Um mundo onde os mutantes com poderes fantásticos se tornaram no normal e com isso surgiu a profissão de sonho, os super heróis. Este é o mundo de My Hero Academia, onde seguimos a história de Izuku “Deku” Midorya na sua viagem numa escola especializada para treinar heróis e tornar-se no número um… O típico anime Shounen. A segunda temporada foi uma surpresa no sentido em que teve o dobro dos episódios esperados e adaptou de forma completa 3 arcos da versão mangá.
O festival desportivo ocupou toda a primeira parte da temporada, uma competição entre os alunos da escola para demonstrar as suas capacidades aos verdadeiros profissionais. Ao início os jogos davam um twist interessante à formula gasta dos “torneios” que é bem usada e abusada neste género. O génio do protagonista brilhou nestes momentos com muito improviso e introduziu formalmente Todoroki, um novo rival que tinha apenas pequenas cenas insignificantes na temporada anterior. Através desta personagem e do ódio que ele tem pelo seu pai, um famoso herói, é nos mostrada o lado negro desta sociedade de justiceiros que até agora era principalmente pintada de branco e deu uma identidade mais interessante à série.
Mas apesar do seu inicio fantástico o arco acabou de forma flácida quando foi introduzido um verdadeiro torneio de batalhas mais clássico que no seu geral aproveitou muito mal o enorme leque de personagens que estavam disponíveis. Não te deixes enganar com a minha negatividade, tivemos momentos fantásticos quando o foco era centrado nas personagens principais. Por exemplo, Uraraka que até agora era apenas a típica melhor amiga obrigatória do protagonista. Mas senti tudo o resto muito apressado, mesmo com as cenas novas introduzidas no processo de adaptação. E o facto de o arco estar inundado com as malditas repetições para cortar nos custos da animação, aquelas que têm a mania que somos estúpidos o suficiente para nos esquecer das coisas cinco minutos depois, só deixa um gosto ainda mais amargo na minha boca.
Felizmente a partir dessa parte houve um salto considerável na qualidade, tanto na história, como na animação e na apresentação. Foram introduzidos dois novos antagonistas principais excelentes e extremamente interessantes e o vilão da temporada anterior levou uma boa dose de desenvolvimento de carácter. Este pacote 3 em 1 maquiavélico levou o mundo da história para um lugar muito mais sombrio, mas sem sacrificar a boa disposição colorida que já existia desde o primeiro episódio. Para não falar da transformação de Deku, Todoroki e Iida que largaram muita da sua bagagem e saíram daqui com uma caracterização muito mais rica.
Mas quando nos aproximamos do final é que se viu bem os problemas que uma adaptação anime encontra, que podem ser facilmente evitados com algum trabalho e competência. Algo que se vê bem que esta equipa tentou mesmo remendar, mas o buraco não ficou lá muito bem arranjado. Para conseguirem fazer um final, um problema inexistente na mangá original que sempre teve um capitulo novo todas as semanas, as ordens dos eventos foram alteradas e ainda levamos com um filler em cima para que o número dos episódios batesse certo. O resultado final foi longe de ser desastroso, até foi relativamente fiel, mas mesmo assim alguma informação foi perdida no processo…
E é isto que está a marcar a minha opinião nesta critica, talvez por estar mais fresco na minha mente comparativamente ao resto. My Hero Academia é uma boa mangá, não por reinventar a roda, mas por usar as fórmulas certas nos momentos apropriados e o anime tinha tudo para trazer esta experiência fantástica para a televisão… Mas não foi isso que aconteceu. Os problemas que teve são bem típicos neste tipo de adaptação e bem podiam ser evitados. Isto faz com que o anime pareça algo genérico no meio de tanta concorrência… Não devia ser assim!
A temporada está cheia de grandes momentos que me dão uma vontade enorme de carimbar um “Bem Bom” como nota final, mas as falhas são as suficientes para arrastar tudo pelo cano abaixo. Com sorte as coisas melhoram para a próxima…