“The One Who Will Save Us All”
Este episódio começa a correr, imediatamente onde o anterior acabou, com o Talbot a fazer levitar o Coulson para a nave dos Alienígenas Remorath. Gosto imenso como o Coulson menciona precisamente aquilo que nós estamos a pensar quando o Talbot diz mais uma vez que consegue consertar as coisas. Como a May diz em terra, o Talbot já não estava particularmente bom da cabeça antes de ser infundido com o Gravitonium, e esta confiança exagerada de ele ir para a nave alienígena tomar conta de tudo e dizer que as vozes dentro da cabeça dele só precisavam de um general não é reconfortante no que toca à estabilidade mental dele.
Mas raios se não é estupidamente satisfatório ver o Talbot a declarar que esta é a nave DELE! E raios se ele não tem os poderes para suportar os seus badass boasts! E ele consegue de facto fazer com que o Qovas, o líder de um grupo de alienígenas piratas espaciais, se ajoelhe à sua frente!
Depois de mostrarem quem é que manda, o Coulson encontra a Hale, que está presa. Esta conversa entre os dois está muito boa, e mais uma vez dá a volta à Hale, cujas decisões e atitudes têm vindo sistematicamente a ser mostradas como impiedosas e ambiciosas apenas para depois nos darem os aspectos humanos e frágeis que levam às más decisões. Este momento de arrependimento para a Hale torna a personagem dela ainda mais relacionável, mesmo que não a torne particularmente mais gostável. O Coulson consegue recrutar a ajuda dela, e ela revela o acordo que a HYDRA tinha com a Confederação de Alienígenas. Aparentemente tinham-lhes prometido recursos, Inumanos e Gravitonium em troca de protecção (apesar de ainda não termos percebido concretamente protecção contra quê. Os Kree, talvez?). O plano deles escala as coisas ainda mais, ao decidirem que o melhor mesmo é encontrarem-se directamente com a Confederação de Alienígenas e fazerem um novo acordo.
E por escalar as coisas entenda-se vestir o mentalmente instável Talbot de alienígena e enviá-lo sozinho com o Qovas negociar a paz! Este episódio cada vez me surpreende mais e ainda nem vamos a meio! Adoro a maneira como o Coulson, eterno fanboy, admite que o Talbot parece de facto muito fixe. Instabilidade mental ou não, o Talbot é um badass na reunião da Confederação. Como seria de esperar os alienígenas não têm nada senão desdém por ele, até que ele faz uma demonstração dos seus poderes, absorvendo um deles para dentro de si mesmo! Este é um truque que ainda não o tínhamos visto fazer, e pergunto-me se ele agora não terá acesso a todas as memórias e conhecimento do alienígena que absorveu. Também é interessante notar que foi o representante Kree que nomeou o alienígena verde como o líder não oficial do grupo, talvez já a prever a estratégia do Talbot de matar o mais forte de entre eles para tomar o lugar dele.
Entretanto no Lighthouse, eles capturam um alienígena que tinha lutado contra o Mack, e que morre por intoxicação do Odium (acho?) e a Jemma propõe dissecá-lo para perceber o que se está a passar. O Fitz, por sua vez está a tentar concertar os circuitos electrónicos, mas quem acaba por fazer isso é o Deke, que volta a ter mais uma interacção muito divertida com o Fitz, acerca dos anacronismos de gestos fixes que as pessoas fazem. Eventualmente a Daisy chega, e é confrontada por uma Yo-Yo muito chateada! Este confronto é giro porque já víamos a tensão entre as duas a crescer há algum tempo, e porque luta de mulheres com super-poderes… Temos bastante a sensação que aquilo é uma luta mais para libertar frustrações do que para se magoarem genuinamente uma à outra, mas ainda assim fiquei mais entusiasmado quando elas começam a usar os seus poderes. Infelizmente a May interrompe a luta antes de escalar mais, dizendo-lhes que detectaram uma nave espacial e estão só à espera do Zephyr para levantar voo.
Enquanto estão à espera disso, a Daisy tem um momento muito querido com o Deke. Acho que basicamente eu adoro qualquer cena em que o Deke entre. Ela está a ter dificuldade em lidar com todo o drama que lhe tem acontecido, e ele está ansioso por revelar-lhe os seus verdadeiros sentimentos por ela, mas pelo meio da conversa ela acaba por contar-lhe do Lincoln (que se bem te lembras era o namorado dela e sacrificou-se para acabar com o Hive no final da 3ª temporada). Esta conversa entre eles os dois que começou com umas piadas engraçadas à volta dos limões, evolui para um momento em que a Daisy se revela mais vulnerável do que a víamos há muito tempo, e apesar de nós já nos termos esquecido do Lincoln, ela revela que ainda tem sentimentos por ele, e muita culpa pela sua morte.
A Daisy tem crescido imenso como personagem ganhando mais controlo sobre os seus poderes e ascendendo a uma posição de liderança, e esta é uma maneira interessante de voltar a pô-la com os pés no chão e mostrar que ela é tão humana como qualquer outra pessoa. Também é particularmente triste ver o Deke a aceitar a situação e a mudar de ideias quanto a revelar que está apaixonado por ela. Pobre Deke… só quero que ele seja feliz.
Há uma conversa entre o Fitz e o Mack que também está particularmente bem escrita. Começa quando o vemos a construir a máquina de anti-gravidade dentro do Zephyr. Se bem te lembras esta é exactamente a máquina de anti-gravidade que eles encontram no Lighthouse do futuro, portanto o que estamos a ver aqui é mais uma prova que eles continuam exactamente na mesma linha temporal, e que ainda não mudaram nada. O Fitz tenta pedir desculpa por terem fechado o Mack na cela, mas ele não aceita. Ele questiona directamente o compasso moral do Fitz, afirmando que a ideologia da S.H.I.E.L.D. não é recorrer ao homicídio para resolver problemas. Quando o Fitz diz que às vezes não é assim tão simples, o Mack responde dizendo que uma vida simples é boa e que para atingir isso basta tomar a decisão certa todas as vezes, e para isso basta seguir a Bíblia, e não teorias ou profecias. O Fitz responde que essa visão é simplista, que há exemplos históricos do contrário, e que tem pena que isso não encaixe na “narrativa” que o Mack escolheu para si mesmo, ao que o Mack responde que o Fitz tem de olhar para si mesmo e perceber que esta nova versão dele mesmo precisa de ser melhor.
Há tanto, mas tanto para desempacotar neste diálogo! Por um lado é um confronto entre a visão pragmática, fria e científica do Fitz contra a visão religiosa, moral e de fé, do Mack. Há ataques subtis de um contra o outro, como o Mack a deixar implícito que a ciência é a culpada pelos problemas que têm, e o Fitz condescendentemente a chamar “narrativa” à fé do Mack. O último comentário do Mack é particularmente interessante porque, independentemente da resposta certa nesta discussão (e provavelmente não há uma única resposta certa) ele chama a atenção de como a visão do Fitz está a torná-lo numa pessoa pior, ou que esta versão do Dr. Fitz não é uma boa versão do Fitz. Isto é reminiscente do episódio de Rick and Morty, Pickle Rick, onde a psicoterapeuta acusa o Rick de estar a usar a ciência e a lógica para justificar comportamentos patológicos e prejudiciais; não é a ciência ou a lógica que estão erradas, mas usá-las como única justificação para tudo não torna uma pessoa necessariamente mais correcta.
Todo este diálogo parece informar a cena que vem imediatamente a seguir, quando a Daisy ordena a Jemma a usar a tecnologia Hydra e o código genético da sua mãe morta para salvar a vida ao Coulson, apesar de a Jemma dizer que há problemas éticos e morais com essa decisão.
Entretanto no espaço, temos revelações bombásticas! Depois do Talbot estabelecer a sua dominância sobre a Confederação, o representante Kree (que se chama Kasius!!!) revela que nunca houve nenhuma intenção de ajudar a Terra, e que a verdadeira ameaça ao planeta é a invasão do Thanos!!! TAN TAN TAN! É muito muito interessante, e por esta altura ainda mais surpreendente vê-los a fazer uma referência tão directa a Vingadores: Guerra do Infinito. Para ser honesto seria uma quebra flagrante com o resto do MCU se Agents of S.H.I.E.L.D. não sentisse repercussões da invasão do Thanos. Face a isso, o plano do Talbot é obter ainda mais Gravitonium da Terra e tornar-se invencível para lutar contra o Thanos (lol). O Coulson fica naturalmente céptico em relação a isto, sobretudo quando descobre que o alienígena que o sugeriu era da família Kasius, e aponta isto ao Talbot. A instabilidade mental do Talbot começa a transformar-se em paranóia e megalomania, e ele rejeita a ideia do Coulson e obriga-o a ajoelhar-se.
Por falar em espaço, toda a sequência do Zephyr a partir para o espaço como um foguetão é tão awesome! Gosto imenso como o Zephyr, ao longo da série, se tornou neste modo de transporte único e carismático, muito à semelhança da Millenium Falcon, por exemplo. A tensão começa a crescer com o Zephyr a acoplar-se à nave alienígena, e o Talbot a tornar-se cada vez mais num super-vilão, a acusar o Coulson de o trair, e a Hale aparentemente a virar-se contra ele também. A Daisy e a May avançam facilmente pelos corredores até o confrontarem mas o Talbot toma o Coulson como refém. Está tudo a acontecer ao mesmo tempo!!! A Hale usa as técnicas de lavagem cerebral para tentar controlar o Talbot, mas ele aparentemente é imune e mata-a. Os poderes da Daisy não têm efeito sobre ele, e ele deixa-a atordoada com imensa facilidade, e a May rende-se, ficando todos presos! Yup, o Talbot tornou-se oficialmente num super-vilão, e isto apanhou-me completamente de surpresa!
No fim, o Kree chamado Kasius parece ter capturado a Daisy, e não me parece que venha daí coisa boa!