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Jason Bourne é um nome associado a um dos maiores consensos quando falamos numa das boas franquias do cinema de ação do cinema moderno. Com início em 2002 e fim da trilogia em 2007 (às costas de Matt Damon), os fãs do cinema de ação tiveram a oportunidade de ver revitalizado um estilo que ameaçava entrar nalguma falta de criatividade cinematográfica por isso, quando no ano do último filme, Damon veio rejeitar nova incursão na pele de Bourne, muitos foram aqueles que ficaram tristes, mas satisfeitos por terem tido 3 filmes sólidos e com bons níveis de adrenalina. Porém, os fãs compreenderam. Todo o artista gosta de procurar novos desafios.

Os estúdios, porém, queriam mais. Aparece, então, O Legado de Bourne, encabeçado competentemente por Jeremy Renner. No entanto, os fãs da saga, não tendo reagindo particularmente mal ao filme, sabiam que a saga tinha, mais do que um nome, uma cara: Matt Damon.

E eis que entramos nos últimos anos da indústria cinematográfica norte-americana, em que reboots e remakes parecem ser o prato do dia, pela razão óbvia de se aproveitar das boas memórias do coletivo. Os dados vão rolando, as opções variando e decisões alteram-se: Matt Damon volta a assumir um dos grandes papéis da sua carreira – refutando a sua própria palavra de nunca mais representar Jason Bourne.

O-Legado-de-Bourne

Ora, esse é o exato nome do novo filme que, sendo o quinto da série, não vem carregado de novidades e recursos estilísticos surpreendentes: oferece, na prática, aquilo que os fãs parecem ter pedido: um Bourne perseguido, a fugir de tudo e todos por esse mundo fora, com uma superior habilidade de despachar todos os que lhe aparecem pela frente e resistir às mais improváveis dificuldades.

Então, é mais do mesmo? Bom, sim e não. Parece óbvio que este filme procura usar a receita que fez da franquia um sucesso. Nesse sentido, é mais do mesmo – mas isso não deverá incomodar muito, pois O Legado de Bourne tentou ir por aí e sem o mesmo sucesso. Porém, percebe-se que houve uma procura em mergulhar a narrativa numa realidade que nos é extremamente próxima, tornando o filme muito atual a nível político.

É até surpreendente como nos sabe bem ver cinema de entretenimento puro, em que as estratégias de filmagem de ação mais tradicionais e menos chromas da moda são uma mais valia evidente.

A associação a temas como Edward Snowden e Julian Assange é por demais evidente e a importância dos barões dos média digital (com Mark Zuckerberg à cabeça) no mundo da informação pessoal e coletiva é claramente explorada, deixando uma crítica implícita à forma como o governo dos EUA aborda essas questões e as afunila mediante os seus interesses.

Jason Bourne não é um filme anti-americano, bem pelo contrário. É a continuação da representação de um americano herói e cheio de valores que, no entanto, parece ser apresentando como a gota no oceano, pelo realizador Paul Greengrass. Ou seja, fica implícita a crítica aos serviços secretos norte-americanos e a parte da sua elite de poder, mas crê-se num salvador dos supostos valores patrióticos mais genuínos das terras do tio Sam.

Toda esta giga-joga de elementos está conseguida de forma extremamente positiva – especialmente para um filme que trazia as obrigações evidentes de agradar na sua estrutura de ação e de conexão com o passado do principal personagem. Os atos estão em crescendo e suportados por um eixo dramático consistente, findando com um clímax pontualmente surpreendente mas sempre cumpridor.

Jason-Bourne-1

A chave estaria, por isso, na forma como as intenções se relacionariam com a ação e adrenalina em doses habituais e bem regadas nos filmes anteriores e, nesse capítulo, Jason Bourne cumpre integralmente aquilo que se espera dele. É até surpreendente como nos sabe bem ver cinema de entretenimento puro, em que as estratégias de filmagem de ação mais tradicionais e menos chromas da moda são uma mais valia evidente.

O desempenho geral das representações é igualmente bom. É claro que não temos aqui nenhum candidato a Oscar, mas todos os intervenientes cumprem de forma muito positiva o seu papel que, na grande generalidade, estão bem estruturados, complexos e com elementos suficientes para nos relacionarmos com todos – atribuindo-lhe a devida importância no momento certo.

Desde os veteranos Tommy Lee Jones e Vincent Cassel aos mais novos Alicia Vikander e Riz Ahmed, passando naturalmente por Matt Damon e a partner Julia Stiles, todos conferem um toque de credibilidade e veículo de mensagem física que, em alguns casos, é surpreendente.

Em suma, Jason Bourne é um filme de ação pura com conteúdo e sumo em quantidade suficiente que nos satisfaz, continuando na senda do sucesso dos seus três primeiros filmes. Talvez, por tudo isto, Matt Damon venha a pensar melhor antes de recusar uma potencial sequela.

Bem-Bom

O que significa isto?

Vais fazer como o Matt e reentrar no espírito Bourne?

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André Morgado
Sou uma daquelas pessoas com extrema sensibilidade para os dramas românticos épicos do cinema e de literatura (BD incluída) como: Rambo, Guerra das Estrelas, 8½, A Noite dos Mortos Vivos, A Mensagem, Walden, Watchmen e outros que tais. Evito tudo o que é frito e videojogos que vieram depois de 1999 - ficaram muito confusos.