Uma temporada recheada de altos e baixos! Quem acompanhou aqui connosco, no Cubo Geek, sabe que esta temporada se revelou verdadeiramente emocionante em certa parte e noutra um tanto agonizante. A grande diferença de uma temporada para a outra foi a desmistificação de todo o segredo em que Wayward Pines estava envolto e que levou a que os episódios da primeira temporada fossem lançados globalmente ao mesmo tempo para que os fãs não apanhassem spoilers.
A primeira temporada foi realmente incrível e a forma como a FOX distribuiu a série foi crucial. Esta segunda temporada já não mereceu tanto empenho. Não houve grandes mistérios para o público, só os Abbys que carregaram todo o nosso interesse na série.
Blake Crouch, Chad Hodge e os seus ajudantes proporcionaram-nos uma impressão mais abrangente da gestão da vida na comunidade, apontando ocasionalmente o guião na direcção de questões que nós próprios como comunidade nos debatemos. Orientações sexuais de personagens, incapacidades de servir a população, atitudes para com o meio ambiente, testes de diferentes caminhos que o ser humano pode trilhar para tentar que as surpresas que ainda estiverem para vir não abalem a confiança e o altruísmo humano.
Além disto, foi-nos doseada uma quantidade de informação que foi fascinante de se seguir tão aos poucos episódio a episódio! A tensão que comprometeu sempre a sobrevivência humana nesta temporada foi o que agarrou o público à mesma, por mais personagens que lhe metam, Xanders, Rebbecas, Franks e Lucys… Tínhamos imensas personagens, tantas que se deram ao luxo de descartar outras, sem tempo para o espectador sentir o momento e aperceber-se da importância que tais tiveram na história. Tantas personagens que se deram ao luxo de não nos deixar fixar em nenhuma em particular, até começarmos a preocuparmo-nos mais com o Jason.
Não cheguei a sentir saudades da outra temporada, pois o ritmo desta foi sempre a despachar, sem tempo para nos deixar olhar para trás, e, no entanto, muita coisa foi fillers só para construir os últimos episódios. Quando olhamos para uma temporada e para a outra, a diferença é muito evidente na tonalidade. A primeira foi obscura, esta foi expositiva e em certa parte parecia-se desenrolar como uma novela.
Houve muito conflito entre personagens que foi uma completa perda de tempo.
A nível de realização, senti muitas sequências de acção confusas. A forma como orquestraram os grandes eventos com os Abbys não teve o planeamento que estava à espera e o resultado foi um agravamento na falta de tempo e de construção de momentum para as consequências acontecerem.
A nível de atuações, quem se destacou mais foi Hope Davis na sua personagem de Megan que me fez odiá-la até à sua alma. Gostei muito da interpretação de Djimon Hounsou como CJ, uma personagem mais humana que todas as outras e que nos projeta as emoções mais profundas de toda a temporada. Tom Stevens também nos fez ver as várias faces que um ditador que precisa de ser forte para o seu povo. Jason Patric em Theo foi a voz da razão que tentou guiar a personagem de Tom com a sua sensatez profunda, enquanto o ditador tinha momentos de descontrolo. Kacey Rohl tem vindo a florescer nos seus papéis e a mostrar-nos do que é capaz. Como resultado, Kerry Campbell foi a personagem que conquistou o público com os seus momentos mais altos e baixos e dirigiu o desencadear de acontecimentos.
Houve muito conflito entre personagens que foi uma completa perda de tempo. Não gostei de seguir a Rebecca, o Xanders, Frank, Lucy… O tempo de antena deles foi excessivo. Outras personagens da primeira temporada também me aborreceram por dois motivos: não tiveram atenção quase nenhuma; já nem as podia ver à frente porque não deixavam que a história se desenvolvesse. Na outra face da moeda, as personagens que mais se destacaram nesta temporada criaram momentos bastante revigorantes quando já pensávamos que não tínhamos interesse na comunidade. CJ, Megan, Jason, Kerry surpreenderam-me com grandes momentos que se criaram e que marcaram toda a história. Embora Theon pareça a personagem principal, senti a personagem tão genérica que não me agarrou nem por sombras.
A procura por respostas em relação ao que íamos descobrindo acerca dos Abbys deixou-me tão sedenta por mais desenvolvimentos que todos os conflitos entre personagens e discussões pareceram demasiado mundanos para o momento.
Em suma, foi uma boa temporada para perscrutarmos Wayward Pines da forma que não tinha sido possível na primeira temporada e ainda veio a agarrar-nos com cada nova revelação acerca dos Abbys. Estou decididamente agarrada à serie e a espera por mais episódios é agonizante!