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“Finish the Song”

OHMEUDEUSESTASÉRIEÉINCRÍVEL!!!

Não, a sério, é mesmo! Este episódio foi soberbo. Mais uma vez a narrativa e o story-telling estão fantásticos, e eu podia escrever artigos de 500 palavras sobre cada uma das cenas individuais! Vou tentar não fazer isso.

Mais do Cowboy! Eu adoro o Cowboy, e tu? E quando ele se chateia e mata toda a gente numa sala? HA! Hilariante! A cena inicial está muito bem filmada e representa o fim do arco narrativo que nos tem vindo a ser apresentado desde o início da temporada. O Cowboy regressa a Ratwater, a cidade responsável por que ele se atrasasse e não conseguisse salvar a sua mulher e filha, cheio de vingança e fúria e, depois de um breve confronto com o padre da cidade que o acusa de ser o Carniceiro de Gettysburg e de ter morto 77 homens com as próprias mãos, procede a sistematicamente matar todas as pessoas, homens, mulheres e crianças, dentro do Salloon. A composição da cena, com o foco no homem que está a cantar, cria uma dissonância enorme entre a beleza da canção e a violência que está a acontecer off-screen.

Mais do Cowboy! Eu adoro o Cowboy, e tu? E quando ele se chateia e mata toda a gente numa sala? HA! Hilariante!

Esta cena é também extremamente reminiscente de uma cena no primeiro livro da série A Torre Negra de Stephen King, no qual o Gunslinger, a personagem principal, também mata indiscriminadamente todas as pessoas de um vilarejo perdido no meio do nada.

Os Anjos DeBlanc e Fiore finalmente decidem que têm mesmo de ir ao Inferno depois de perceberem que o Jesse lhes roubou o Telefone Divino. Adorei a cena deles na agência de viagens. A luz está fantástica na cena, e há aquele pormenor de que quando a Lucinda fecha o estore para falarem sobre a viagem ao Inferno, fica iluminada exclusivamente por luz vermelha.

Ah, e lembras-te há umas semanas quando eu falei de que Preacher estava muito relacionado tematicamente e visualmente com Breaking Bad? Pois parece que os escritores da série pensam da mesma maneira.

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Adorei o momento de ternura quase dolorosa quando estão a entrar para o autocarro que os vai levar ao Inferno, e o Fiore pergunta “What about my comics?”. Esse momento associado ao facto de os anjos terem medo de serem separados, faz-me pensar se não haverá ali uma relação que até agora tem estado muito bem escondida.

Entretanto a Tulip decide que está farta do Jesse, e deixa a Emily sozinha a cuidar do Cassidy. Toda a sequência é fantástica. Desde a Emily claramente borrada de medo de se aproximar do quarto onde o Cassidy está a fazer ruídos desumanos, agarrada ao coelhinho, a cena em que ela está a ver Psico, ela a manipular o Miles para vir ser comido pelo Cassidy. Tudo muito implícito, e a demonstrar profundidades assustadoras e motivações perturbadas para a personagem da Emily. Vamos ser honestos, já estávamos todos irritados o suficiente com o Miles para ficarmos contentes que isto tenha acontecido.

Esta cena leva quase directamente à reconciliação entre o Jesse e o Cassidy. Mais uma vez a interpretação e a escrita conspiram para me convencer da genuinidade da amizade entre estas duas personagens. Mais uma vez, uma excelente citação “So what do we do now? Do we fancy a shag, or do we hold hands?

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Mas aquela que é definitivamente a vencedora do prémio de “cena mais perturbadora e intensa da série” é aquela em que o Xerife Root, ainda a lidar com o desaparecimento do seu filho Eugene, se depara com o corpo mutilado da Serafim que os Anjos deixaram para trás no seu apartamento. Aqui é definitivamente a interpretação fantástica de W. Earl Brown, até mais do que o gore presente na cena, que vende a intensidade do momento. Ver as expressões de choque e medo iniciais, a transformarem-se lentamente em aceitação, determinação, dor e sofrimento, à medida que o Xerife aceita os pedidos da Serafim para a matar, são tão perturbadores quanto dolorosos de ver. O facto de a Serafim ressuscitar e ir-se embora deixando o Xerife convencido de que matou uma inocente, é a cereja macabra em cima do bolo tétrico.

Depois, contra todas as expectativas, o Jesse finalmente a expor os seus sentimentos à Tulip de uma forma honesta e emocionada. A Tulip ouve a chamada pacificamente, depois levanta-se para, assumimos, ir cumprir a sua promessa de partir todos os ossos do corpo de Carlos. O contraste e ambiguidade desta cena mais uma vez contribuem imenso para o tom de desconforto presente em toda a série.

Depois há aquele momento em que vemos de novo toda a sequência de cenas da história do Cowboy. Todas as cenas que tinham sido mostradas separadamente no início dos episódios da série, são mostradas outra vez. Eu pensei “Ok, estão a fazer um recap para nos relembrar. Faz algum sentido, as cenas estavam de facto muito fragmentadas, e eu já não me lembrava de alguns pormenores”. Mas depois a sequência recomeça, e eu penso “Outra vez? Mas não vimos isto agora mesmo? Será que alguém se enganou? Não que eu me queixe, isto está muito bem montado, mas não estou a perceber para onde isto vai”. E depois a sequência repete outra vez “Mas, então…?” E depois repete outra vez “Aaaaaaaah…..”

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Quero chamar a atenção para o facto de que a ideia de que o Inferno é reviver continuamente e eternamente os piores momentos da vida não é uma ideia nova. Aliás, toda a backstory do Cowboy, incluindo o facto de ele estar no inferno a revivê-la continuamente, podia ter sido estabelecida e despachada em três frases. Mas que os escritores tenham decidido contá-la e estabelecê-la desta forma e com esta execução, que tenham decidido roubar quase 10 minutos a um episódio de 50 minutos para repetir várias vezes a sequência de imagens porque quiseram realmente mostrar e fazer sentir à audiência o inferno pessoal desta personagem, é para mim o que destaca esta série de outras que por aí andam. É uma escrita brilhante, corajosa e muito original.

E depois, finalmente, a revelação. O DeBlanc e o Fiore querem que o Cowboy vá matar alguém! Acho que sabemos exactamente quem. Este é um daqueles momentos em que eu preferia não ter lido a BD. Eu sabia que isto provavelmente ia acontecer, e sinto-me roubado da surpresa.

Naturalmente que a história está a chegar ao fim, todas as pontas de enredo estão a começar a afunilar para o grande conflito final. Ao mesmo tempo não deixo de sentir que a história ainda mal começou.

Como achas que isto tudo vai acabar?

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