O filme de Luc Besson de ação e ficção-científica Lockout – Segurança Máxima não deve fazer parte da lista de filmes favoritos de ninguém – mas não deixa de ser divertido mesmo que terrível. Lockout – Segurança Máxima tem Guy Pierce como um tipo bom que vira mau e que vira bom outra vez, que é obrigado a resgatar a filha do Presidente de uma prisão a orbitar à volta da Terra.
No entanto, houve alguém que realmente não gostou do filme, e esse alguém foi John Carpenter – o lendário realizador achou que o enredo de anti-herói-resgata-a-filha-do-Presidente-de-um-lugar-perigoso-e-inescapável era demasiado parecido com o seu clássico Nova Iorque 1997, no qual Snake Plissken interpretado por Kurt Russel faz exatamente isso.
Então, ele processou a companhia EuropaCorp e os guionistas Besson, Stephen St. Leger, e James Mather por plágio, e – surpreendentemente – ganhou.
Estes tipos de casos de roubo intelectual raramente têm finais assim tão decisivos, mas um tribunal Francês decidiu em favor de Carpenter. Na sentença colocada no Observatoire europén de láudiovisuel, o juiz disse que as diferenças entre os filmes Escape – incluindo a sequela de 1996 intitulada Fuga de Los Angeles – e Lockout – Segurança Máxima podiam ser atribuídas a desenvolvimentos tecnológicos e geracionais entre as produções dos filmes. Mas além disso, contudo, as histórias são demasiado similares.
O tribunal mesmo assim notou muitas semelhanças entre os dois filmes de ficção-científica: ambos apresentavam um herói atlético, rebelde e cínico condenado a um período de encarceramento isolado —apesar do seu passado heroico— a quem é dada a proposta de partir para libertar o Presidente dos Estados Unidos ou a sua filha feitos reféns em troca da sua liberdade; ele consegue, sem ser detetado, entrar dentro do lugar onde o refém está a ser mantido depois de uma luta num planador/vaivém espacial, e descobre aí um antigo associado que morre; ele completa a missão em caso extremo, e no fim do filme fica com os documentos secretos recuperados durante a missão.
O tribunal também sugeriu que as semelhanças eram óbvias o suficiente para terem sido «apanhadas num número de artigos de imprensa» – incluindo Philip French do Observer, que comentou na sua crítica de 2012 a Lockout – Segurança Máxima que «Carpenter, contudo, pode muito bem considerá-lo um remake… de Nova Iorque 1997.»
Assim, determinado que «as diferenças em local da ação e a mais moderna personagem em Lockout – Segurança Máxima não eram suficientes para diferenciar os dois filmes», o tribunal Francês ordenou à EuropaCorp que pagasse um total de 90,792 dólares a Carpenter; 22, 698 dólares aos escritores – 5,674.50 dólares para Carpenter e Nick Castle – e 56,745 dólares para o acionista StudioCanal.
Estas quantias podem parecer mínimas considerando a magnitude do caso, mas a própria decisão é o que é importante e significativo aqui – pedir emprestadas ideias e temas de obras passadas sem realmente pedir é a prerrogativa dos criativos, mas este caso essencialmente disse que há um limite entre homenagem e roubo.