Com apenas 8% de críticas positivas no site Rotten Tomatoes, é inquestionável que o reboot de o Quarteto Fantástico é o pior filme de super-heróis moderno.
Mas qual é a razão do falhanço do filme? Foi o realizador Josh Trank ou o estúdio 20th Century Fox?
Recentemente tornou-se prática comum em Hollywood dar a realizadores indie as rédeas de projectos multimilionários – Marc Webb com O Fantástico Homem-Aranha, Garreth Edwards com o Godzilla, Jon Watts com o próximo filme do Homem-Aranha –, por isso ninguém realmente estranhou quando um jovem que apenas fizera um filme de super-heróis com a sua câmara de filmar portátil (mas um excelente filme) ficou com a missão de dar nova vida a uma saga de 122 milhões de dólares.
É óbvio que alguém na Fox pensou que a ideia de Trank de “Quarteto Fantástico, mas maléfico” era uma boa ideia, porque ele não tinha 122 milhões no banco para fazer o filme sozinho. Mas ao mesmo tempo, outro alguém viu o rumo quase de terror que o filme estava a tomar e tentou resgatar o tom que Trank queria desenvolver.
Assim, o resultado final tresanda a diferenças criativas – várias cenas foram filmadas novamente para criarem um clímax com mais ação, sendo esta terceira parte a que os críticos mais apontam a não condizer com o restante tom do filme.
Se querem realmente saber que cenas foram filmadas sem a participação de Josh Trank, basta tomarem atenção à horrível peruca que Kate Mara usa ocasionalmente.
Mas a pergunta mantém-se: o que realmente aconteceu?
Desde o início que Josh Trank teve problemas com o estúdio, com várias reportagens a mencionarem que o jovem realizador demonstrava um comportamento abusivo, contra as equipas, produtores e até as próprias estrelas do filme. E tudo culminou com acusações de que Trank deliberadamente destruiu o apartamento em que ficava, devido a uma disputa com o senhorio, e que a Fox considerava que os danos no valor de 100 mil dólares eram totalmente da responsabilidade do realizador.
Este seu comportamento bizarro e agressivo é por muitos considerada a razão por que Trank foi despedido do segundo filme a solo de Star Wars, pois assustou os executivos da Disney.
Mas problemas nos bastidores não fazem um mau filme – Spielberg quase foi despedido durante as filmagens de Tubarão e Francis Ford Capolla quase teve o mesmo destino com O Padrinho.
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É inegável que Josh Trank teve problemas mas o que os provocou?
Fontes dizem que quem teve culpa foi o estúdio, ao lhe terem tirado orçamento, terem atrasado decisões de casting e terem começado a forçar mudanças no guião depois das filmagens já terem começado. Por outro lado, a extensa lista de produtores indica que a Fox continuamente mudava de gestores porque estava a tentar salvar algo que desde o início parecia condenado ao falhanço.
Desde muito cedo que Michael B. Jordan estava garantido para Johnny Storm, mas a Fox queria que a personagem de Reed Richards fosse interpretada por um ator que não Miles Teller, e embora Trank tenha ganho essa batalha, mais tarde desenvolveu-se um desdém mútuo entre os dois. A Fox conseguiu que Kate Mara fosse Sue Storm, e por essa razão fontes dizem que o realizador a tratava mal durante as filmagens, embora uns digam que ele era apenas frio e outros digam que era realmente cruel para ela.
Fontes diferentes dizem ainda que Trank era indeciso e não tinha uma visão clara do filme que estava a fazer, enquanto outras dizem que ele não tinha interesse algum nas personagens – que fã não ficou com medo quando no ano passado Kate Mara disse numa entrevista que nunca lera um banda desenhada de Quarteto Fantástico e que Trank lhe dissera que não era necessário porque a história não seria baseada em nada publicado antes? –, mas a verdade é que o guião não foi finalizado até bem tarde na pré-produção e continuou a mudar até às infames re-filmagens, o que atrasou e muito as equipas que queriam fazer fatos, cenários e adereços.
Mas a maior parte destes problemas foram mantidos em segredo até bem depois do filme ter estreado nas salas de cinema. Pelo menos até Josh Trank ter feito um tweet – que mais tarde apagou – que garantia a sua insatisfação com o filme e que o produto final não era o seu.
Há um ano eu tinha uma versão fantástica disto. E teria recebido grandes criticas. Vocês provavelmente nunca a verão. Mas é essa a realidade.
Talvez o realizador não tivesse aguentado mais a críticas horríveis que continuavam a chover e quisesse distanciar-se do final do filme. Mas por outro lado, talvez a visão de Trank é aquela que surgiu nos cinemas, e todos os problemas surgiram porque o estúdio estava a tentar fazer a melhor versão com o filme que ele lhes apresentou.
Talvez o silêncio se devesse ao facto da Fox ter roubado o filme ao realizador e ter feito mudanças sem o seu consentimento, ou talvez fosse devido ao estúdio querer proteger o realizador de um embaraço público devido ao seu falhanço em produzir um filme decente.
Por isso: quem tem realmente culpa do falhanço? Era a versão de Trank melhor? Certamente seria bom poder ver a montagem original do realizador mas uma coisa é certa: isso nunca irá acontecer.
A verdade é que Josh Trank realizou Crónica, teve controlo total sobre esse filme, e o resultado foi espectacular. Poderá ele voltar a fazer um filme tão bom? A única forma de saber é se alguém lhe entregar outra história para contar, mas depois dos problemas com Quarteto Fantástico e o despedimento do filme a solo de Star Wars, infelizmente não devem haver muitos estúdios ou produtores a querem apostar nele.
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