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Talvez não te lembres, mas antes das apps de smartphone e depois de Space Impact e Serpente houve aquela altura intermédia que a malta andava com “joguitos” pequenos em Java nos telemóveis.

Nessa altura os nossos aparelhos eram mesmo muito manhosos. Tentavam ser o que os smartphones são hoje: Internet, câmara, ecrã a cores… Mas no fim do dia: a rede móvel era terrível, com preços absurdos (Podemos sempre contar com as empresas de telecomunicações para aparar o progresso tecnológico por mera ganância), resolução super pequena, tudo o que era cabo não tinha standard nenhum, e para ligar qualquer coisa ao computador era um pincel. Porra, no Japão a malta já trocava Pokémon usando os telemóveis no Pokémon Crystal! Eles tinham realmente tudo melhor que nós…

As qualidades dos videojogos seguiam a mesma linha, pareciam mais anúncios publicitários ao verdadeiro software que havia nas consolas ou não passavam de lixo que serviam de tentativas desesperadas para nos arrancar algum dinheiro. Felizmente as coisas melhoraram imenso desde então. Podemos usar e transferir ficheiros utilizando os mesmos cabos e os telmóveis fazem praticamente todas as operações básicas que um bom computador consegue fazer. Os videojogos… Bem… Tirando uns quantos indies e algumas ofertas comerciais que também existem noutros sítios, continuam a mesma coisa (senão pior ainda…)

Mas no meio do lixo por vezes encontramos um ou outro tesouro bem enterrado e que merece realmente algum foco pela nossa parte. É esse o caso do videojogo do Histórias de um Pixel deste mês, e esta estrela é… Doom! Mas se os portes de consolas do videojogo original de DOS tinham perdas de qualidade significativa (Salvo o fantástico Doom 64 que é um videojogo completamente novo!), então uma coisa para o teu Ericson devia ser bem pior.

Então qual foi a solução para lançar tal coisa em hardware tão limitado? Fazer um RPG, pois claro! Tornar o FPS dos FPS num género que parece ser o seu antítese parece ser uma ideia descabida, mas dá para ver que Doom RPG foi um trabalho feito por gosto e bem pensado. Como de esperar desta série, o jogador controla um soldado espacial, na primeira pessoa numa base marciana invadida por demónios. Mas desta vez tanto o jogador como os inimigos mexem-se por turnos, estilo dungeon crawler. Temos de descobrir qual é a melhor arma de fogo para eliminar o respectivo inimigo e aproveitar a arquitectura do nível para fazer o máximo de estragos possível nestes demónios sem levar com muita retaliação de volta.

Fazendo justiça a este género, o nosso Doomguy ganha experiência depois das batalhas e recebe algum loot (na forma de munição, armadura ou vida) ou dinheiro para gastar nas lojas. Claro, para acompanhar este mesmo crescimento de pontos e inventário, os velhinhos demónios de ’93 tem agora novas variantes coloridas dependendo do seu estatuto. Para tornar a experiência mais genuína o soldado tem agora várias ferramentas, como extintores para abrir caminho nas chamas, machados e até colares para treinar cães infernais para te protegerem dos vários perigos. Para bloquear o teu caminho existem cartões, chaves e terminais com passwords ao estilo daqueles que se encontram no Doom 3.

A informação, como a história e controlos, é dada através de NPCs. Os programadores sabiam que um videojogo destes não valia a pena ser levado completamente a sério. Portanto eles escreveram umas quantas piadas referentes ao videojogo original, programação em geral. Até gozaram com os recursos limitados a que tiveram acesso durante a produção deste videojogo! Doom RPG é uma boa demonstração que um derivado feito em condições pouco propícias pode ser algo verdadeiramente excepcional e que são as limitações que fazem destacar o verdadeiro talento.

Surge-me ainda um outro pormenor importante durante a escrita deste artigo. É realmente um bocado difícil arranjar maneira de correr este videojogo novamente no ano futurista que é 2018. Não consegui encontrar o meu Nokia antigo onde tinha o videojogo originalmente e não há maneira absolutamente nenhuma de o comprar novamente nos dias de hoje. Sem surpresa nenhuma quem possuí os direitos do antigo estúdio móvel actualmente é a EA… Mas lá consegui encontrar um back-up dos ficheiros que fiz há 10 anos atrás. Após alguma investigação encontrei software para correr o videojogo novamente tanto no PC como no meu Android.

Este trabalho todo faz-me ter de deixar aqui um último reparo. Em outros media, como o cinema por exemplo, sabemos que as obras sofreram grandes perdas por causa da falta de preservação quando essas estavam na sua infância. Pelo que quero frisar, que cada um de nós tem de fazer os possíveis para que o mesmo não aconteça com os videojogos.

Qual foi aquele videojogo que gostavas e nunca mais o encontraste?

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Sou um mago vermelho da cromice, com pontos alocados principalmente nos videojogos. Adoro o ar livre e esticar as pernas.

2 COMENTÁRIOS

  1. Os jogos dos quais tenho saudades e que nunca mais encontrei (pelo menos legalmente disponíveis)

    Force21: Na altura em que foi lançado devia ser o único (devia ser, não tenho experiência em retrogaming que me permita afirmar a 100% que era) RTS com gráficos 3D (reinava o belo C&C: Red Alert II).

    Jane’s USAF: Um excelente shoot-em-up aéreo, 3D cheio de detalhes nos modelos, quase ao ponto de ser um simulador digno do seu nome (enfim não tinhamos de passar pelas extenuantes tarefas de pré-voo que nos impunha o Flight Simulator ou agora o DCS, era grab and fly).

    • Infelizmente aqueles jogos que temos mais dificuldade em encontrar são mesmo aqueles que são bons mas nunca foram extremamente conhecidos de forma generalizada… Na era da distribuição digital não há grande desculpa!

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