Crítica | Drive #1

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    Drive 001-000

    Drive #1, de Michael Benedetto, Antonio Fuso e Emilio Lecce é uma adaptação em banda-desenhada do livro de culto do mesmo nome de James Sallis, que era uma perfeita versão neo-noir dos temas de um arquétipo anti-herói e um assalto que corre mal.

    O escritor Benedetto é fiel ao estilo e enredo do livro, e reproduz perfeitamente a cena inicial que logo prende a atenção, e acaba por deixar muita da prosa de Sallis intacta ao longo da banda-desenhada. Contudo, infelizmente, comparado com o livro, esta adaptação contém muito menos do monólogo interno do Driver, mas a arte de Fuso e Lecce acaba por fazer muita da descrição.

    Por outro lado, a meio deste número, Benedetto encolhe – e bem dramaticamente – uma cena que tem muito mais diálogo e caracterização no livro, quando Irina – o interesse amoroso do Driver – é apresentada no corredor do prédio onde vivem, mas aqui eles quase não dizem mais do que «Olá». Ele pode ter decidido que queria mais ação e menos conversa neste número, mas esperemos que Bendetto regresse a esta cena ou arranje outra forma de dar caracterização a Irina.

    Mas com apenas 4 fascículos, não se sabe se Bendetto terá espaço narrativo nesta minissérie para contar tudo o que necessita.

    A arte desta banda-desenhada é muito estilizada, muito angular e com linhas grossas, e faz grande contraste com o ambiente da história.  As cores de Jason Lewis são maioritariamente neutras e néons esbatidos, que são perfeitos para representar o tom do livro e L.A., onde o enredo se passa – mas são muito contidas quando comparadas com a vívida cinematografia do filme de Nicolas Winding Refn de 2011 que adaptava a mesma história.

    Drive 001-008 - Cópia

    É quase impossível não comparar esta banda-desenhada ao filme que transcendeu o livro de Sallis e o tornou numa obra de arte, pois falta aqui a mestria, o estilo e a imaginação do filme – as cenas de perseguição automóvel não têm a mesma energia e falta ao Driver o carisma e poder da atuação de Ryan Gosling.

    E o final de Drive #1 é muito brusco, cortando a história sem a sequer embrulhar num cliffhanger.

    Mas este livro é definitivamente uma boa adaptação de um livro para banda-desenhada, apesar dos defeitos, e conseguiu agarrar o sabor da história original.

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