Para comemorar a estreia de Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los, a 17 de Novembro, J.K. Rowling escreveu quatro contos inéditos intitulados História da Magia na América do Norte, disponibilizados em português no site Pottermore, entre os passados dias 8 e 11 de Março.
Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los tem guião escrito pela própria Rowling. A obra adaptará o livro didáctico usados pelos estudantes de Hogwarts que cataloga 75 espécies de criaturas mágicas pelos cinco continentes do mundo. O escritor do livro, Newt Scamander, será o protagonista da história e será interpretado pelo vencedor do Óscar Eddie Redmayne.
Os quatro novos contos contam um pouco sobre como é o mundo mágico na América do Norte. Como todos os livros e demais contos da escritora são baseados na Inglaterra, esta foi uma forma de expandir esse horizonte e atrair novos leitores, ao mesmo tempo que se agradam os antigos leitores com novos elementos para uma história que já é bem conhecida, mas dando maior contexto histórico (desde o século XIV), que ajuda a perceber os factos relatados ao longo da história do Harry Potter.
Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los – A História da Magia…Às 14h, temos o enorme prazer de anunciar o primeiro de quatro novos textos escritos por J.K. Rowling sobre A História da Magia na América do Norte. Sabe mais em www.pottermore.com/pt #MontrosFantásticos
Posted by Warner Bros. Portugal on Tuesday, 8 March 2016
Primeiro conto: Século XIV – Século XVII
“A diferença mais gritante entre a magia praticada pelos nativo-americanos e aquela que faziam os feiticeiros da Europa era a ausência da varinha.”
- O termo “Muggle” varia de país para país, e nos Estados Unidos usa-se vulgarmente o termo SemMag, uma abreviatura de “Sem Magia”.
- Desde a Idade Média que as comunidades mágicas nativo-americana, europeia e africana sabiam da existência umas das outras e comunicavam entre si, por exemplo, através de vassouras, aparições, visões e premonições.
- Algumas bruxas e feiticeiros eram aceites e louvados nas suas tribos, e assumiam funções de curandeiros ou caçadores.
- Outros eram estigmatizados pelas suas crenças e dizia-se que estavam possuídos por espíritos malignos.
- Os principais tipos de magia neste período estavam relacionados com animais e plantas.
- A lenda do transmorfo nativo-americano (uma bruxa ou um feiticeiro pode transformar-se num animal à sua escolha) foi baseada em factos reais que aconteceram na tribo Animagi, que sacrificaram familiares chegados para obter poderes de transformação.
- É possível fazer magia sem varinha, ainda que seja muito difícil, principalmente feitiços de encantamento e transfiguração.
Segundo conto: Do século XVII em diante
“A questão de Salem foi significativa no seio da comunidade mágica por razões que vão muito para além da trágica perda de vidas.”
- Razões da emigração das bruxas e feiticeiros europeus para a América do Norte: a maioria fugiu à perseguição dos SemMages, poucos simplesmente pelo seu sentido de aventura.
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Perigos sofridos pelas bruxas e feiticeiros europeus na América do Norte:
- não existiam ervanários – tinham de colher as suas próprias plantas, entre espécies que não conheciam;
- não havia fabricantes de varinhas reconhecidos;
- a Escola de Bruxaria e Feitiçaria de Ilvermorny, que um dia viria a ser das reputadas do mundo, não passava na altura de uma “barraca tosca com dois professores e um par de alunos”;
- a população não-mágica que tinha vindo da Europa desencadeou uma guerra contra a população nativo-americana devido a crenças religiosas, que abalou fortemente a unidade da comunidade mágica;
- inexistência de mecanismos de autoridade próprios da comunidade mágica, permitindo um bando de feiticeiros mercenários (Purificadores) perseguisse criminosos ou quem lhes pudesse render dinheiro.
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Julgamentos das Bruxas de Salem entre 1692 e 1693:
- entre os juízes encontravam-se, pelo menos, dois Purificadores;
- provocou a fuga de muitas bruxas e feiticeiros da América, e os emigrantes deixaram de ir para lá também;
- em resultado, às primeiras décadas do século XX, havia menos bruxas e feiticeiros entre a população geral americana do que nos outros quatro continentes, e uma maior percentagem de bruxas e feiticeiros nascidos de SemMages do que em qualquer outra parte do mundo;
- a ideologia sangue-puro que impera na história mágica da Europa, tem muito menos importância na América.
- Criação do Congresso Mágico dos Estados Unidos da América (MACUSA) em 1693 – primeira vez que a comunidade de feiticeiros da América do Norte se reuniu para criar leis que a governassem, à semelhança do que existia já em outros países.
- A sua primeira tarefa foi condenar e executar todos os Purificadores pelos seus crimes: homicídio, tráfico de feiticeiros, tortura e qualquer forma de crueldade.
Terceiro conto: Lei de Rappaport
“A Lei de Rappaport veio exacerbar as principais diferenças culturais entre a comunidade de feiticeiros americanos e a sua equivalente europeia. No Velho Mundo, sempre houvera um certo grau de cooperação e comunicação entre os governos SemMag e os seus congéneres mágicos. Na América, o MACUSA actuava completamente à margem do governo SemMag; na Europa, as bruxas e os feiticeiros casavam-se com SemMages e eram amigos uns dos outros; na América, os SemMages eram crescentemente vistos como inimigos.”
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A Lei de Rappaport veio instituir uma segregação severa entre os SemMag e as comunidades de feiticeiros: deixou de ser possível aos feiticeiros ter amigos SemMages ou casar com eles, a comunicação com os SemMages foi restringida à estritamente indispensável para a execução das actividades diárias, e passaram a ser impostos de pesados castigos a quem confraternizasse com SemMages.
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A lei foi instituída depois da violação da segurança do Estatuto do Secretismo pela Dorcus Twelvetrees, filha do Guardião do Tesouro e dos Dragots (o Dragot é a moeda americana dos feiticeiros, e o cargo de Guardião dos Dragots equivale ao de Ministro das Finanças), Aristotle Twelvetrees, que revelou montes de informações secretas ao filho de um Purificador, como os endereços do MACUSA e de Ilvermorny, detalhes da Confederação Internacional de Feiticeiros e as estratégias que estes corpos desenvolviam para proteger e ocultar a comunidade de feiticeiros. As informações acabaram nas mãos de jornalistas e do público em geral.
- A Lei de Rappaport forçou a comunidade de feiticeiros americanos a uma clandestinidade ainda maior.
Quarto conto: Os feiticeiros na América da década de 1920
“Os feiticeiros na América tinham tido o seu papel na I Grande Guerra de 1914-1918, (…) alcançando muitas vitórias na prevenção de mortes adicionais e na derrota dos seus inimigos mágicos.”
- A expressão “ser-se uma Dorcus” passou a designar uma pessoa idiota ou inepta.
- Após a Grande Revolta do Pé-Grande de 1892 (para mais pormenores, consultar o livro de Ortiz O’Flaherty, A Última Posição de Pé-Grande), a sede do MACUSA foi transferida pela quinta vez na sua história, indo de Washington para Nova Iorque.
- Em 1920, a Escola de Bruxaria e Feitiçaria de Ilvermorny já era largamente considerada como um dos maiores estabelecimentos de ensino mágico do mundo.
- No final do século XIX foi introduzida a “licença de porte de varinha”, uma medida que teve como objectivo monitorizar a actividade mágica e identificar os perpetradores pelas suas varinhas.
- Contrariamente a Inglaterra, onde a Ollivanders era o principal fabricante de varinhas, o continente norte-americano era fornecido por quatro fabricantes de varinhas:
- Shikoba Wolfe – varinhas entalhadas com um núcleo de penas da cauda do Thunderbird (pássaro americano mágico parecido com a fénix), difíceis de controlar, particularmente apreciadas por transfigurantes;
- Johannes Jonker – varinhas de madrepérola embutida com pelo do felino Wampus, muito procuradas e facilmente identificáveis;
- Thiago Quintana – varinhas esguias e compridas com o invólucro feito duma espinha única translúcida dos dorsos dos Monstros do Rio Branco do Arkansas;
- Violetta Beauvais – varinhas feitas de madeira de espinheiro do pântano com núcleo de pêlo de rougarou (perigoso monstro com cabeça de cão que assolava os pântanos de Louisiana).
- Contrariamente à comunidade SemMag da década de 1920, o MACUSA permitia às bruxas e aos feiticeiros beber álcool, conhecido como “A Água do Riso”.