Secret Empire finalmente chegou ao fim. Entretanto não significa que a BD tenha entregado um resultado à altura do que prometeu ao longo dos 10 números. Sinceramente, eu gostava de saber o que é que se passou com a história, porque a solução arranjada para o desfecho pareceu-me demasiadamente fraca. Com o espírito meio desiludido, vamos à discussão!
Começamos pelo ponto em que o número #9 parou. Steve Rogers torna-se o Capitão de Ferro – a sério, não consegui arranjar nome melhor -, e tem 95% do poder que os fragmentos do cubo lhe pode proporcionar. Como já era esperado, falta apenas um mísero fragmento para que a situação fique completamente perdida.
Confesso que fiquei com medo, e que o desfecho do último número arrancou-me um “ai meu deus”. Fiquei ansiosa para o número #10, principalmente movida pela curiosidade do que aconteceria, já que faltavam apenas 40 páginas para que a série acabasse. Foi uma série fantástica e muito bem escrita, e eu estava a esperar nada menos do que o melhor possível. Porém, em 40 páginas Nick Spencer estragou todo aquele hype criado durante números. Foi muita desilusão para um número só. Vamos por partes.
Secret Empire foi construída na base numa história política não só bem elaborada, mas também bem sustentada. Eu estava acostumada com as reviravoltas plausíveis e os finais incríveis de cada número. Toda a situação do enredo, toda a luta pelos fragmentos, não foi fácil, não era para ser fácil. Até porque o mundo inteiro era a grande questão, e os danos seriam irreparáveis caso o pior acontecesse. Os últimos três números foram escritos sob uma ar de iminência. Havia urgência em cada acto e em cada decisão feita pelas personagens.
Então, a gravidade da situação aumentou com a armadura de Steve, e a aparente ausência de soluções. Acho que toda a gente que leu pensou “o que vamos fazer agora”. A minha ansiedade era justamente para ver um desfecho inteligente e adequado para o maior dos problemas da série. Quer dizer, este era o grande problema da série inteira, além de ser o que todos temiam que acontecesse.
Metade do desfecho foi inteligente. O plano de Bucky para enfraquecer a armadura de Steve Rogers foi uma óptima ideia. Porém, o que acontece depois disto simplesmente dá cabo da expectativa criada para ver algo grande acontecer. Como previsto, aquela parte espiritual – e confusa – ajuda a solucionar o problema, e acaba por trazer o velho Steve Rogers de volta para lutar com o Steve Rogers do Mal. Eu não previ esta luta maniqueísta entre os dois extremos, mas confesso que não foi um problema. Pelo contrário, foi uma boa surpresa.
A luta entre os dois Steve’s não funciona da forma que a série merecia. É algo tão tolo e rápido, que tira toda a importância e a urgência das sequências de situações que nos levaram a isto. O desfecho termina mais rápido do que toda a construção do império da Hydra.
Para resumir, o número final desvaloriza todo o sufoco da série com apenas um desfecho que parece tão fácil e tão estúpido, que talvez bastava um único número de Secret Empire, ao invés de 10. A falha está justamente no desequilíbrio entre a promessa/problema e a resolução dele. É algo tão simples para um escritor que conheça as teorias básicas de construção duma história, que chega a ser estranho Nick Spencer fazer algo como isto.
Por mais que a série não pudesse dar um desfecho total, por causa do que ainda está por vir em Captain America: Steve Rogers, Secret Empire merecia um final épico, algo que arrancasse a respiração do leitor, algo que fosse à altura de tudo que já foi escrito. Merecia até mesmo um Deus Ex-Machina – desde que fosse grandioso e aceitável dentro da situação.