“Do You See The Blue?”
Em dez curtos episódios, chegámos ao final da 1ª temporada de Knightfall – Templários. Em apenas dez semanas, esta série contou uma história complexa e rica, bem pensada, com um seguimento lógico constante e um óptimo encadeamento de momentos narrativos com cenas de acção e luta. Esteve populada de personagens de uma profundidade impressionante e cuja evolução ao longo da temporada não deixou nada a desejar. E mais uma coisa se pode dizer em relação a Knightfall – Templários, algo que foi mais do que confirmado neste último episódio: esta série sabe servir os melhores plot twists! É óbvio pelo final que irá haver uma segunda temporada, que penso que só poderá ser aprovada, e eu mal posso esperar.
Landry é o super-herói de quem toda a gente espera o máximo, e ele dá o máximo mesmo quando quase morre por isso. O ferimento provocado por Gawain afinal parece não ter sido tão mau como este pretendia, e o Papa das muitas faces, nenhuma delas tão boa como o nome daria a acreditar, incumbe-o imediatamente de uma tarefa quase impossível. De Nogaret foi no final o génio que utilizou os seus recursos para deitar mãos ao Graal, mas perdeu-o por ter subestimado duas coisas: a estupidez do Rei Philip, e a astúcia insensível da Rainha Joan. Fiquei surpreendida pela oferta de Philip, em aparência tão inocente mas na realidade um sintoma da irrealidade egoísta em que vive.
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Não consegue ver, mesmo depois de tudo isto, que a mulher que lhe foi trazida para casar em criancinha nunca gostou na realidade dele; não consegue aceitar que alguém não queira estar com ele. Pensa, claro, que um pedido de desculpas é mais que suficiente pelo (quase?) assassínio da amiga mais próxima da mulher, porque era só uma serva e essas não contam para nada. A rejeição de Joan era a última gota de que ele estava à espera – com a qual ele já estava a contar – para usar como desculpa e libertar os aspectos mais odiosos da sua personalidade. A brutalidade que sempre esteve dentro de Philip tem finalmente uma escapatória que ele considera decente.
Os Templários foram muito nobres e muito unidos – no fim, quando o maior mal já estava feito. Muito mais admirável foi, como sempre, a coragem e a força de Joan, que foi em retrospectiva a personagem mais importante da série depois do Landry. A dor dilacerante que ela teve que suportar para chegar onde chegou é inimaginável. Espero não ser a única pessoa que chorou, e bastante, a ver este episódio… Tudo, desde a cena de luta à morte de Joan, foi filmado de uma maneira linda. A neve a cair e as cores escuras dos corpos e do sangue em contraste com o branco eram de cortar a respiração. Os maquilhadores que criaram todas aquelas feridas horrorosas devem ter tido um dia em cheio! No final, a atenção dada aos pormenores fez com que fosse um final absolutamente memorável.
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O grande choque da temporada: o Graal não era o Graal. Quando vi, no episódio anterior, o Gawain a andar normalmente como tinha sonhado desde Acer, assumi naturalmente que tinha sido curado pelo poder sagrado do Graal… Mas afinal, a medicina moderna fez tudo. Coisas que a que o médico sarraceno dos Templários não tinha acesso… Quando Landry tenta curar Joan com o Graal, percebemos finalmente que ele não pode ser o verdadeiro. É uma imitação, que se parte com facilidade, e parece que fica tudo esquecido – parece que ele era verdadeiro mas que simplesmente os rumores da sua magia eram infundados… Mas não.
A que nova ordem pertence o Templário que sabia o segredo do Graal falso? O que quereria dizer essa nova pista que ele leu? Porque é que os Templários têm tanta mania de engolir objectos metálicos que sabem perfeitamente que vão ser muito difíceis de expulsar dos seus corpos? Talvez seja uma predilecção estranha. Penso que vamos ter uma segunda temporada cheia de novas intrigas, em que esta nova ordem se revela à Irmandade da Luz e aos Templários, e teremos uma nova demanda pelo Graal.
Mas será que o Landry se vai juntar à mesma? Gostava imenso que ele acabasse em Navarre com a filha, chamada Joan, a observar as papoilas e os cavalinhos como sonhou com a sua Joan… Espero que sim, e que a próxima temporada seja encabeçada pelo Tancrede, que merece também o seu momento na luz da ribalta. Porém, o final horroroso que eu antecipava devido ao contexto histórico ainda não ocorreu, e penso que pode estar a ser guardado para o próximo grande final. Por agora, aqui ficamos, com saudades desta grande série!