“Kyle”
Enquanto ainda grávida, Rebecca e Jack decidiram os nomes dos pequenos trigémeos: Kate, Kevin e Kyle – tal como o nome do episódio indica. A semana passada pensei que Kyle se iria referir a uma personagem nova, mas ao que parece, o caso não é exactamente esse. Ainda que a vida lhes tenha trazido um contratempo com a perda do terceiro bebé, o casal decide adoptar o pequeno que tinha sido deixado à porta dos bombeiros. “Parecia o destino”, confessaram ambos em ocasiões diferentes e tenho a certeza que todos nós começamos a concordar também.
Mas a memória do falecido bebé, ainda assim, parece não ter abandonado completamente a ambos os pais. Eles têm maneiras muito diferentes de lidar com essa perda: Jack agarra-se cada vez mais aos três pequenos e direcciona os seus medos para a acção, enquanto Rebecca fica mais distante e com medo que o pequeno Kyle (que nós conhecemos como Randall) não tenha uma ligação com ela. Isto torna a história mais terra-a-terra, gosto desta decisão no argumento: não vemos apenas eles embarcarem nesta nova vida e aventura de recém-pais. Este tipo de situações não costumam ser fáceis e embora cada pessoa tenha uma maneira diferente de lidar com eles, é mais realista que o assunto não seja simplesmente colocado de lado ou mencionado brevemente numa conversa entre duas personagens. Segundo o médico, que também aparece neste episódio, “o depois é sempre a parte mais difícil” e o argumento conseguiu-nos convencer disso. Mas ainda assim fiquei a pensar: então, porque foi que Kyle passou a ser Randall?
A semana passada o episódio terminou com a visita de Rebecca e o seu marido à família de Randall quando William, o pai biológico de Randall, ainda lá estava. Não conseguindo manter o segredo, Randall decide contar à mãe do seu encontro com o pai, da doença dele e que este esteve presente na sua casa durante a última semana e esta pede-lhe um momento a sós com William. Vimos a descobrir que Rebecca, ao que parece, viu William ao sair do hospital com os recém nascidos e decide procurá-lo para acalmar alguns dos seus receios. Todo este tempo, enquanto Randall procurava o pai biológico, Rebecca sabia quem ele era. É frustrante e a maneira como ela parece esconder este segredo começa a criar algumas dúvidas na minha cabeça sobre o futuro desta personagem – o que será que esconde mais? Mas claro, Randall não sabe de nada… por agora.
Depois de metade da semana a sufocar com o dia-a-dia, um novo episódio de This Is Us tem sido a melhor dose de descontracção.
Adorei a maneira que William decide encarar os problemas entre a ligação de Rebecca com o pequeno: ela está a dar-lhe o nome, e inconscientemente a identidade, de uma criança que faleceu. Por sua vez isso torna-a mais distante. Isto só é mostrado nas entrelinhas da conversa de ambos, uma maneira muito inteligente de cativar o público a procurar os pormenores sem eles serem dados de forma gratuita e explicita. William não diz “ele não é o filho que perdeste”, mas diz-lhe que ela devia dar ao bebé o seu nome. Os argumentistas parecem compreender que quem está a assistir a esta história tem inteligência emocional suficiente para apanhar o contexto por detrás das palavras, o que por sua vez agrada-me bastante. Ao que parece, o nome de Randall provém do nome do poeta Dudley Randall, alguém que William admira.
Mas o episódio não se ficou só por aqui – se bem que foi a parte mais interessante e claramente o foco deste capítulo. Com a desistência do programa do qual era estrela, Kevin decide mudar-se para Nova Iorque onde tem como objectivo agarrar-se ao teatro e Kate – a gémea inseparável e assistente pessoal do seu irmão – quer acompanhá-lo nesta nova etapa sem sequer se questionar acerca do que isso iria representar para si e para a relação com Toby.
Eu adoro o Toby. É aquele tipo de personagem romântica e meio lamechas que se esconde atrás de um escudo de humor negro e descontracção. Mas ele é também incrivelmente atencioso, até nos mais pequenos pormenores. Fiquei completamente derretida quando ele decide tratá-la como uma estrela por um dia: carpete vermelha, limusina, câmara na mão tipo paparazzi e o seu primeiro espectáculo marcado. É claro que Kate entra logo em pânico (quem não entraria?) mas Toby não desconsiderou o seu medo do público. “É um lar de terceira idade”, confessa, “[…] e uma boa parte deles viveu a Segunda Guerra Mundial por isso, se fores má, eles de certeza que já viram pior”. Kevin acaba por partir para Nova Iorque sozinho quando ambos os gémeos se apercebem que está na hora de crescer: viveram demasiados anos agarrados um ao outro e agora precisam aprender mais sobre si, sozinhos. E têm razão! Estou curiosa para perceber se a dinâmica destas personagens será tão boa quando separados como tem sido enquanto estiveram juntos. E Kate… Lá se deixa envolver mais intimamente com Toby. Eu do outro lado do ecrã estava quase a atirar confetis e a gritar ‘viva!!!’.
Já tinha confessado que gosto da minha dose de lamechismo e romantismo (Q.B.), mas esta série até agora não me tem desapontado com este equilíbrio perfeito e estou longe de me cansar de assistir semana após outra. E o argumento, a forma como se desenvolve sem ser demasiado previsível… É quase orgásmico. Quase. Já estou ansiosa pelo próximo. E quero descobrir o que aconteceu ao Jack!!!