“Mercy”
Estamos de volta para mais uma temporada. Confesso que o entusiasmo já não é tão grande como era antes. Afinal The Walking Dead tem estagnado cada vez mais e a última temporada bateu no fundo do poço. Mas este é um novo ano e por isso devemos redobrar as esperanças. No que diz respeito a este episódio, só tenho a dizer coisas boas.
As temporadas de The Walking Dead começam sempre com força e esta não foi diferente. No entanto este episódio apresentou um elemento muito interessante. O facto de estarmos a ver três tempos narrativos diferentes. Temos o presente (e mesmo no presente andamos para trás e para a frente); temos o futuro ou passado onde vemos Rick e Carl à procura de gasolina e que apresenta uma nova personagem; temos o futuro do Rick a delirar, que parto do princípio que se passa no final da guerra contra os Saviors; e temos o ainda mais no futuro que pode ser de facto algo real ou pode ser uma projecção do Rick do futuro. Vamos analisar cada tempo narrativo.
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Começando pelo presente. Adoro uma história desconstruída quando é bem feita porque ao sabermos o que acontece experienciamos melhor o que se passa em cada cena. Nesta linha narrativa estamos sempre a voltar ao momento em que estão todos reunidos a ouvir os discursos motivacionais antes de atacarem os Saviors. É muito interessante o paralelo que isso faz com o ataque em si. As comunidades estão bastante unidas e de facto as intrigas irrelevantes já não fazem sentido. Agora são as comunidades contra os Saviors. Claro que sobra o Gregory e os Scavengers mas o foco é só um agora.
Quer-me parecer que vamos acompanhar este grande ataque ao longo dos episódios. Eles atacaram o Santuário, numa clara referência ao ataque à prisão feito pelo Governador. O complexo ficou infestado de walkers e vai ser difícil os Saviors saírem dessa. Mas aqui é que as coisas começam a ficar confusas. Antes do ataque vemos a lista de vigias fornecida pelo Dwight e vemos Morgan a matar o vigia da Paze Industrial Research. Mas depois vemos o Reino a atacar esse complexo e estava lá um guarda que não era o mesmo guarda que o Morgan matou. Sabemos também que a cena do Morgan aconteceu antes do ataque porque o carro está intacto e quando o Reino ataca, o carro é destruído pela granada. Algo aqui não bate certo.
Gostei que o grupo do Morgan se prepara para atacar o complexo que Alexandria atacou e que despoletou toda esta guerra. E desta vez Morgan está a liderar o ataque. Já o complexo que o grupo do Rick e do Daryl atacam é desconhecido. Eu acho que o ataque a estes complexos acontece depois do ataque ao Santuário. Só porque faz mais sentido. Ao atacarem primeiro o Santuário, estes complexos ficam desprotegidos porque não podem pedir reforços. Se fosse ao contrário e atacassem os complexos primeiro, o Santuário podia ser avisado e lá se ia o elemento de surpresa.
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O facto de Gabriel ter ficado para trás ficou um bocado inserido a martelo mas vai dar bons momentos. Pelos trailers parecia que Gabriel estava prisioneiro de Negan mas estão os dois na mesma situação e Negan está ferido. Só não percebo porque raio Gabriel não disparou logo contra o Negan assim que entrou na rulote. Vai ser interessante ver como os dois saem desta situação e mais uma vez foi uma cena remanescente de uma cena anterior, a do tanque do princípio da série.
A linha narrativa do Carl e do Rick pode-se passar no passado ou no futuro. Estou bastante indeciso em relação a isto e não me consigo decidir. Atenção que quando digo passado é antes do ataque aos Saviors, não é propriamente num passado longínquo. As duas hipóteses fazem sentido. Pode ser no passado porque parece estar tudo sereno e não parece que acabou de acontecer uma guerra. O facto da nova personagem não estar no ataque pode significar que não integrou nenhuma comunidade. Mas também pode ser no futuro. Pode ser depois do ataque, numa altura mais calma. Carl fala sobre esperança e Rick no ataque não parecia estar muito assente na esperança ou perdão.
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A linha narrativa do Rick a delirar é claramente depois da guerra. Digo isto com base no que ele diz no final do episódio. “A minha misericórdia prevaleceu sobre a minha ira”, foi algo desse género. Isso é uma clara referência ao que acontece no final da guerra nas BDs. Mas pode ser depois de algum acontecimento cataclísmico da midseason finale ou mesmo do final da temporada. No entanto duvido que a guerra seja resumida a apenas esta temporada, veremos.
Já a linha narrativa do ainda mais no futuro acontece claramente uns quatro a cinco anos depois. Isso é perceptível pela idade da Judith. No entanto todas as cenas dessa linha narrativa têm um filtro branco parecendo que é um sonho, algo idílico. Apesar de ir ao encontro das BDs tenho sérias dúvidas de que isto seja real. A minha aposta é de que é mesmo um sonho.
Bem, dito isto tudo tenho a dizer que gostei muito deste episódio. E gostei porque lançou várias hipóteses que acendem a discussão. E uma série que puxa a discussão é boa pois alimenta o hype e o interesse. Estou genuinamente interessado para ver como isto tudo se desenrola. E isto quer dizer muito de uma pessoa que partiu para esta temporada sem esperança.