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Com o aproximar de um novo relançamento, ou reboot, por parte da publicadora DC, decidimos fazer o nosso resumo do multiverso DC que vai terminar a 25 de Maio para dar lugar ao novo Rebirth.

New 52 (Novos 52), que assim se intitula devido aos novos 52 fascículos #1, iniciou-se em 2011 e rapidamente foi visto com alguma controvérsia. No mundo da BD, pelos críticos, foi tomado como uma medida arriscada por parte da DC Comics, que, de certa forma, poderia confrontar os grandes fãs de publicações eternas como Detective Comics, Action Comics, Batman, Superman, Wonder Woman, etc. O risco de começar cinquenta e duas novas publicações num novo multiverso era óbvio. Ao contrário, os leitores mais novos tomaram a iniciativa de começar a leitura no mundo DC. Que melhor alternativa para começar a ler séries como Detective Comics, que no momento do reboot se encontrava no número #881? Este era o momento.

E a verdade é que funcionou. No mês em que saíram os primeiros comics New 52, a DC viu aumentar tremendamente a receita de todos os tipos de fascículo, desde os preferidos dos fãs, como Green Lantern e The Flash, mas também os novos e remodelados como OMAC e Batwoman. Oito das dez Bds mais vendidas dos meses seguintes pertenciam ao reboot da DC Comics, empurrando para nono lugar o aclamado Ultimate Spider-Man #1, da Marvel Comics, que inaugurou a personagem de Miles Morales.

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Logisticamente, a New 52 começa com um evento multifacetado, Flashpoint, que coloca o Flash no centro da narrativa. Quando Zoom adquire poderes como nunca antes, da Speed Force (que no Multiverso DC carrega os heróis que navegam a velocidades superiores à da luz), este volta atrás no tempo e modifica eventos cruciais no decorrer do cronograma mitológico DC. Com um mundo completamente modificado, Barry Allen acorda num multiverso onde a sua mãe ainda se encontra viva, Thomas Wayne torna-se no Batman e não Bruce Wayne, Martha Wayne no Joker e o mundo encontra-se em Guerra Mundial quando o drama atinge Atlantis e Themyscira, levando Diana Prince (Mulher-Maravilha) e Arthur Curry (Aquaman), antigos amantes, a lutar. Geoff Johns, Jim Lee e Andy Kubert mexeram as cordas cronológicas perfeitamente e Flashpoint acaba com um Barry Allen cansado e emocionalmente vazio a voltar a um mundo DC novo e modificado, ao mundo de New 52.

Desde novas histórias, ao recontar de histórias antigas, ao reimaginar de uniformes e personalidades, New 52 tinha de tudo; mas como em tudo, este multiverso teve os seus altos e baixos, altos e baixos esses que vamos referir, claro.

Aviso antes de mais que as opiniões que vou tecer são, por conceito, completamente subjectivas. A minha opinião pode ou não ser compreendida pelo leitor, pode ou não ir ao encontro da opinião da maior parte dos fãs e pode ou não ser corroborada por casos factuais concretos (por exemplo, quando digo que não gosto do Rob Liefeld, não sinto a necessidade de corroborar a minha opinião ao dizer que o escritor\desenhador, de renome no mundo da BD, escreve\desenha mal e tem uma visão americanizada, vulgar e xenófoba do mundo como um todo). No entanto, nenhuma opinião que vou tecer tem o objectivo de ofender ou injuriar o leitor ou o artista em questão (excepto o Rob Liefeld).

 

Pontos Altos

1. Batman de Greg Capullo e Scott Snyder

Não houve título, nos últimos anos que tive mais prazer em ler. O dueto de Greg Capullo e Scott Snyder marcou, inequivocamente, o passo para um bom início da Saga.

Começando com um reestruturar da mitologia criminosa de Gotham, Capullo e Snyder criam a Corte das Corujas\Cidade das Corujas, uma seita de personalidades marcantes, tão antiga como a cidade em si, que decide iniciar, passados séculos, o jogo de poder e sedução política que engendraram no submundo da criminalidade da cidade.

Depois de batalha após batalha, um Bruce Wayne debilitado e emocionalmente fraco recebe uma visita de um antigo amigo, que renasce das trevas para recuperar a sua face, literalmente, em Morte da Familia. Joker inicia assim, na New 52, um de muitos passados psicóticos, onde rapta toda a bat-família e inicia um jogo de caça ao homem, que leva Batman a recriar os episódios mais marcantes desta (in)amizade com o conhecido Clown Prince of Crime.

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Outro ponto muito positivo foi o evento Superheavy, que vê Bruce Wayne a perder a memória de alguma vez ter sido o Morcego de Gotham. Com o crime a aumentar, o Comissário Gordon, o Departamento de Polícia de Gotham City e a Indústria Powers são obrigados a fazer renascer o Morcego sob a forma de um Batman mecha robotizado, super-especializado, pilotado pelo próprio Gordon. A acção culmina no nascimento de um novo vilão, o misterioso Mr. Bloom, que tudo indica ter a capacidade de dar poderes a indivíduos comuns.

No geral, este título está muito bem conseguido, com o reboot, Capullo e Snyder mostram um Batman mais novo, menos experiente, mas igualmente motivado na luta contra o crime e pela justiça.

2. Batgirl de Gail SImone

Este título foi mais um risco. Barbara Gordon assume o papel de Oracle (Oráculo), uma mente engenhosa que assumia o papel de ajudante indirecto de Bruce Wayne nas noites de Gotham, após um ataque violento pelo Joker em The Killing Joke  a ter levado a perder o uso das pernas. Depois do reboot, Barbara recupera a utilização das pernas e recupera o título de Batgirl (em português Batmoça). Muitos leitores eram enormes fãs da personagem inteligente que ajudava Bruce em background e isso tornou a escrita de Gail Simone um marco difícil de ultrapassar.

Gail Simone, com a parceria dos escritores Brenden Fletcher, Cameron Stewart e a artista Babs Tarr alcançou algo soberbo. A nova e confiante Batmoça entra nos corações e na adrenalina de qualquer leitor e, de uma forma pouco condescendente, Gail Simone escreve uma das melhores personagens femininas na BD actual, utilizando um tipo de humor que não estamos acostumados a ler num título da bat-família.

3. Liga da Justiça de Geoff Johns

Existia imensa ansiedade na reentrada da grande equipa mitológica da DC. A Liga da Justiça seria o apogeu da New 52 e a DC Comics não olhou a meios para direccionar os melhores artistas. Desde Geoff Johns, que saía recentemente do título de Lanterna Verde de forma magnânima, a Jim Lee, icónico no mundo BD e Scott WIlliams. E funcionou. Embora tenha começado de forma estranha, com uma reunião de super-heróis que foi denominada por críticos e leitores como forçada e apressada, ao longo dos anos foi-se consolidando, em eventos que não conseguíamos largar, sendo que um deles acaba no fim deste mês: Darkseid War, em que a morte de o magna-vilão Darkseid leva a uma crise de poder que se reflecte no multiverso.

4. Superman: American Alien de Max Landis

Uma das grandes surpresas do ano foi uma prenda de um fã enorme do Super-Homem, Max Landis. Conhecido por ideias fora do comum, a DC Comics apostou na mente de um verdadeiro conhecedor da mitologia do super herói. O Cubo Geek já tem um artigo sobre este título que podes ler aqui.

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5.  Aquaman de Geoff Johns

Sabes que a DC Comics gosta de ti quando te dá uma missão de peso. E quando te dá duas sabes que gosta mesmo de ti. Geoff Johns teve não só uma prova de ferro, mas teve duas; depois de Liga da Justiça, a prova de voltar a devolver a masculinidade, de forma não forçada, que Arthus Curry\Aquaman perdeu durante anos de cyberbullying. Mas a confiança foi bem direccionada, é difícil pensar, depois de ler, por exemplo, O Trono de Atlantis\Throne of Atlantis, que este mega personagem de Atlantis alguma vez foi alvo de chacota.

 

Pontos Baixos

1. Batwoman de JH Williams IIIW. Haden Blackman

Não há título em que fico mais desiludido. Batwoman tinha tudo para ser o título de 2011 quando saiu. A arte de J. H. Williams III é fantástica, digna de um museu a cada painel, é difícil não nos depararmos a olhar interminavelmente para uma página que acabámos de ler, de boca aberta; e a escrita de Blackman é digna de livros. A parceria estava feita, e era o ex libris da arte. Por um lado, tínhamos dois artistas com uma química fantástica a escrever uma personagem homossexual, do sexo feminino, com uma personagem sem entrar em nenhum dos clichés incutidos pela sociedade. Era algo que dava prazer de ler.

Até que a própria DC Comics decidiu tocar no botão, e como um rio que desagua no mar, este rio reluzente desaguou nos esgotos. Quando o J. H. Williams IIIW. Haden Blackman propuseram o casamento de Kate Kane\Batwoman com a namorada Maggie Sawyer, a editora achou que esta tomada de posição em relação ao casamento homossexual, debate que na altura fervilhava nos Estados Unidos, poderia denegrir a imagem da empresa. E o tiro saiu pela culatra. J. H Williams IIIW. Haden Blackman afastaram-se de Batwoman, os fãs revoltaram-se, Batwoman saiu directamente dos tops mundiais e acabou de ser publicado depois de 40 números.

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2. Hawk and Dove de Rob Liefeld

Um título escrito e desenhado por Rob Liefeld tinha o meu completo cepticismo, e no fim de contas, foi completamente justificado.  A arte de Rob Liefeld não está ao nível dos outros génios mundiais e, tendo em conta a história desprovida de enredo e desenvolvimento emocional das personagens, a escrita do artista também não será o seu dom.

3. Red Hood and the Outlaws de Scott Lobdell Keneth Rocafort

Há pouco a dizer sobre este título, senão sobre a forma como tratou uma das personagens mais queridas da DC Comics, Starfire. Crianças que idolatravam a Starfire, dos desenhos animados Teen Titan, compraram este título à espera de ler sobre a personagem que lhes ensinou força ao sobreviver psicologicamente à morte de toda a família, população e planeta e, em contraste, depararam-se com uma versão ultra sexualizada de uma personagem cuja personalidade foi substituída por a de um ser que usa o sexo como estratégia de combate. Deplorável.

4. Evento Convergence

Este evento tinha todas as premissas para ser fantástico. Um ser multidimensional e multiversal como Brainiac, decide unir todos os universos do multiverso DC num campo de batalha onde os heróis terão de lutar para salvar a própria realidade. Era a épica batalha. Íamos rever os nossos heróis favoritos, como Elastic Man ou o Super-Homem pré-New 52, de novo a lutar pela própria existência. Ou o duo Blue Beetle e Booster Gold, que na sua demanda de nos fazer rir e chorar, nos ensinavam como funciona a verdadeira amizade entre dois super heróis. Não tivemos isso. Tivemos antes um misto confuso de tie-ins com pouco sentido e/ou acção, que se centrou em personagens que não conhecemos ou não queríamos rever.

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5. Super-Homem

Uma das vítimas do reboot foi Clark Kent. A mudança constante de artistas e escritores denegriu imenso a imagem do super herói ex libris da DC Comics. As histórias tornaram-se difíceis de acompanhar, principalmente devido às grandes diferenças de continuidade entre a Action Comics e o título major do Super-Homem, principalmente pelo facto de se distanciarem na cronologia em 6 anos. A falta de comunicação entre artistas mostrou uma falta de continuidade que rebaixou o repórter do Daily Planet.

 

Veredicto

O relançamento New 52 foi um momento de introspecção para a editora DC Comics. Os momentos altos deveriam ser repetidos e os momentos menos bons deveriam ser utilizados como um momento de reunião entre editores e artistas, de modo a manter a continuidade e interesse dos leitores. Alguns títulos tiveram histórias preguiçosas, enquanto que o que moveu outras, roçou o sexismo, xenofobia e homofobia, mas em contraste, outros títulos foram excepcionais. Um meio termo para o início do novo reboot, que os artistas continuam a frisar que não se trata de um. Seria ideal de maneira, aliado ao início do novo universo cinemático, o mundo da DC Comics se difundir de uma forma mais natural e exigente do leitor, mantendo o entretenimento ao máximo.

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