Eu vou ser o Rei dos Tachos!
Meus amigos, a receita de hoje vai ser muito simples. Vamos começar por pegar numa taça, e colocar dois litros de leite ecchi, seguido de um pacote de farinha de boa animação e dois ovos de anime shounen. Batemos até ficar uma massa uniforme, e vai ao forno durante 15 minutos. Ao sair cobrimos o bolo com uma camada de chantili de fanservice e enfeitamos com morangos de banda sonora bem ambientada. No final apresentamos o resultado ao júri do Master Chef. Aqui temos a receita de Shokugeki no Soma, a história de um rapaz de 16 anos que sonha tornar-se um grande chef. Para isso enfrentará outros cozinheiros, fará novos amigos e superará duras provas enquanto cresce como pessoa e chef.
[youtube url=”https://www.youtube.com/watch?v=pwxEpc5uu-Y”]
Fantásticos poderes! Explosões Gigantescas! Olhares vidrados! Se esperam encontrar os tradicionais valores de um Shounen em Shokugeki no Soma esqueçam. O único elemento aqui presente são as grandes batalhas mas com um ligeiro senão, são batalhas culinárias. Não derrotamos um grande mal, ou salvamos reinos e universos, aqui salvamos sim o nosso orgulho, carreira e futuro. Antes de vos servir o prato principal, vamos dar inicio à entrada onde vos vou explicar um pouco da origem de Shokugeki no soma, do seu autor e alguns conceitos base.
Shokugeki no Soma é uma obra serializada na popular revista Shounen Jump, sendo partilhada com três nomes. O Yuuto Tsukuda, como escritor, a Yuki Morizaki como modelo/chef culinária. e o Shun Saeki como ilustrador. Referente ao último tenho de mencionar que este autor antes de ilustrar Shokugeki no Soma, foi criador de mangas hentai – Menkui, Hanayome no Shikaku e Harem Time, foram as suas obras posteriores a Shokugeki no soma. Quis referir este ponto porque infelizmente Shokugeki no Soma é muitas vezes apenas rotulado de foodporn, que por um lado não deixa de ser verdade, mas por outro está errado como passo a explicar.
Para transmitir tal sentimento que este prato é divinal, o autor demonstra-o com cenas bastante eróticas ou sugestivas (para ambos os sexos), que até têm contexto e estão bastante bem adaptadas. Com o decorrer da série perderam o seu erotismo e passaram a ser mais cómicas, não chegando ao nível das de outra série anime, Amassando Ja-pão (Yakitate Japan) esses sim são mais cómicos e sempre à base de paródias dentro e fora do universo anime. Na minha óptica estes momentos apenas demonstram um dos instintos mais básicos do ser humano, a alimentação e o prazer de saborear um bom prato. Para terem a obra da Shaft Koufuku Grafitti, tentou o mesmo conceito, mas sem essência apenas para saciar outro instinto e não foi o da alimentação.
Passamos agora para o prato principal, o anime em si. Shokugeki no Soma relata a história e crescimento como chef culinário do Yukihira Souma (representado por Yoshitsugu Matsuoka), um rapaz que foi educado num ambiente culinário. Embora seja um génio na arte de cozinhar o Souma tem grande um desejo, criar pratos superiores aos do seu pai, Yukihira Joushirou (interpretado por Rikiya Koyama) uma lenda dentro e fora da cozinha, reconhecido internacionalmente e referido sempre com enorme respeito. Certo dia este decide viajar para aprender mais e fecha o restaurante.
Ao regressar a casa depois da escola o Souma fica surpreendido ao descobrir que está tudo de pernas para o ar! Isto porque na sua ausência uma agência de apartamentos de luxo que quer o terreno destruiu a maior parte do estabelecimento Yukihira. O Souma consegue provar que o restaurante tem o seu valor e a agência acaba por ficar convencida. No entanto o destino tinha reservada para o Souma a sua maior prova até a data, um desafio deixado do seu pai para terminar a sua formatura numa super escola de elite culinária onde apenas 10% dos seus alunos conseguem sobreviver. Assim que chega, o Souma tem logo um duro desafio. Tem de participar num exame de aprovação e a sua examinadora não é nada mais nada menos do que a Erina Nakiri (interpretada por Risa Taneda) conhecida por língua de ouro (nome sugestivo), basicamente uma Gordon Ramsey feminina.
Contra tudo e todos o Souma consegue vencer e faz quase da academia seus inimigos! Por fim este é enviado para o dormitório da estrela polar e lá conhece os seus colegas que também partilham sonhos semelhantes. A Megumi Tadoroko (interpretada por Minami Takahashi) uma menina que veio do campo, para tornar-se uma chef para deixar a sua família e amigos orgulhosos. O Satoshi Ishiki (representado por Takahiro Sakurai) que tem um grande segredo, e o hábito de vestir-se só com um avental. O Shin Ibusaki (interpretado por Taishi Murata) um indivíduo que só fala quando é necessário. O Marui Zenji (representado por Yuusuke Kobayashi) o membro mais inteligente e calculista, uma verdadeira enciclopédia culinária com pernas! A Ryouko Sakaki, (representada por Ai Kayano) uma rapariga de fácil relacionamento que especializa-se em pratos salgados. O Shouji Sato (interpretado por Kengo Kawanishi) e o Daigo Aoki (representado por Yanagita Junichi) dois indivíduos que brigam por tudo e por nada. A Yoshino Yuki (interpretada por Maaya Uchida) uma rapariga alegre, e responsável por criar os animais para consumo tais como galinhas. E finalmente a encarregada do dormitório da estrela polar a Daimidou Fumio (representada por Hitomi Nabatame) uma senhora que partilha um passado com o pai do Souma, conhecida por ser rígida, mas no fundo tem um coração doce quando reconhece talento e tenacidade.
Shokugeki no Soma segue a mesma linha de um shounen tradicional, encontra um desafio, supera esse desafio continuando, apenas temperado com pequenas doses de comédia O grande valor desta série não está na sua história mas sim nas interacções entre personagens e claro nos pratos culinários. É possível passar para a cozinha tudo o que vêem em Shokugeki no soma (coisa que não acontecia com Toriko), inclusive já fiz a minha versão do rolo de Bacon. Como se não bastasse durante toda a série aprendemos conceitos culinários como por exemplo tornar a carne macia ao mastigar, reduzir a acidez do limão num cozinhado ou até como preparar omeletas fofinhas ou Kinder “Ovo” surpresa. Esperem que a refeição não acabou, ainda temos a sobremesa.
O Estúdio de animação que animou mais uma das obras Shounen Jump foi o estúdio J.C Staff. Nos padrões de hoje em dia apresentou uma arte bastante impressionante e direcção artística acima da média, ainda mais tratando-se de um shounen. As personagens apresentam uma arte menos detalhada e trabalhada do que a sua versão manga, é certo, mas mesmo com uma arte mais limpa e simples não deixam de surpreender. Cores fortes, que felizmente não são saturadas. Ambientes que admito serem um pouco vazios, mas dada a natureza do anime são compreensíveis. Uma arte boa nas suas personagens, captando o espírito confiante e a tenacidade de Yukihira Souma ,os ares de Ojousama da Erina e finalmente a comida, dotada de uma arte tão boa que vos faz lamber o ecrã!
No entanto a respeito da animação todo o destaque vai para as cenas eróticas (sempre exageradas) ou foodgasms, como a comunidade as refere. É nestes momentos que a maior parte do dinheiro da produção é empregue, porque convenhamos são os momentos mais fluídos e versáteis neste anime.
Referente à banda sonora, está muito bem ambientada, em especial nos momentos culinários servindo de antecipação e ligando o espectador à série. Não posso deixar de destacar a musiquinha durante os momentos foodgasm, o épico nas food battles (parece saído de uma batalha num JRPG), da confiança e crescimento que recebemos depois de superar uma dura prova, o tema dos Irmãos Aldini (uma mistura de mexicano e italiano) ou finalmente do épico preview que metia-me a salivar e repetir a dose. Como se não fosse bastante as suas aberturas e encerramentos foram igualmente muito boas. As aberturas foram o contraste uma da outra, a primeira Kibou no uta, (canção da esperança) relata com evidência os duros desafios que o Souma viveu e viverá daqui em diante enquanto cresce como chef, ao passo que a segunda, Rising Rainbow, já evidencia tanto neste como nos seus colegas um espírito mais confiante e tenaz. Já nquanto aos encerramentos, ambos retratam harmonia e união. O primeiro, o contagiante Spice, além de evidenciar o fanservice, destaco dois momentos, um nacional e outro religioso. No momento que diz fura fura, fura furaaaa, uma onomatopeia que significa estar à deriva, tivemos batatas fritas no ecrã, o que pensei? Óleo Fula. O segundo já é bem interessante reparem que a ceia que temos no final do encerramento, remete para a pintura religiosa de Leonardo da Vinci, A última ceia. Enquanto o segundo Sexy Curry no Sacchan (O Curry sexy da sacchan) remete para a relação entre e Erina e a sua colega Hisako Arato.
A J.C Staff está mesmo de parabéns na adaptação e direcção desta obra.
Shokugeki no Soma é uma obra anime que até pode ser educacional e didáctica devido aos seus conceitos e ambiente. Um shounen que não saturou, na verdade até soube a pouco. O meu único senão da série foram os momentos finais que mais pareceram um poll de votações do Master chef, e foram cerca de três episódios neste ponto. No final Shokugeki no Soma é uma experiência altamente recomendada para quem é profissional de cozinha, gosta de cozinhar ou simplesmente quer inovar e aprender novos conceitos culinários.
Espero que tenham gostado da refeição!