dinheiro nunca parece ser um problema. Os efeitos especiais, a maquilhagem e todos os outros factores visuais continuam bastante bons mostrando o mundo apocalíptico em que as personagens vivem.
As peças do xadrez foram colocadas em posição para a nova temporada de Fear The Walking Dead. Aliás, a certo ponto, parecia que os argumentistas estavam mais interessados no que aí vinha do que nas histórias atuais. Apesar dos seus problemas, Fear The Walking Dead teve na sua terceira temporada os seus pontos altos. A série mostrou-se confiante e forte, e os protagonistas parecem finalmente viver e merecer o estatuto que lhes foi dado ao longo do tempo. Agora, é esperar para ver o que aí vem e perceber se conseguem manter este nível por mais tempo.