Partilha no Facebook
Partilha no Twitter

Ok, pronto, agora que já toda a gente viu o Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça, vamos falar do filme sem andarmos com medo de pisar em spoilers. Porque este filme é muito polarizante! Basta verem na crítica que eu escrevi a semana passada, na qual eu dou uma pontuação de 4/10 e a média das pontuações dos fãs está em 9/10. Isto é uma diferença demasiado grande para não ser significativa. Portanto o meu objectivo com estas discussões é verbalizar as minhas reacções emocionais ao filme enquanto o via e nos dias seguintes enquanto pensava nele.

Depois de ter discutido o Batman, o Super-Homem e a Mulher-Maravilha, vamos falar da Lois Lane, do Lex Luthor e do Doomsday.

lex-lois-161580

A Lois Lane é capaz de ser a personagem mais irritante do filme. Em primeiro lugar há toda aquela cena em África que a atira numa investigação atrás de balas ultra-secretas que acaba por ser inteiramente desnecessária e inconsequente. Depois está sempre a precisar de ser salva pelo Super-Homem. Depois há toda aquela cena extremamente parva quando, depois do Batman estar quase a matar o Super-Homem e a Lois intervir dizendo “Martha é o nome da mamã dele!”, ela pega na lança pré-histórica com uma ponta de kryptonite que o Batman ia usar e a atira para dentro de uma poça de água porque “Não! Lança má! Vai embora!”. Depois, quando o Super-Homem percebe que afinal vão precisar da lança, a Lois Lane percebe isso à distância e lá tem ela de se meter outra vez dentro de água para recuperá-la.

O Alfred é engraçado.

O Lex Luthor é uma das minhas partes preferidas do filme. Há uma tendência recente de fazer com que os vilões dos filmes sejam amálgamas maléficas de génios tecnológicos à frente de corporações de desenvolvimento científico, habitualmente uma mistura de Bill Gates, Elon Musk e Mark Zuckerberg. Faz sentido, um dos medos actuais é a inovação tecnológica quase incompreensível e são essas as caras que as pessoas atribuem a isso. Jesse Eisenberg transforma o Lex Luthor numa espécie de Mark Zuckerberg psicótico, e a sua interpretação é muito boa. Ele deu-lhe uma quantidade de tiques e padrões de linguagem que constroem muito bem a impressão de uma pessoa que é demasiado inteligente para o seu próprio bem, uma intensidade que sugere raiva e agressividade reprimidas por debaixo de um verniz fino de simpatia artificial e amoralidade.
Gosto particularmente do discurso dele na inauguração da biblioteca, onde ele consegue engasgar-se, hesitar, gaguejar, perder-se em tangentes, ser incoerente e ao mesmo tempo explicar (mais ou menos) exactamente porque é que não gosta do Super-Homem.

screen-shot-2015-12-02-at-111807-pm-161542

O que é pena é que depois a motivação do Lex Luthor esteja tão mal desenvolvida. Eu percebi que tem qualquer coisa a ver com ele não gostar de Deus, e de o pai lhe bater, mas para além disso é mal explicado porque é que ele quer matar o Super-Homem. E o plano dele é ainda mais convoluto e ineficiente. Passa por de alguma forma manipular o Batman a matar o Super-Homem, ao mesmo tempo roubar kryptonite para fazer uma arma para matar o Super-Homem, que depois o Batman rouba de volta (não se percebe como), e ao mesmo tempo criar o Doomsday para matar o Super-Homem. O quê?

O Doomsday… eu queria gostar mais do Doomsday. É demasiado parecido ao troll do Senhor dos Anéis, que mesmo 15 anos depois do Senhor dos Anéis ter saído continua demasiado presente na minha mente para não me distrair do Doomsday.
Por outro lado o Doomsday é pesado e grande, e isso é um grande ponto a favor. Acho que a força inimaginável destes seres está muito bem transmitida pela realização e sobretudo pelo som do filme. Por outro lado, o Doomsday está a dar porrada ao Super-Homem, depois de estar bem estabelecido que o Super-Homem é ultra-poderoso e quase indestrutível, eu queria um bocadinho mais de build-up ao monstro que o vai confrontar. O Doomsday aparece demasiado depressa e com pouca explicação para o porquê de ser tão poderoso para além de ser derivado do Zod. E porque é que o Lex Luthor mistura o seu próprio sangue com o do Doomsday? É para pôr um pedaço de si na criatura que vai derrotar o Super-Homem? É para criar um híbrido ainda mais monstruoso? Não sei, nunca há consequências disso nem volta a ser mencionado de maneira nenhuma. Será que é uma ponta solta para ser apanhada noutro filme? Seja o que for é um pormenor que não está lá a fazer nada e só distrai. Tenho de mencionar ainda, apesar de não ter desgostado disto, o espectáculo de luzes que o Doomsday traz consigo para onde quer que vá é impressionante e faz a inveja de qualquer discoteca.

doomsday-10-161498

BvS poderia ter sido um filme muito interessante de desenvolvimento da personagem do Lex Luthor, que começaria como um génio socialmente desenquadrado mas dono de uma corporação multimilionária com investimentos em tecnologias e muito trabalho humanitário. O filme desenvolver-se ia com a introdução do Super-Homem que de alguma forma poria para segundo plano o trabalho da Lex Corp., e cuja inteligência do Lex Luthor faria com que ele percebesse que o Super-Homem tinha potencial para ser uma enorme ameaça para o planeta. Este medo, frustração e paranóia fariam com que ele fosse lentamente, subtilmente, mas crescentemente perdendo contacto com a humanidade e com a realidade, escalando cada vez mais as suas tentativas para superar e travar o Super-Homem, e eventualmente levá-lo-ia a cometer atrocidades em nome da humanidade.

O que achaste dos vilões do filme?
  • LÊ MAIS SOBRE
  • Gal Gadot
  • Henry Cavill
  • Jesse Eisenberg
  • Mulher-Maravilha
  • Super-Homem
  • Discussão
  • Batman
  • Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça
  • Ben Affleck
Partilha no Facebook
Partilha no Twitter
DIZ ALGO SOBRE ISTO!
Este espaço é disponibilizado para comentários sobre o tema apresentado nesta publicação. Respeita a opinião dos outros e mantém a discussão saudável.
Os comentários são moderados de acordo com os Termos de Uso.
É possível deixar um comentário em anónimo. Basta clicar no campo de texto "Nome" e seleccionar a opção "Publicar comentário sem iniciar sessão".