Aliens: Defiance de Brian Wood e Tristan Jones – anunciada no ano passado na NYCC –, tal como imensas histórias de Aliens anteriores utiliza muitos dos tropes já bem conhecidos do franchise – uma equipa de Fuzileiros Coloniais investiga um lugar deserto, acabando por encontrar um ninho de xenomorphs, no qual a Weyland-Yutani Corporation tem, com sempre, muito interesse. Exceto que desta vez, o escritor resolve dar um twist à coisa – o sintético que funciona mal é novamente um plot twist, mas é um diferente e mais altruísta, e acaba por refrescar este género de enredos, que são já demasiado usados. Jones e o colorista Dan Jackson dão ao horror um toque deveras medonho, e a equipa criativa toda consegue fazer uma introdução bem tensa e excitante.
Aliás, é de louvar a forma como Wood e Jones levaram partes da história de volta aos básicos – por exemplo, a desesperada batalha contra a horda de alienígenas é, na sua maior parte, silenciosa, tomando lugar nos confins claustrofóbicos de uma nave perdida. Esta técnica, claro está, evoca logo a tagline «No espaço ninguém te ouve gritar» do filme original Alien – O 8º Passageiro de Ridley Scott, algo que muitos fãs acham que foi esquecido nas subsequentes sequelas e tie-ins, que ficaram cada vez mais barulhentas e com mais ação. Este sentimento de desolação remota está aqui sempre na primeira fila, e Wood captura-o perfeitamente no seu guião, enquanto Jones transmite-o perfeitamente com os painéis escuros.
Depois de um breve prólogo que apresenta aos leitores da série a personagem principal – Zula Hendricks –, Wood e Jones estruturam a sequência de abertura com uma série de painéis horizontais, que gradualmente revelam os créditos dos criadores, e que fora isso não têm mais palavras – mais uma vez invocam a prolongada, sombria e muda abertura do primeiro filme. Existe igualmente aqui uma ligação a esse filme e à mais conhecida heroína do franchise – e dessa forma também ao mais recente videojogo – apesar de a relevância desse cameo não ser estabelecida neste primeiro fascículo – pode até ser apenas um piscar de olho aos fãs.
Tristan Jones dá a todos os seus ambientes na nave abandonada um aspeto frio e usado, como seria de esperar desta localização remota e hostil; mas na povoada base lunar, tem tudo uma espécie de frieza estéril. Do mesmo modo, Jackson mantém as suas cores frias e sedadas, fazendo com que os xenomorphs – e a destruição humana que deixam pelo caminho – se tornem especialmente horripilantes.
Apenas uma pequena queixa – grande parte da batalha realizada pelos drones soldados não é vista, apenas contada, o que é uma pena pois poderia ser uma boa introdução ao poder de combate destes sintéticos quando sabem contra o que estão a enfrentar.
Por outro lado, é sempre bom quando aparecem novas BDs do franchise sem levar com malditos Predadores à mistura.
Aliens: Defiance #1 é o primeiro de doze fascículos – a mais longa série de bandas-desenhadas do franchise – e se a qualidade de escrita e arte se mantiver até ao fim, pode ser uma das melhores, juntamente com a aclamada Aliens: Colonial Marines de 1993.
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