O volume 3 de Captain America: Steve Rogers, de #12 a #16, foi o clímax da nova história do herói mais famoso da Marvel, que deu-nos a sensação de que mudar Steve Rogers para o lado da Hydra não foi uma escolha tão má.
Inicialmente pode-se dizer que a ideia de escrever uma história com Steve Rogers como membro da Hydra não foi bem aceite, visto que o herói é conhecido pela sua ética e moral, quase intocáveis, o que nunca combinaria com uma organização fascista, a princípio liderada pelo seu principal rival de sempre, Caveira Vermelha.
Eu fui uma das pessoas que acharam isso uma péssima ideia. Depois, ao longo dos números, foi-se percebendo que isto não nasceu do dia para a noite. Até que usar o Cubo Cósmico para alterar a realidade que conhecíamos e transformá-la nesta polémica viragem de jogo não foi mau. Porque por mais que pareça um recurso preguiçoso, que dá demasiada liberdade criativa ao escritor Nick Spencer, esta estratégia fez sentido. Toda a história é bem amarrada, e ao mesmo tempo que a excessiva liberdade criativa pode ser má, ela é boa simplesmente pelo facto de não precisar de muito para dar-nos uma história coesa e no mínimo merecedora do nosso tempo.
Entretanto, a versão fascista de Steve Rogers de Nick Spencer começou a chamar mais atenção depois de muitos números – leia-se depois de Secret Empire. A história aprofundou-se no passado modificado de Steve, e principalmente na abordagem lenta e cuidadosa do lado malvado do Capitão América. Era provavelmente por isto que tu esperavas, já que continuaste a ler a BD, mesmo com alguma rejeição. O que nós queríamos ver era a briga acontecer, porque este é o tipo de coisa que só acreditamos se vermos.
Depois de Secret Empire, a história ganhou mais emoção, e arrisco a dizer que salvou toda a BD de queda ainda mais terrível de leitores. A relação de amor e ódio entre Steve e Elisa Sinclair, as nuances de personalidade Steve, a eminência de uma guerra que poderá mudar tudo ainda mais do que já está alterado, e a briga pelos fragmentos do Cubo Cósmico são pontos interessantes que não nos deixam abandonar a leitura. Noutras palavras, Secret Empire salvou Captain America: Steve Rogers, se estabelecendo tanto como leitura complementar como história independente.
Mas os pontos positivos não páram por aí. Além de um enredo que tornou-se interessante quase de forma abrupta, também há o teor de crítica social inserido na forma como Nick Spencer decidiu guiar a BD. A existência de uma organização fascista nos dias de hoje faz-se importante para assegurar a proximidade com o leitor. Ou seja, é mais fácil, e mais palpável, absorver a mensagem sobre o fascismo que a história propõe. Isto é óptimo, e funciona muito bem.
No geral, Captain America: Steve Rogers está num bom caminho. Aparentemente os seus conflitos, praticamente criados um para cada número, fazem sentido e não são introduzidos sem nenhuma explicação coesa. Nick Spencer está a fazer um óptimo trabalho a convencer-nos que uma história sobre Steve Rogers na Hydra pode ser muito interessante. É possível gostar verdadeiramente desta história, mesmo que no fundo possamos pensar que ela é um tanto desnecessária, já que esse novo Capitão América não deve durar por muito tempo.
Captain America: Steve Rogers Vol. 3 compila do número #12 ao número #16.