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Acho que estamos todos de acordo que Capitão América: Guerra Civil é um filme fantástico. Não só consegue ser muito divertido, mas está brilhantemente escrito, conseguindo equilibrar um enredo de mistério sólido com o desenvolvimento de várias personagens e cenas de acção extremamente entusiasmantes.

O que é surpreendente é que mesmo no meio de tudo o que o filme consegue fazer muito bem, consegue ainda introduzir-nos da melhor maneira possível duas personagens novas ao Universo Cinemático Marvel (MCU). Já falámos do Pantera Negra, que foi uma surpresa muito agradável, mas ninguém pareceu surpreendido que uma das melhores coisas do filme fosse o Homem-Aranha.

Até já vi várias opiniões na internet a dizerem que o melhor filme do Homem-Aranha se chama Capitão América!

Mas não basta dizer que este Homem-Aranha é o melhor Homem-Aranha do cinema de sempre, vamos agora tentar explicar exactamente porque é que este é o melhor Homem-Aranha de sempre.

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O Homem-Aranha foi criado por Stan Lee em 1962 depois de um aumento das compras de bandas-desenhadas por adolescentes. O seu objectivo era criar um herói com o qual esses adolescentes se pudessem identificar, e por isso criou uma personagem que estava no secundário, era um geek inseguro, e para além de ter super-poderes e lutar contra vilões, tinha de lidar com coisas como raparigas, bullies e bailes de finalistas.

Homem-Aranha estreia-se a 15 de Agosto de 1962 no Amazing Fantasy #15, e a personagem do Peter Parker tinha 15 anos nesse primeiro número. Apesar de a maioria das personagens adolescentes dessa altura terem o epíteto de Rapaz-[Qualquer coisa], Stan Lee decidu chamar-lhe Homem-Aranha porque tencionava que a personagem pudesse crescer e amadurecer juntamente com o seu público-alvo.

Lee, Stan and Steve Ditko. Amazing Fantasy #15 (Sep. 1962), Atlas Magazines [Marvel Comics]. Print.

Em Homem-Aranha de 2002, Tobey Maguire tinha 26 anos quando interpretou Peter Parker. Em O Fantástico Homem-Aranha de 2012, Andrew Garfield tinha 28 anos quando Peter Parker voltou a aparecer no cinema. A primeira e possivelmente uma das mais importantes vantagens que este Homem-Aranha que nos aparece em Capitão América: Guerra Civil (2016) tem em relação aos anteriores, é que é interpretado por um Tom Holland com 19 anos durante as filmagens. Ou seja, é a primeira vez que temos um Peter Parker adolescente que parece genuinamente um adolescente! A sua juventude e adolescência desajeitada são verdadeiras, e isso acaba por fazer uma grande diferença.

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Depois temos a interpretação de Tom Holland.

Não que eu não tenha gostado das abordagens que Tobey Maguire e Andrew Garfield fizeram a Peter Parker, nem por sombras, mas a verdade é que cada um deles trouxe a sua própria personalidade à personagem.

Tobey Maguire dá-nos um Peter Parker que é um underdog desajeitado e embasbacado. Andrew Garfield recria um Peter Parker que é alienado e sarcástico. Nada de errado com estas abordagens, mas o que Tom Holland consegue fazer com Peter Parker é dar-lhe uma ingenuidade e excitabilidade que bordeja o fanboyismo. Este Peter Parker transmite uma energia nervosa contagiante, convence-nos da sua boa-vontade, do seu desejo de agradar e sobretudo da sua inexperiência. Para além disso, este é o primeiro Peter Parker que de facto tem um sotaque de Queens, e por pequeno pormenor que isso possa parecer, é o género de detalhe que ajuda a construir uma personagem mais distinta e bem construída.

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A apresentação da personagem no filme está brilhantemente construída, com Tony Stark a entrar-lhe pela casa adentro e a convencê-lo a ajudá-lo na luta contra o Capitão América. Vemos um Peter Parker extremamente engenhoso, que recupera componentes electrónicos do lixo porque não tem dinheiro, e que mora num apartamento com a sua tia conspicuamente atraente, interpretada por Marisa Tomei.

A interacção entre Peter Parker e Tony Stark é tão boa como poderíamos desejar, trocando piadas e gozando um com o outro à vez. A química entre Tom Holland e Robert Downey Jr. é palpável, e faz-me extremamente feliz saber que iremos voltar a vê-los em Homecoming em 2017.

Também adorei a abordagem que o filme deu ao velho ditado “com grande poder…”. Em vez de nos impingirem mais uma vez a morte do Tio Ben, que por esta altura é a história de origem mais conhecida e mais recriada no cinema (talvez ficando só atrás da morte dos pais do Batman) o filme salta completamente essa sequência. Em vez disso vemos o Peter Parker a explicar, pelas suas próprias palavras, o significado fundamental desse ditado, transmitindo-nos que já não é só um ditado, mas sim um valor que ele já integrou organicamente na sua personalidade e visão do mundo.

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A cena da luta no aeroporto poderá bem ser a melhor sequência de acção em qualquer filme de super-heróis até agora, e grande parte disso deve-se à presença do Homem-Aranha. Para começar o seu estilo de luta é muito divertido de se ver. A sua velocidade e agilidade são impressionantes, desviando-se de projécteis, saltando de parede em parede, usando as suas teias de maneira original e engenhosa.

Adorei como este Homem-Aranha parece significativamente mais hábil e poderoso do que as suas encarnações anteriores. Para começar a sua força física é enorme, como mencionado por Tony Stark, e vêmo-lo a conseguir facilmente segurar os murros do Soldado de Inverno.

Nos filmes do Sam Raimi, o Homem-Aranha não foi capaz de lutar contra o Venom e o Sandman ao mesmo tempo, e precisou de ajuda do Green Goblin para vencer. Nos filmes do Marc Webb a sua super-força é diminuída, e as batalhas em que ele está envolvido são muito menos complexas. Em Capitão América: Guerra Civil, por outro lado, ele é capaz de lutar contra vários Vingadores ao mesmo tempo sempre com uma leveza e graça que parecem extremamente naturais. Todas estas capacidades são ainda mais impressionantes tendo em conta que ele é muito mais novo do que qualquer um deles.

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Mais uma vez a sua inexperiência e juventude são maravilhosamente demonstradas durante a batalha pela maneira como interage com as outras personagens. Para começar ele não se cala durante a luta toda, e isso é a coisa mais Homem-Aranha de sempre. Está sempre a fazer piadas, e aquela sobre aquele filme velho que se passa no planeta de gelo está especialmente bem construída.

“I’m not sure if you’ve ever been in a fight before but there’s usually not this much talking.”

“Sorry, my bad.”

Depois, como fanboy novato promovido às ligas dos veteranos, está a ter nerdgasmos durante a luta toda por estar a conhecer os seus super-heróis, mesmo aqueles contra quem está a lutar. A sua interacção com o Capitão América é particularmente deliciosa. Mais importante do que isso, vemos perfeitamente como o Peter Parker é um jovem impressionável, capaz de ser convencido da validade moral dos argumentos destes heróis mais veteranos, o que troca a ambiguidade moral da questão.

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A prova final de que este Homem-Aranha está soberbamente bem escrito é o facto de que apesar de ter só três cenas durante o filme inteiro, em vez de parecer um fan-service ou uma introdução forçada, acaba por funcionar como uma parte vital da história e da dinâmica da luta em que participa.

Uma das coisas mais entusiasmantes acerca desde Homem-Aranha é que, dado o sucesso e longevidade planeada do MCU, poderemos de facto ver este Homem-Aranha adolescente crescer e desenvolver-se, tal como foi desde sempre a intenção original de Stan Lee.

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