No século passado não tínhamos o acesso ao volume de informação que hoje em dia temos com canais de streaming de vídeo, redes sociais e outros, onde tudo nos chega de forma instantânea à palma das nossas mãos. Eu que na altura não tinha acesso a qualquer tipo de Internet, todas as noticias de videojogos que me chegavam eram na forma de revistas ou até mesmo em demonstrações que vinham em disquetes ou cd-roms.
Foi assim que conheci muitos dos videojogos da minha infância, um deles o jogo de computador Theme Hospital. Este jogo destacou-se do resto da concorrência pelo seu aspecto animado, pelo seu humor negro e o mais importante, era mesmo muito divertido. O demo em si era minúsculo, onde apenas jogávamos um bocado de um dos vários níveis que a versão completa tinha. E esta pequena amostra também passava um vídeo dos níveis mais avançados onde dava para ver tudo a funcionar com todos os componentes mais aliciantes que só me dava vontade de comprar uma cópia para mim.
Mas é daqueles videojogos que nunca encontrei há venda nas lojas, portanto na altura não consegui adquirir este videojogo… Felizmente Theme Hospital era conhecido até por aqueles que nem ligavam assim muito a jogos de computador e mais tarde consegui arranjar emprestado.
O videojogo foi produzido pela Bullfrog Produtions. O estúdio popularizou os chamados sub-género de videojogos de simulação, os God Games. O primeiro deste género foi a bem conhecida série Populous, onde controlávamos e desenvolvíamos uma civilização com o objectivo de destruir as populações rivais em níveis sequenciais. Outros títulos notáveis são Theme Park e Dungeon Keeper, por exemplo.
O meu grande favorito é realmente este, Theme Hospital. O videojogo coloca-nos no papel de um director de um grupo de hospitais onde temos de gerir vários recintos ao longo de toda a campanha de single player. Em cada nível é nos dado um edifício completamente vazio e temos de gerir vários componentes de construção, mobilado, empregados, finanças, novos terrenos, entre outros. Para avançar para o nível seguinte temos de cumprir um objectivo fixo à volta da popularidade do nosso hospital, doentes curados e fundos disponíveis.
Existem vários componentes no funcionamento do hospital que temos de gerir, mas o mais importante como é óbvio são os pacientes. Eles têm as doenças mais estranhas e hilariantes de sempre. Cabeças gigantes, invisibilidade, com a ideia que são o rei do Rock & Roll ou simplesmente demasiado pêlo no corpo. O seu percurso dentro do recinto é o seguinte: Recepção, Prática Geral, Diagnóstico e Tratamento.
O nosso estabelecimento deve ser construído para facilitar as viagens de sala em sala, atender todas as pessoas atempadamente e manter os doentes confortáveis. Temos de assegurar que os corredores têm cadeiras suficientes, máquinas de bebidas, aquecimento, casas de banho, etc… Para assegurar o tratamento em si convém ter várias salas com todos os diferentes equipamentos de diagnóstico que podemos construir para aumentar a taxa de sucesso da cura (e ajuda para cravar umas boas massas ao pessoal, a qualidade não sai barata!).
Se não satisfazermos estas condições corremos o risco de o paciente ir para casa insatisfeito diminuindo a nossa reputação ou pior, recebemos uma visita da morte. E com isso quero dizer, literalmente uma visita da morte, ela abre um buraco no chão e plof! Isso ou então vão com os anjinhos (e digo outra vez, literalmente…)
Mas quando está tudo em ordem e bem direccionado, tal e qual outros videojogos de “gestão” dá prazer ver tudo a funcionar lindamente. Scans futuristas, cápsulas espaciais que só servem para tirar sangue e equipamento para arrebentar com cabeças! (Que são novamente reenchidas com a pressão certa claro…)
Mas não nos podemos esquecer do staff, afinal são eles que metem o hospital a funcionar não é verdade? Existem quatro tipos: os médicos, as enfermeiras, os biscateiros e as recepcionistas. Os médicos são a unidade mais complexa do videojogo e a que opera a maior parte das salas do hospital, tendo ainda especializações especificas como “cirurgião”, “psiquiatra”, e “investigador”, que são obrigatórias ter para operar salas especificas como a de operações, etc… A partir de certo nível podes construir uma sala para aulas de formação que ajuda a desenvolver estas características se assim o achares necessário.
As enfermeiras são uma espécie de “doutor-lite” mais simples para salas especificas como as farmácias e os quartos para os pacientes. Os biscateiros tratam das limpezas, regam as plantas e fazem a manutenção do equipamento. Devido ao número elevado de tarefas é normal termos o mesmo número desta unidade que os médicos. As recepcionistas são as personagens mais estáticas estando sempre presentes na mesa de recepção mas são necessárias para orientar os pacientes, portanto convém ter alguém competente nesta posição.
E claro convém também manter esta malta contente. Assegurar que o espaço de trabalho é agradável, que existem salas para descansar suficientes com grande número de comodidades disponíveis, que o tempo de trabalho não é excessivo, etc… Quantos mais pensamentos felizes metermos na cabecinha deles, menos espaço têm para pensar em aumentos.
Temos também a parte de investigação onde os médicos especializados nesta área desbloqueiam novos equipamentos, desenvolvem tratamentos mais eficientes e estudam como é que se curam as novas doenças. É possível apressar estes processos convidando um dos pacientes a fazer uma “autópsia surpresa”, por alguma razão este procedimento reduz a reputação do nosso hospital… Estranho não é?
Com opções extra de gestão financeira como empréstimos e a definição de preços individuais, em combinação a tudo referido acima, o que é mesmo porreiro é no último nível fazer um hospital perfeito onde só temos profissionais de excelência e os tempos de espera são praticamente inexistentes. E isto tudo com tratamento garantido da melhor qualidade a um preço super reduzido. E mesmo assim atendendo um volume enorme de doentes na nossa instituição de sonho. Afinal foi o que eu fiz…
Mas agora pensado melhor… Consigo engolir coisas como aliens mutantes e “radiação” verde mas algo assim é demasiado irrealista para mim. Ugh, isto corta com a imersão que é uma coisa doida. Bem, nenhum videojogo pode ser perfeito afinal…
Podes adquirir o videojogo no GOG ou no Origin. Revive esta experiência!