Estamos a fazer as nossas limpezas de primavera. A ver a tralha que é para limpar e guardar e aquilo que dá para deitar fora. No meio da bagunça toda encontramos aquela consola antiga que jogávamos há uma ou duas décadas atrás e queremos pôr o aparelho a trabalhar outra vez para jogar umas rondas.
Este é um guia básico com conselhos e sugestões do que deves fazer e tirar o melhor partido destas máquinas para as tuas sessões de lazer nos dias de hoje. A comparar com os clones que encontramos nas lojas, licenciados para terceiros e que por norma tiveram um fabrico descuidado e com as novas versões digitais, as máquinas originais são ainda muito superiores em termos de qualidade.
O artigo tem em foco principal nas consolas de casa desde a geração da NES até à geração da Playstation 2. Em resumo, todos os principais aparelhos antes da era do televisor HD, mas poderás usar algumas destas dicas para algumas portáteis e outro tipo de hardware. Vamos também em cada tópico dar um cheirinho das “cromices” mais avançadas para ficares ciente do que te poderás estar a meter caso comeces a demonstrar interesse neste tópico com o passar dos meses. O geekdom é um escorrega muito inclinado e difícil de parar.
1Um aviso prévio importante
É possível que vás desejar ou mesmo ter que adquirir algum material extra como cabos, alimentação eléctrica, etc… Coisas que poderão ser difíceis de arranjar em condições cá em Portugal. Se fizeres compras pela Internet NUNCA uses o teu cartão de crédito directamente. Preferencialmente usa o MB NET (basta teres cartão de multibanco normal) ou até mesmo o PayPal nestas transacções. Confirma sempre por terceiros se o sitio é de confiança.
Consulta os portes de envio com antecedência. Evita compras dispendiosas compulsivas, aguarda pelo menos um dia para reflectir se é mesmo algo onde queiras investir o teu dinheiro. Dormir é óptimo para arrumar as ideias. E lembra-te se a tua encomenda for cara e vier fora da União Europeia poderás ter que pagar impostos extra no seu levantamento.
2Limpar os videojogos
Vamos começar com as limpezas. Para os cartuchos, existem várias opiniões pela Internet fora sobre o tipo de produto que se deve usar, as opiniões mais populares é usar álcool etílico ou limpa vidros. O álcool é boa politica no geral, mas o que encontramos nas lojas não deixam de ser uma solução em água (por muito pouco que seja) e tudo o que ajude na corrosão de metais é de evitar. Limpa vidros é ainda pior. Se for um dos mais simples pode ser a coisa ideal para este tipo de tarefa, mas nunca sabemos o que poderá ter de extras na sua composição e tudo o que seja incógnita é de evitar.
Então perguntas tu: “Mas Cubo, então que raio posso eu usar para limpar os meus cartuchos se tudo causa problemas?”. A resposta mais simpática é spray para limpar contactos eléctricos, disponível em qualquer loja normal de electrónica ou até mesmo algumas drogarias por um preço extremamente acessível. Borrifas um pouco numa cotonete, limpas os contactos e retiras o excesso com outra ponta seca. Fica como novo!
Para os CDs e similares basta usar um pano simples de algodão com um pouco de álcool e limpa sempre do centro para fora com cuidado e deixa secar. Acho que não preciso de mencionar isto, mas tem sempre cuidado para não partires nada. Isto são sempre coisas que cada vez vão ficando mais frágeis com o passar do tempo.
3Limpar o aparelho
Passa tudo com um pano seco só mesmo para tirar o pó, principalmente as entradas e saídas do ar. O ideal é abrir o aparelho e limpar tudo o que seja ventoinhas caso seja um sistema que as tenha. Sempre com cuidado e nunca no sentido contrario da sua rotação normal. Se não te sentes seguro em fazer isto, não arrisques, pede ajuda a um amigo de confiança.
Para os leitores de disco coloca algum lubrificante nas engrenagens e no corrimão, o famoso WD-40 é bom para este tipo de tarefa (evita sujar a lente neste processo). Com uma cotonete limpa a lente do laser levemente com álcool e retira o excesso com a ponta seca. Felizmente um grande número de consolas tem a lente à vista (Ex: Mega CD II, Sega Saturn, PS1…) e poderá não ser necessário abrir o aparelho para este passo.
Para os contactos onde se coloca o cartucho, cobre um cartão de plástico (daqueles que tens na carteira) com um pano fininho de algodão (não pode mesmo ser grosso) e mete um pouco de limpa contactos na ponta. Insere e remove para tirar a sujidade. Faz isto com cuidado para não alargares os dentes. Mais uma vez não precisas de abrir a consola para este passo. No entanto a antiga NES da Nintendo pode ser uma das excepções. Depois de abrir a consola podes mesmo retirar esta peça. Limpa tudo usando as mesmas dicas indicadas acima.
4Limpar os comandos
Limpa tudo normalmente com um pano seco, em principio não deverá ser necessário fazer uma limpeza tão intensiva no comando. Se sentires durante o jogo que está a custar carregar nos botões e com falhas na comunicação, é bem possível que o comando não esteja estragado. Abre o comando e limpa os contactos da placa com limpa contactos com os métodos já indicados.
Tem é muito cuidado para que os botões não saltem todos para fora e antes de fazer alguma coisa presta atenção por onde os fios saem e entram em primeiro lugar. Se o comando têm vibração, faz os possíveis para a deixar desligada. Esta funcionalidade é óptima para cortar o tempo de vida dos comandos.
5E agora, que televisão?
Agora que está tudo um brinquinho vamos falar sobre onde devemos ligar a nossa velha amiga. Se ainda tiveres em mão a tua antiga televisão de tubo de raios catódicos (CRT) esta é a tua melhor opção (aquela que tinhas antes de comprar uma HD). Equipamento como light guns só funcionam neste tipo de televisão e os novos aparelhos têm algum atraso no tratamento de imagem e precisam de algum tempo a escalar a pequena resolução da tua consola para algo que seja possível projectar.
O tempo que demora varia de modelo para modelo, mas se estiveres a jogar um videojogo de luta ou a levar raios em cima no Final Fantasy X é algo que te vai frustrar. E se as televisões antigas tiverem uma entrada SCART e suporte RGB (que é muito provável se a televisão não for demasiado velha) é possível conseguir uma imagem nítida ao detalhe do pixel com o cabo de imagem certo, caso a sua qualidade seja uma preocupação tua.
Mas se isso não for uma opção de todo, é possível diminuir os atrasos do teu LCD/LED se ligares o modo de Jogo ou modo de PC. Alguns modelos têm essa opção escondida, consulta o manual do fabricante para mais informação ou até mesmo colocar a marca e modelo no teu motor de pesquisa de eleição na Internet e encontrar alguns truques.
Só para os verdadeiros fanáticos: Se tiveres muita sorte e/ou dinheiro para gastar, podes adquirir um antigo monitor CRT profissional, os PVM da Sony são um exemplo deste tipo de aparelho. Este tipo de equipamento era usado em sítios onde o detalhe em vídeo era imprescindível como estúdios de televisão, hospitais e outros. É a melhor qualidade possível que se consegue ter para o retro-gamming e podes encontrá-los em segunda mão em sites de anúncios de venda em segunda mão e afins.
6E os cabos de imagem?
Existem vários cabos de imagem para consolas antigas, os mais comuns que se usavam (os que normalmente vinham na caixa quando eram novas) eram os de antena e os de RCA (os de pino amarelo de vídeo com vermelho e/ou amarelo para o áudio). A sua qualidade deixa muito a desejar. O que se deve usar são cabos SCART com sinal RGB.
Usando termos leigos, enquanto que os outros cabos usam apenas um canal para transmitir a imagem, cabos RGB transmitem o vídeo em três canais diferentes (Vermelho, Azul e Verde) e é na televisão onde a imagem é composta evitando o aspecto desfocado de outro tipo de cabos. A maior parte das consolas, desde a Master System à PlayStation 2 suporta este tipo de sinal. É a melhor opção existente e a sua qualidade pode até mesmo surpreender-te.
Mas confirma que tanto a tua televisão ou o cabo SCART usado suportam RGB, caso contrario o sinal de vídeo composto (o mesmo género do pino amarelo) é o que é usado. Não precisas de arranjar um cabo de marca (até porque estes são raros), existem lojas para aficionados que produzem alternativas de boa qualidade pela Internet fora.
Se a consola em questão for por exemplo a NES, que não tem saída que suporte RGB ou se o televisor não tiver entrada SCART, evita usar o cabo de antena, usa S-Video ou um cabo RCA. No entanto começam a aparecer novas alternativas simpáticas para os novos televisores. Por exemplo, entusiastas como a HD Retrovision, produziram novos cabos de componentes (os de 5 pinos, 3 de vídeo e 2 de som) para a Mega Drive e a SNES, um tipo de conector mais moderno.
Agora um pequeno aparte. Existe algum debate na Internet, principalmente pelo público americano, que se deve usar vídeo composto. O principal argumento é que os videojogos tinham sidos desenhados com esta intenção. É verdade que certos efeitos como transparência aproveitam o facto da imagem estar desfocada para criar esta ilusão. Mas isto não é um facto tão generalizado como parece. Lembra-te que as consolas suportam outros sinais de forma nativa e que os produtores de videojogos usavam os monitores profissionais, que já mencionámos, para o seu trabalho.
Só para os verdadeiros fanáticos: Existe a hipótese de converteres o teu sinal analógico para HDMI se usares um conversor externo. Nem todos são indicados para videojogos, faz sempre uma investigação preliminar antes de comprares alguma coisa. O Framemeister é um dos mais usados pelos entusiastas. Isto também é uma boa ajuda caso o televisor demorar a escalar a resolução do vídeo. Novamente, usa um cabo SCART RGB para melhores resultados.
Os monitores profissionais usam as suas próprias entradas de vídeo e de áudio. Os respectivos adaptadores para SCART são fáceis de encontrar, tens só que investigar o modelo em questão. Para as consolas que não suportam RGB, como a NES, é possível fazer mods com esse objectivo. Mas isto é só para quem percebe de soldagem e electrónica.
E por fim, muitos dos mais famosos videojogos americanos e japoneses foram programados a pensar no sistema de codificação NTSC cuja sua conversão para o sistema usado cá (PAL), em alguns casos, foi feito às três pancadas. Os videojogos ficavam um pouco mais lentos e por vezes com um aspecto mais achatado. Por esta razão poderás considerar comprar os modelos estrangeiros das tuas consolas e os respectivos videojogos para uma experiência de jogo mais fidedigna. Ou até mesmo modificar as consolas que já tens para suportar este tipo de sinal e videojogos de outras regiões.
7Alimentação Eléctrica
Para evitar enganos graves, aconselho sempre que uses os transformadores de marca que vieram com a consola. Mas se isso não é possível não compres transformadores universais ou outros de má qualidade. Dá preferência a transformadores produzidos para o propósito. Confirma sempre a voltagem de saída, ampere, etc… É o pedido.
A entrada pode ser igual mas o resto não e nesse caso mais vale fazer preparações para o funeral. Se o transformador suportar 220 Volts de entrada, mesmo que tenha uma ficha diferente podes usar um adaptador para as nossas tomadas, disponível em qualquer drogaria.
Só para os verdadeiros fanáticos: Para configurações menos normais, como a Sega Mega-CD 32x que usa vários transformadores, existem fontes próprias para o efeito com boa qualidade que também ajudam a poupar o equipamento da carga irregular causada por algum desequilibro na alimentação. “Sega Trio” é um exemplo deste tipo de transformador.
E assim finalizamos o nosso guia e já tens tudo pronto para a tua sessão de vicio da melhor maneira possível. Se tens alguma questão, duvida, sugestão, ou queiras mencionar algo que não estejas de acordo, partilha connosco nos comentários.