O sucesso do mercado de consolas da Nintendo sempre foi inconsistente, variando de região para região. Histórias de sucesso espalhadas pela Internet acerca do mercado americano ou japonês não faltam, mas essa nem sempre era a realidade noutros lugares. Portugal sempre foi um país mais pegado à Sega ou à Sony, por exemplo.
Mas se tivermos a falar de consolas portáteis… Upa! Upa! A Nintendo sempre dizimou o mercado! Não existe mesmo outra marca que consiga chegar aos seus calcanhares! Ora lembremo-nos que os nossos recreios sempre tiveram inundados com Game Boy atrás de Game Boy e a malta mais nova também se apegou bem às Nintendo DS. Facto que sem dúvida influenciou o desenvolvimento da Nintendo Switch…
Neste “Histórias de um Pixel” vamos explorar a verdadeira origem destes aparelhos de bolso da companhia de logótipo vermelho, quando os videojogos “móveis” eram jogados em lcd monocromáticos. Hoje vamos falar dos Game & Watch!
Reza a lenda que a ideia surgiu quando Gunpei Yokoi, o homem que mais tarde se tornaria o criador do Gameboy, viu um homem a brincar com uma calculadora enquanto viajava de comboio. 60 máquinas praticamente distintas foram produzidas pela Nintendo entre 1980 e 1991. No entanto todas elas tinham algumas características em comum: O acesso a duas variantes do mesmo videojogo, chamados “Game A” e “Game B”, e um relógio.
O primeiro videojogo chamava-se Ball e era extremamente simples. Dois botões controlavam os braços de um malabarista e não podíamos deixar as bolas caírem para o chão. A complexidade ia aumentando com o tempo. Manhole usava quatro botões para mover a personagem pelo ecrã na tentativa de não deixar cair o pessoal da rua para o esgoto. Oil Panic usava dois ecrãs distintos para mostrar o estado de uma bomba de gasolina com fugas na sua canalização. Este design seria aproveitado mais tarde para a Nintendo DS. A versão portátil do Donkey Kong deu ao nosso mundo o grande dpad! É difícil de imaginar o gaming antes disto, mas esse até então era mais apegado a roldanas e joysticks para mover as nossas personagens.
O meu primeiro contacto com Game & Watch foi através de uma reedição feita por volta de 1998 que tinha o formato de porta-chaves. Era Mario’s Cement Factory, um videojogo simples, mas divertido onde controlamos o Mario numa fábrica onde temos de esvaziar tanques com cimento antes que eles transbordarem, enquanto passamos por um elevador extremamente perigoso! O canalizador fazia mesmo de tudo antes da sua vida em Mushroom Kingdom… Claro que esse não foi o único a voltar às prateleiras das lojas.
Em alternativa a este relançamento tivemos direito também a compilações para a família dos Game Boy. Nestes os pequenos videojogos eram modernizados a nível de animação e grafismo, disponíveis lado a lado com réplicas mais leais. É Engraçado como estes modos mais contemporâneos foram perdendo atenção, quando comparados com os seus companheiros mais antigos. Claramente um resultado do aumento da popularidade da sua mascote monocromática.
Tenho outros videojogos que não quero deixar de mencionar (só porque gosto muito deles). O Fire em que temos de salvar pessoal de um prédio a arder de forma extremamente hilariante. A versão portátil do Mario Bros. onde controlamos o Mario e o Luigi numa garrafeira com uma espécie de interruptores, num aparelho em forma de livro. Não esquecendo o impressionante Game & Watch de Zelda, que apesar das limitações do hardware, consegue conter alguns itens, masmorras e até bosses. Bem gostava de pôr as minhas mãos num destes!
Devido ao seu custo baixo de produção não faltaram alternativas, e devido à animação limitada e à saturação do mercado com shovelware produzido por outras companhias, este aparelho foi ganhando má fama com o tempo. No entanto o Super Smash Bros. revitalizou o interesse nesta antiga marca de portáteis. Talvez um dia veremos o seu retorno… Nem que seja como versões limitadas de super mini porta-chaves especiais de aniversário ou algo do género.