Após quatro temporadas de qualidade variável, The Strain chegou ao fim. E chega ao fim sem brilho ou esplendor, e quase que por arrasto. Guillermo del Toro parece ter-se desassociado da série totalmente, não tendo escrito qualquer episódio, e Chuck Hogan provavelmente queria ver-se livre disto o mais depressa possível e escreveu os episódios em 10 minutos para encerrar aquilo que tinha muito potencial, mas nunca o demonstrou totalmente. Pergunto-me se Carlton Cuse sabe sequer que isto ainda existe?
The Strain começou bem em 2014, mas a sua qualidade tem vindo a descer a pique, e o que eram para ser 5 temporadas, caso a série tivesse sucesso, acabou em 4, algo que foi anunciado aquando a renovação da série. A verdade é que provavelmente 4 temporadas teria sido sempre o melhor e o que deveria ter sido planeado desde início, e não termos 2 temporadas baseadas no segundo livro, uma no primeiro e uma no terceiro, como acabou por ser.
Esta quarta temporada de The Strain foi uma desilusão. Foram 10 episódios preenchidos de quase nada. Um verdadeiro encher chouriços até poderem ter o confronto final com o Mestre. Aparentemente também houve uma espécie de metáfora com o tema do amor, que pouco sentido fez e parece apenas inserida a martelo para fazer desta temporada final mais feliz para as personagens e satisfatório no geral. De satisfatório, esta temporada teve pouco. As personagens andavam perdidas sem fazer muito que pudesse incomodar o Mestre. Eph, Gus e Dutch são casos particularmente graves disso, porque ao menos Quinlan e Fet tinham como missão roubar a bomba atómica. As personagens secundárias foram maioritariamente mal tratadas, colocadas em segundo plano ou de parte sem lhes ser dada grande importância.
Os problemas na história não se ficaram por aí. Há relações reatadas quase dois anos após terem sido deitadas fora, e personagens que desaparecem, que nunca mais se ouve falar e que ficam sem qualquer tipo de conclusão. O Lumen, que foi o foco da maioria da série, também sofre com o absoluto nada que foi esta temporada, que pareceu ser forte em deixar para trás enredos e plot points importantes.
A personagem de Zach é outro problema bicudo. Uma pessoa que é uma autêntica idiota que toda a gente quer ver morta não pode ter um arco de redenção martelado perto do fim. Isso tem de ser construído. Simplesmente não funciona assim. Não se pode ter uma personagem a ser construída como algo só para ter um plot twist no fim. Isso destrói todo o trabalho feito até ao momento só para atirar uma bola curva ao público.
Os strigoi parecem ter perdido a capacidade de pensar. Criaturas com super velocidade e força que deixam de usar isso porque o enredo assim o requer. Não há lógica. Apenas se deixam cair em armadilhas absurdas que não lembram a ninguém, especialmente porque em temporadas passadas isso não acontecia. A acção também foi fraquita, muito por culpa da falta de orçamento para filmar uma série que pela sua premissa é naturalmente cara.
Apenas com 10 episódios, também não há justificação para tanto flashback completamente inútil. De facto, com apenas 10 episódios, não há justificação para cerca de 70% das coisas que aconteceram, mas estas estão lá sem grande motivo aparente. Existiu apenas um grande momento, e incrivelmente satisfatório, nesta temporada final, e foi o confronto entre Abraham e Eichrost. Sinceramente, a série podia ter acabo aí, pois foi o ponto alto da temporada.
Em termos de elenco, Corey Stoll é de longe aquele que mais grita internamente que se quer ver livre disto para usar o seu talento em locais melhores em vez de gastar metade do seu ano a filmar a série. O que era antes o destaque da série, foi agora provavelmente dos elementos mais fracos. O resto do elenco disfarça melhor, e também é verdade que não tem grande material com o qual trabalhar (e alguns têm pouquíssimo tempo de antena). Rupert Penry-Jones foi o ponto alto, como o strigoi Quinlan, interpretando uma personagem que merecia uma série melhor onde estar.
A quarta temporada de The Strain foi fraca com apenas um ou outro bom momento que a salva da classificação mínima. A primeira temporada foi muito boa, a segunda caiu imenso no departamento da qualidade e foi uma borefest, mas a terceira recuperou um pouco, e apesar do seu orçamento e valores de produção claramente mais baixos, teve uma história mais interessante e mais acção que a segunda temporada. Esta temporada final parece ter sido feita à pressa, sem grande atenção a detalhes e para despachar, como se toda a gente envolvida quisesse avançar para outros projectos o mais depressa possível. Uma pena.