Que melhor maneira de acabar o ano do que com o final desta temporada de Mr. Robot! Até parece que foi tudo planeado e se acompanhas a série sabes bem que nada acontece por acaso.
E se não segues Mr. Robot, acho que devias reconsiderar a tua vida.
Ao passarmos da segunda temporada para esta dá para perceber que a segunda tinha intenções de manter tudo muito misterioso, tudo muito escondido de nós, o espectador. Aqui na terceira vamos finalmente conectar várias peças até termos uma ideia muito clara do plano geral.
Na minha opinião isto deve-se sobretudo à personagem de Elliot. Como sabes, Elliot apesar de desabafar connosco aquilo que lhe vai na cabeça, nem sempre confiava em nós o que levou a que não tivéssemos acesso a muita informação. Mas agora é diferente. Elliot percebe que estamos do seu lado e assim começa um processo de conhecimento da personagem. Sim, nós sabemos quem ele é desde a primeira temporada, um génio dos computadores com um distúrbio antissocial, um gosto requintado por drogas e uma sede de abalar o “sistema”.
Nós sabemos quem ele é e todo o projeto que ele ajudou a orquestrar. Mas porquê?
E aqui está a parte interessante. Nesta temporada começamos a ter acesso a memórias dele e os episódios começam a criar pontes de informação e como já disse, começamos a perceber o porquê das coisas estarem a acontecer e começamos a perceber quem é Elliot. Entre outras coisas, mas aqui é uma zona livre de spoilers por isso não te preocupes.
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Esta temporada é também um contraste da anterior no que toca ao enredo, principalmente por causa dos vários clímaces da história. No início começou devagar, tentando dar o nó a muita coisa da temporada anterior e de repente deram-se grandes momentos que viraram muitas personagens ao contrário. E quando digo que muita coisa aconteceu, acredita, muita coisa aconteceu.
Se quantidade é qualidade? Eu acredito que aqui sim.
Os vários atores que protagonizam a série conseguem fazer o papel deles de forma excelente. Sinto que qualquer personagem consegue captar a tua atenção. Umas mais do que outras claro. Por exemplo uma personagem interessante é Irving, o típico indivíduo duma organização secreta maliciosa, cujo trabalho é “arranjar” coisas. Falar com pessoas, consertar asneiras, mas Irving é muito mais do que um capanga. É-nos apresentado como um tipo descontraído e ponderado e assim que os episódios vão passando, vamos percebendo a sua verdadeira natureza. E é genial.
Claro que a personagem principal é Elliot e quando digo Elliot, estou a incluir Mr. Robot também. Sim, são duas personalidades diferentes que estão em constante luta, o que leva a que Elliot seja tão disfuncional como pessoa. Mas apesar de Mr. Robot nos ser apresentado como o pai de Elliot, não te esqueças que a mentalidade e os ideais são puro Elliot. Faz-me lembrar aquela expressão, “ter duas caras”.
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Por isso eles apesar de estarem quase literalmente às cabeçadas um com o outro, têm mais em comum do que inicialmente pensam. E isto além de ser uma ideia interessante, uma personagem com a sua personalidade dividida em dois, é ótimo de se ver. Existe uma constante batalha para verem quem tem razão ou qual dos dois é que é o lado “bom”.
Mas será que algum deles é o Elliot “bom”?
Isso cabe a ti decidir. No que toca à história, não te preocupes que desta vez há progresso, bastante progresso até. Todas as personagens foram trabalhadas e isso é ótimo também. Todas as conquistas e tribulações têm um impacto bastante grande na narrativa e na minha opinião isso é recompensador. É como se o tempo que “perdeste” a acompanhar a personagem vale realmente a pena. Não são apenas peões numa história com uma personagem principal. Cada um respira, cada um vive e tem a sua própria história para contar.
Além disso, a temporada acaba com a porta bem aberta para o retorno de outra temporada. O que me deixou a fazer aquele movimento com os dentes onde os de cima rangem nos de baixo de tão ansioso que estou. Um bom olá é tão agradável como um bom adeus. E penso que Mr. Robot apesar de ter tido um olá um pouco tímido, acabou com um adeus mais confiante. O final está bem recheado de momentos que nos colam à cadeira e nos fazem suar em pleno Dezembro.
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A maneira como as cenas estão planeadas também é genial. Desde os planos à música, tudo parece meticulosamente planeado. Apenas achei que alguns momentos ao longo da série pudessem ter beneficiado mais dum melhor planeamento. Há pelo menos dois momentos em que existe uma grande revelação, mas é tão direto ao fazê-lo que quase passam por uma cena banal. Não sei se me entendes. Imagina, Mr. Robot é o tipo de série que coloca uma personagem numa situação pacata como por exemplo a andar por uma rua fora, mas duma forma muito mais dramática do que possas imaginar e resulta muito bem visualmente. Por isso se calhar deviam ter atenção a momentos mais pesados no que toca a narrativa e aplicar esse mesmo método para dar mais ênfase ao momento.
Mas no geral, é uma temporada genial e talvez a melhor até agora. Cheia de personagens bem construídas, uma história que não para de nos surpreender e uma pitada de reviravoltas interessantes.
Se ainda não vês Mr. Robot, mais uma vez aconselho-te a reconsiderar a tua vida, nós por aqui somos fãs!
